domingo, 28 de abril de 2024

A insensatez

 

Diante de crônica da minha lavra, que versa sobre a análise de mensagem que faz apelo ao estímulo ao bolsonarismo, onde eu disse sobre o equívoco dessa ideia sem causa alguma, em face de o político alvo ter contribuído por diversos malefícios ao interesse do Brasil e dos brasileiros, em especial pelo fato de ele ter deixado de implantar a garantia da lei e da ordem, quando a situação político-institucional do país se mostrava extremamente periclitante, em especial, por força da imposição do sigilo aos procedimentos inerentes às últimas eleições brasileiras, uma pessoa se insurgiu contra o meu texto, tendo escrito a mensagem a seguir.  

Adalmir, com todo respeito, não tenho o dom de escrever como você, infelizmente meus atributos são limitados, mas tenho uma boa sugestão para você amigão, aproveitando que fizemos parte da mesma caserna, na minha humilde opinião acho que Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, China... e outros, gostaria muito de adotar pessoas com pensamentos assim!”.

Em resposta, eu disse que realmente quanto à cegueira das pessoas, que só conseguem enxergar aquilo que lhes interessam, tanto naqueles países citados acima como aqui no Brasil, quando os seguidores fanáticos, tanto da direita como da esquerda, não conseguem enxergar falhas nas suas lideranças políticas, como se elas tivessem o dom maravilhoso de tudo fazerem para o bem da sociedade, quando os fatos mostram que elas são verdadeiros aproveitadores da imaturidade política.

Na verdade, o que essa pessoa se refere como “pensamento sim”, sem especificar o que realmente ela quis dizer, imagino que seja exatamente o que eu escrevi e o que consta do texto exprime pura realidade, porque ele reflete precisamente o que aconteceu na história política brasileira, em que pese seguidores fanatizadas simplesmente ignorarem.

A ideia de minimização dos fatos é própria do instinto e da cegueira obsequiosa da ideologia, como forma de aceitação pacífica dos malfeitos protagonizados por seus ídolos, não se permitindo que sejam vistos os fatos exatamente como eles realmente aconteceram.

Isso é o que os idólatras do bolsonarismo deixam transparecer, na tentativa de pregar a “imaculabilidade” da pessoa do seu líder, que, lamentavelmente negou o Brasil, ao deixar de implantar, nas piores circunstâncias políticas brasileiras, a intervenção militar, tão necessária de moralização do país, talvez por medo de ser preso por subordinado, que poderia ter sido exonerado e preso, tudo com absoluto respaldo na Constituição.

Esse fato evidencia acentuada índole de covardia de um homem público, cujo absurdo procedimento é convalidado por todos aqueles que o idolatram, pessoas essas que não se envergonham de terem entregado o Brasil à banda podre da política brasileira, que implantou o atual sistema de perseguições e arbitrariedades, que vem castigando até mesmo o “todo-poderoso”, ídolo dos ingênuos bolsonaristas.

Essa situação calamitosa poderia ter sido evitada se ele tivesse o mínimo de sensibilidade política, para saber que o destino do Brasil não seria diferente da lástima que se encontra, na atualidade, por obra e graça da incompetência e da irresponsabilidade políticas, que ainda contam com o entusiasmado apoio de pessoas insensatas e cegas pela ideologia.

A verdade cada vez mais se consolida, no sentido de que o povo tem os seus representantes políticos que merece, de vez que ambos têm a mesma mentalidade política, em que importa apenas seus projetos políticos, em detrimento dos interesses nacionais.

Em síntese, com a mentalidade política dos brasileiros, tanto da direita quanto da esquerda, que não se interessam em se evoluir, conforme mostram as suas manifestações, em termos políticos, por serem apenas capazes de apoiar pessoas incompetentes, insensatas e irresponsáveis, o Brasil continuará atolado nesse lamaçal pútrido, patinando nesse mar de insensatez, repitam-se, graças ao seu povo, infelizmente.

Brasília, em 28 de abril de 2024

Doutor Pinheiro em Uiraúna

Hoje, padrinho Pinheiro passeou pelas ruas de Uiraúna, aproveitando a visita que ele faz à cidade.

É com o coração cheio de alegria que o vejo andando leve e solto na rua de Uiraúna, com disposição cordial e transbordando felicidade, ao rever e abraçar o querido amigo Tico Benevenuto, pessoa contemporânea dele, que é muito querida e especial para todos nós.

Posso imaginar o quanto tenha sido maravilhoso voltar à terra natal, depois de longos 56 anos, sob o acúmulo, no peito, de enormes saudades das reminiscências que são próprias dos bons tempos, especialmente de infância.

É evidente que esse momento, para ele, tem a importância da volta aos remotos tempos de menino e rapazote, quando essa mesma rua era só composta de areias e pedrinhas, que servia de palco, não iluminado, para as brincadeiras e os divertimentos dele com os seus colegas.

Sem dúvida, esse passeio tem o condão de despertar em padrinho Pinheiro o sentimento do feliz reencontro com a cidade que ele tanto ama, posto que a sua vida é só bons exemplos de permanente demonstração de atos que muito honram o seu berço sagrado, com a elevação do seu nome em tudo em ele participou, quando deixou a sua marca de competência, eficiência e responsabilidade, como prova do amor imensurável ao seu próximo.

Enfim, me congratulo com o padrinho Pinheiro, no seu melhor momento que ele realiza o sonho de visitar a querida Uiraúna, para rever familiares e amigos e “matar” saudade dos tempos vividos na infância.

Brasília, em 28 de abril de 2024


sábado, 27 de abril de 2024

Brasileiros seletos?

 

Conforme mensagem que circula nas redes sociais, há o veemente apelo em defesa do bolsonarismo, nos seguintes termos, ipsis litteris: “O bolsonarismo nada mais é que um grupo seleto de brasileiros cansados da safadeza de políticos sujos. Ser bolsonarista é apoiar as próximas gerações. Sinto orgulho de fazer parte deste grupo seleto. Se este também é o seu caso, repasse esta mensagem, para que mais pessoas possam estar nesta caminhada. Sou Bolsonaro. Caio Coppolla.”.   

O bolsonarismo pode ser sim um grupo seleto de pessoas que têm a mesma mentalidade de político demagogo e insensato, que conseguiu a simpatia de seus seguidores graças à ignorância política deles, que não conseguem perceber as deformações, as imperfeições, as incompetências e as incongruências ínsitas dele, que são facilmente perceptíveis, não fosse a cegueira inata causada pela ideologia, que impede de se vislumbrar que esse político é igualzinho às demais pessoas públicas, que tem o mesmo timbre de aproveitador, desonestidade e mentiroso.

Alguém se lembra muito bem da pessoa que defendia o lema criado por ele, por onde fosse, segundo o qual o Brasil estava acima de tudo e Deus estava acima de todos.

Sem dificuldade para se perceber ligeira interpretação disso, que colocava o Brasil somente abaixo de Deus, sob a lógica de merecer especial prioridade, evidentemente por parte dele e do governo dele?

Pois bem, no governo dele, a crise institucional se agravou ao limite extremo, aconselhando a imediata e urgente decretação da garantia da lei da ordem, com base no artigo 142 da Constituição, combinado com o artigo 78 também da Carta Política, que diz que o presidente da República se compromete, no ato de posse, a manter, defender e cumprir a Constituição e observar as leis do país.

Dito isto, que não é novidade de ninguém, ele simplesmente ignorou os apelos dos brasileiros honrados e, de forma acentuadamente covarde, não apresentou justificativa para a sua inadmissível e gravíssima omissão, tendo feito voto de obsequioso silêncio, completamente contrário ao seu estilo de falador, permitindo que o “amado” Brasil dele se aprofundasse cada vez mais na desgraça, para não dizer coisa pior.

Diante disso, ele teria os recursos constitucionais para adotar medidas salvadoras do Brasil, bastando tão somente a decretação da garantia da lei e da ordem, de competência dele, nas circunstâncias.

Isso mostra que ele não é homem que assume o que diz, quando afirmava que o Brasil estava acima de tudo, mas no momento que o país mais precisou e que o presidente poderia atender ao apelo de vida ou morte, ele simplesmente se acovardou e ajudou a sepultar as esperanças de transformação do Brasil em nação democrática e livre da tirania.

Quem jamais vai esquecer as grosseiras e absurdas trapalhadas protagonizadas por ele no curso da pior crise da saúde pública brasileira, em que ele se após a tudo sobre as orientações inerentes ao combate à pandemia do coronavírus, tendo chegado ao péssimo exemplo de sequer ser vacinado, que serviria de exemplo para a população ser imunizada.

O desinteresse dele pela saúde dos brasileiros foi tanto que um militar especialista em suprimento do Exército, sem conhecimento de medicina, foi incumbido de cuidar do combate ao mal do século, cujo resultado não poderia ter sido pior, com o alarmante saldo de mais de setecentos mil mortes, que poderiam ter sido minimizadas se ele tivesse sensível à causa, por meio da adoção de medidas revolucionárias, quando o governo somente fez o estritamente necessário.

Além disso, ele zombava de quem ficava em casa, se prevenindo contra o vírus, chegando a chamar essas pessoas de maricas.

Ele não usava máscara e chegou a comparar o coronavírus com uma “gripezinha”, em forma de desprezo à prevenção contra o desastre da contaminação das pessoas, posto que o vírus matou mais de 700 mil pessoas, o que era realmente perigoso se expor em multidão.

Como ter orgulho de político que pregava a moralidade, sabidamente para se eleger, mas, depois de eleito, se tornou amigo do deplorável Centrão, especialista no fisiologismo na administração pública, cuja abominável costume político foi cognominada pelo então candidato “paladino” da moralidade como a “velha política”?

Não obstante, depois de ter sido ameaçado de impeachment e sem apoio no Congresso Nacional, o já presidente resolveu colocar o infame Centrão no colo do governo, entregando para ele, de forma inescrupulosa, cargos públicos e emendas parlamentares, que são procedimentos notoriamente própria de corrupção, visto que o ato em si visava à exclusiva satisfação do interesse pessoal do presidente, para blindar o seu cargo, no Congresso Nacional.

Ou seja, como o ingresso do imundo Centrão, no Palácio do Planalto, não teve nada para justificar a satisfação do interesse público, isso caracteriza aproveitamento da máquina pública para fins privados do mandatário, que é considerado procedimento incompatível com as finalidades políticas de interesse público e contrários aos princípios da moralidade, da legalidade e da honestidade.

Há de se notar que o insignificante Centrão conseguiu criar o recriminável e imoral “orçamento secreto”, no governo dele, que nem reclamou, de vez que a finalidade dessa excrescência é comprar a “consciência” de parlamentares para votarem nos projetos do governo.

Frise-se que, ainda no seu governo, foram lacradas, em definitivo, as portas da importante Operação Lava-Lato, que andava a passos largos à busca de parlamentares que praticavam irregularidades com recursos públicos, por meio dos vergonhosos “puxadinhos”, sob suspeita do envolvimento de filhos dele.

Isso mostra distanciamento dos princípios da honestidade e da moralidade, antes defendidos com rigor por ele.

Estranha-se que os bolsonaristas, considerados brasileiros seletos, tenham se cansados da safadeza de políticos sujos, mas não têm nenhuma dignidade para reconhecerem os gravíssimos deslizes e desajustes do seu líder-mor, como se ele fosse eternamente infalível, embora fatos mostre  bem ao contrário disso.

Como é deplorável o brasileiro ter a indignidade de dizer que “sou Bolsonaro”, porque isso é confissão de ingenuidade e não se envergonhar por ser também indigno, em termos políticos, por comungar com os mesmos propósitos políticos dele, que, queira ou não, também praticou seus desvios de conduta, extremamente prejudiciais ao interesse da população, em especial no que se refere à pacífica entrega do poder à ala decomposta da política brasileira, quando ele, se tivesse o mínimo de sensatez, teria decretado a garantia da lei e da ordem, como forma altruísta de salvação da democracia brasileira.

 É com extrema decepção que se percebe campanha, apoiada por brasileiros, enaltecendo a figura de político demagogo, inconsistente, insensato e omisso, devidamente comprovado por meio do seu abandono do Brasil e dos brasileiros, em momento que a atuação dele se tornou imprescindível, mas ele preferiu se distanciar dos fatos, jogando o Brasil à própria sorte, à vista da desgraça que impera nas instituições brasileiras, terrivelmente prejudiciais aos interesses dos brasileiros, que teria sido evitada por meio de medida que somente dependia dele.

 

Brasília, em 27 de abril de 2024

sexta-feira, 26 de abril de 2024

O discurso histórico de JK

 

Ao inaugurar a nova capital do Brasil, o mais importante presidente da República brasileiro, Juscelino Kubitschek de Oliveira, proferiu lapidar discurso, que, diante da sua relevância histórica e patriótica, merece ser transcrito para o conhecimento das novas gerações de brasileiros, que somente ouviram falar sobre esse magnífico e eternizado homem público, que se tornou grandioso também por ter construído Brasília, que é considerada marco de modernidade e evolução da arquitetura mundial, sendo elevada, em tão pouco tempo, ao patamar valioso de patrimônio cultural da humanidade.

Esse título significa o legado que simboliza que Brasília passa a pertencer, em termos culturais, a todos os povos, ante a sua importância mundial como verdadeiro ícone de propriedade histórica, como forma de identidade da memória da vida de determinada civilização.

A construção de Brasília, a capital de todos os brasileiros, teve a duração, pasmem, de apenas 3 anos de intensas atividades de arquitetura e engenharia especializadas, em monumental esforço de verdadeiro estadista, que teve a felicidade de priorizar investimentos públicos no progresso do país, conforme mostra a materialização do que é agora a capital federal para o Brasil.

Transcrevo abaixo trechos do discurso histórico do presidente Juscelino Kubitschek, que fora pronunciado à nação há exatos 64 anos, na festiva noite inaugural do dia 21 de abril de 1960, por ocasião da inauguração oficial de Brasília, que também passou a ser denominada capital federal.

Não me é possível traduzir em palavras o que sinto e o que penso nesta hora, a mais importante de minha vida de homem público. A magnitude desta solenidade há de contrastar por certo com o tom simples de que se reveste a minha oração. Dirigindo-me a todos os meus concidadãos, de todas as condições sociais, de todos os graus de cultura, que, dos mais longínquos rincões da Pátria, voltais os olhos para a mais nova das cidades que o Governo vos entrega, quero deixar que apenas fale o coração do Vosso Presidente”.

(JK quis consignar o seu perfil humano e sensível, ao externar a sua forte emoção, diante da conclusão da mais suntuosa obra pública em toda a história brasileira).

Não vos preciso recordar, nem quero fazê-lo agora, o mundo de obstáculos que se afiguravam insuportáveis para que o meu Governo concretizasse a vontade do povo, expressa através de sucessivas constituições, de transferir a Capital para este planalto interior, centro geográfico do País, deserto ainda há poucas dezenas de meses. Não nos voltemos para o passado, que se ofusca ante esta profusa radiação de luz que outra aurora derrama sobre a nossa Pátria”.

(JK resume os inumeráveis obstáculos políticos e de toda natureza enfrentados para a construção de Brasília, os quais se faziam intransponíveis e quase lhe custaram o mandato, mas eles se tornavam ínfimos à vista de tão monumental obra).

Quando aqui chegamos, havia na grande extensão deserta apenas o silêncio e o mistério da natureza inviolada. No sertão bruto iam-se multiplicando os momentos felizes em que percebíamos tomar formas e erguer-se pôr fim a jovem Cidade. Vós todos, aqui presentes, a estais vendo, agora, estais pisando as suas ruas, contemplando os seus belos edifícios, respirando o seu ar, sentindo o sangue da vida em suas artérias.”.

(Inúmeras vezes, JK deixava o Rio de Janeiro, que era a capital federal, voando à noite para Brasília, representada por imenso cerrado, até então intocado pelo homem, para acompanhar de perto construções solitárias em pleno descampado).

Somente me abalancei a construí-la quando de mim se apoderou a convicção de sua exequibilidade por um povo amadurecido para ocupar e valorizar plenamente no território que a Providência Divina lhe reservara. Nosso parque industrial e nossos quadros técnicos apresentavam condições e para traduzir no betume, no cimento e no aço as concepções arrojadas da arquitetura e do planejamento urbanístico modernos.”.

(JK mostra a convicção para construir a capital, tendo se certificado da existência de condições estratégicas e de infraestrutura nacional para seguir em frente).

“Surgira uma geração excepcional, capaz de conceber e executar aquela ‘arquitetura em escala maior, a que cria cidades e, não, edifícios’, como observou um visitante ilustre. Por maior que fosse, no entanto, a tentação de oferecer oportunidade única a esse grupo magnífico, em que se destacam Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, não teria ela bastado para decidir-me a levar adiante, com determinação inflexível, obra de tamanha envergadura”.

(JK reconhece que foi fundamental contar com a colaboração de homens excepcionais, dotados também de inteligência e força de vontade).

Pesou, sobretudo, em meu ânimo, a certeza de que era chegado o momento de estabelecer o equilíbrio do País, promover o seu progresso harmônico, prevenir o perigo de uma excessiva desigualdade no desenvolvimento das diversas regiões brasileiras, forçando o ritmo de nossa interiorização. No programa de metas do meu Governo, a construção da nova Capital representou o estabelecimento de um núcleo, em torno do qual se vão processar inúmeras realizações outras, que ninguém negará fecundas em consequências benéficas para a unidade e a prosperidade do País.”.

(É notória a caracterização do dinâmico homem público e estadista de escol, com visão estratégica de futuro, que tinha a faculdade de pensar no amanhã do país).

Viramos no dia de hoje uma página da História do Brasil. Prestigiado, desde o primeiro instante, pelas duas Câmaras do Congresso Nacional e amparado pela opinião pública, através de incontável número de manifestações de apoio, sinceras e autenticamente patrióticas, dos brasileiros de todas as camadas sociais que me acolhiam nos pontos mais diversos do território nacional, damos por cumprido o nosso dever mais ousado; o mais dramático dever. Só nos que não conheciam diretamente os problemas do nosso Hinterland percebemos, a princípio, dúvida, indecisão.”.

(JK reconhece que Brasília marcaria nova e definitiva etapa na história do Brasil).

Mas no País inteiro sentimos raiar a grande esperança, a companheira constante em toda esta viagem que hoje concluímos; ela amparou-nos a todos, a mim e a essa esplêndida legião que vai desde Israel Pinheiro, cujo nome estará perenemente ligado a este cometimento, até ao mais obscuro, ao mais ignorado desses trabalhadores infatigáveis que tornaram possível o milagre de Brasília.”.

(JK reconhece a força do mutirão humano, que é capaz de gerar esperança, sem a qual nada teria sido possível).

Em todos os instantes nas decepções e nos entusiasmos, levantando o nosso ânimo e multiplicando as nossas forças, mais de que qualquer outro amparo ou guia, foi a Esperança valimento nosso. Um homem, cujos olhos morreram e ressuscitaram muitas vezes na contemplação da grandeza – aludo, novamente, a André Malraux – viu em Brasília a Capital da Esperança. Seu dom de perceber o sentido das coisas e de encontrar a expressão justa fê-lo sintetizar o que nos trouxe até aqui, o que nos deu coragem para a dura travessia, que foi a substância, a matéria-prima espiritual desta jornada. Olhai agora para a Capital da Esperança do Brasil.”.

(JK elege o poder mágico e invisível da esperança como sentimento nobre que foi impregnado na alma de Brasília, tanto que ela passou a ser chamada como a capital da esperança, expressão que passou a ser evocado em alusão à esperança em fluía permanentemente no ar).

Ela foi fundada, esta cidade, porque sabíamos estar forjada em nós a resolução de não mais conter o Brasil civilizado numa fímbria ao longo do oceano, de não mais vivermos esquecidos da existência de todo um mundo deserto, a reclamar posse e conquista.”.

(JK pretendia acabar com a crítica histórica de que os brasileiros não davam a devida importância ao interior do país).

Esta cidade, recém-nascida, já se enraizou na alma dos brasileiros; já elevou o prestígio nacional em todos os continentes; já vem sendo apontada como demonstração pujante da nossa vontade de progresso, como índice do alto grau de nossa civilização; já a envolve a certeza de uma época de maior dinamismo, de maior dedicação ao trabalho e à Pátria, despertada, enfim, para o seu irresistível destino de criação e de força construtiva.”.

(JK tinha convicção de que a nova capital no interior do país chamaria a atenção do resto do mundo para as potencialidades e a capacidades dos brasileiros, ao despertar o país para novo destino de progresso).

Deste Planalto Central, Brasília estende aos quatro ventos as estradas da definitiva integração nacional: Belém, Fortaleza, Porto Alegre, dentro em breve o Acre. E por onde passam as rodovias vão nascendo os povoados, vão ressuscitando as cidades mortas, vai circulando, vigorosa, a seiva do crescimento nacional.”.

(JK frisa que a construção de Brasília contribuirá para a revitalização do interior do país, tão esquecido por séculos e que agora passavam a ser interligada por estradas que foram abertas).

Brasileiros! Daqui, do centro da Pátria, levo o meu pensamento a vossos lares e vos dirijo a minha saudação. Explicai a vossos filhos o que está sendo feito agora. É sobretudo para eles que se ergue esta cidade síntese, prenúncio de uma revolução fecunda em prosperidade. Eles é que nos hão de julgar amanhã.  Neste dia – 21 de abril – consagrado ao Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ao centésimo trigésimo oitavo ano da Independência e septuagésimo primeiro da República, declaro, sob a proteção de Deus, inaugurada a cidade de Brasília, Capital dos Estados Unidos do Brasil.”.

(JK dá por concluída a cidade de Brasília e finaliza o seu discurso declarando-a inaugurada, sobrelevando a sua importância para as novas gerações brasileiras, que devem ser beneficiadas em decorrência do gigantesco sacrifício do governo dele, que passou para a história política brasileira como símbolo de dinamismo e progresso).

Como se pode perceber, o discurso proferido pelo ex-presidente da República Juscelino Kubitschek, em sessão solene do dia 21 de abril de 1961, na instalação do governo no Palácio do Planalto, constitui documento político mais importante sobre a história de Brasília, em que ele registra não só o nascimento de bela e especial cidade como marca, sem a menor dúvida, importante etapa na história política, econômica e social do Brasil.

Brasília, em 21 de abril de 2024

quinta-feira, 25 de abril de 2024

O grande pastor

 

Em sermão proferido no dia 22 do corrente mês, conforme vídeo que circula nas redes sociais, o padre Joãozinho discorreu sobre a função do Bom Pastor, tendo afirmado que o segue.

O Bom Pastor é aquele que dá sangue, suor e lágrimas pelas suas ovelhas! Ele tem os olhos, os ouvidos, o coração sempre aberto. Os braços abertos, lá na cruz, mostram quem é o Bom Pastor: é Jesus! As mãos fechadas de Judas, o traidor, mostram quem é aquele que é o malfeitor: um ladrão. É aquele que apenas quer ganhar lucro com as ovelhas, mesmo que isso custe o sangue delas! Ele não se interessa pelo seu povo, pelo seu rebanho. Na verdade, não são fiéis, são clientes; não é uma igreja, é uma franquia (Jo 10,1-10).”.      

É verdade que o sábio padre Joãozinho está se referindo, muito especialmente, é o Pastor maior da história religiosa universal, com origem no importante legado de Jesus Cristo, que realmente se transformou no zelador ativo, bondoso, atencioso, incomparavelmente presente junto ao seu rebanho, nunca faltando a palavra de apoio, carinho e amor, que tem sido o poderoso bálsamo de sustentação da vida.

Quem acredita nas palavras de Jesus Cristo, tem sempre confiança na proteção divina, na certeza de estar percorrendo o caminho em direção à glória eterna, porque os ensinamentos vindos Dele é a fortaleza que capacita e ajuda a  vislumbrar as luzes imprescindíveis à satisfação das necessidades espirituais e materiais, essenciais à vida plena de amor.

A verdade é que nenhuma outra voz foi tão capaz de apascentar o rebanho como as palavras claras e objetivas de Jesus Cristo, que sempre foi coerentemente firme com os seus propósitos de comunhão com a sinceridade e a verdade na busca da paz celestial, que é a essência da vida terrena.

Muito se fala na pessoa do Judas, como o fez o padre Joãozinho, como o grande traidor, o malfeitor, por ter traído logo a pessoa do Deus vivo, com quem se conheciam e tinham tudo para somente se respeitarem como pessoas de bondade e amor no coração, levando a se acreditar que esse discípulo teria a pior índole da face da Terra, por decorrência natural do ato de perfídia perpetrado por ele contra a figura paternal e divina de Jesus Cristo.

Não obstante, interpreto, no caso bíblico, que isso não pode ter desfecho tão horroroso como todos são induzidos a essa ilação de muita maldade pela traição praticada por Judas contra o seu poderoso mestre e ídolo.

É preciso se ponderar no sentido de que essa figura do traidor chamado  Judas Iscariotes, apóstolo que teria entregado Jesus Cristo, por 30 moedas, aos soldados romanos, que o crucificaram, precisa ser interpretada, ao contrário, como herói.

Segundo pesquisa bastante interessante, Judas teria agido exatamente dessa maneira a pedido do próprio Jesus Cristo, que tinha de ser crucificado, em cumprimento das escrituras sagradas, para ele voltar como o salvador da humanidade.

Essa importante interpretação histórica ganhou peso graças a antigo documento manuscrito do século 4, que recentemente, depois de quase 17 séculos, foi revelado ao público.

O aludido documento se encontra na Fundação Mecenas, em Basileia, na Suíça.

Ou seja, Judas se tornou traidor por força do que estava escrito nas escrituras sagradas, cujo personagem entregador de Jesus Cristo poderia ter sido qualquer um dos apóstolos, mas a sorte grande recaiu sobre a pessoa de Judas, tendo ele sido escolhido para representar a figura do traidor, do ladrão, do enganador, quando ele apenas cumpriu fielmente o que já estava ajustado com o grande Salvador da humanidade.

Por fim, nada mais seguro, certo e tranquilizador do que se acreditar  e confiar seguindo o grande Pastor, quem realmente sempre primou somente para a construção da verdade e do amor, nunca deixando espaço para a dúvida nem questionamento quanto à pureza dos seus santos ensinamentos sobre os caminhos em direção ao nosso Deus de amor.

Brasília, em 25 de abril de 2024

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Comando da manada

 

O grande premiê britânico Einstow Churchill, um dos mais festejados políticos da Inglaterra, de todos os tempos, disse frase lapidar e histórica, ao interpretar, à sua época, vejam bem: à sua época, por volta da década de quarenta, que os animais irracionais jamais permitiriam que o estúpido liderasse a manada.

O sábio político inglês fez inteligente interpretação que perdura até os dias atuais, porque é notória a existência de estúpidos comandando a “manada”, com muita naturalidade, na atualidade, evidentemente tendo em conta que o bicho homem”, ao contrário, não conseguiu se involuir, em termos políticos.

Isso permite se observar que os estúpidos alcançassem o poder e comandassem nação com a grandeza do Brasil, o que bem demonstra o nível da cultura política do seu povo, infelizmente, sempre no mais inexpressivo e degradante possíveis, conforme mostra a história política.

A verdade é que, quando o estúpido ascende à liderança de uma nação, isso evidencia o exato tamanho da personalidade dele, em termos políticos, que é normalmente medida por suas plenas incapacidade e incompetência administrativas.

Como indiscutível corolário, dificilmente um país, nessas precárias condições políticas, conseguirá almejar qualquer patamar de desenvolvimento socioeconômico, ante à cultura super-atrofiada do seu povo, quanto ao interesse pela elevação da qualidade política.

Na verdade, quanto menos houver interesse pelo nível do conhecimento político da população, há muito maior prejuízo para a otimização das atividades político-administrativas, com reflexo direto no funcionamento do conjunto dos órgãos incumbidos da execução das atividades e ações políticas que cuidam da satisfação dos interesses da população.

É preciso que os verdadeiros brasileiros se conscientizem sobre a urgência na mobilização de lideranças extremamente capazes para a retomada do comando da nação, sob a égide dos salutares princípios da administração eficiente, eficaz, planejada e responsável, tendo em conta exclusivamente a satisfação do interesse público, que, enfim, é o objetivo essencial do Estado moderno.

Infelizmente, enquanto não houver a tão ansiada consciência inerente à melhoria da qualidade política, com atenção, em especial, para a moralização das suas condutas, o Brasil continuará a patinar na seara da incompetência e do subdesenvolvimento, sob a liderança de políticos estúpidos, comando normalmente a “manada”, que também não tem qualquer interesse em se qualificar politicamente.

Brasília, em 24 de abril de 2024

terça-feira, 23 de abril de 2024

Inverdade

 

Diante de milhares  de seguidores fanáticos, reunidos em manifestação no Rio de Janeiro, o último ex-presidente do país criticou o principal órgão eleitoral, em razão de torná-lo inelegível, por ele ter se reunido com embaixadores de outros países.

As declarações do ex-presidente foram feitas ontem perante multidão que atenderam a convocação dele, em ato realizado na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

O político disse que "Havia me reunido sim com embaixadores. Eu não me reuni com traficantes no Morro do Alemão".

Isso foi mais uma crítica direta contra a decisão da Justiça eleitoral que, em junho de 2023, entendeu que ele cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação na reunião com embaixadores de outros países.

É verdade que o político se reuniu com embaixadores estrangeiros, conforme ele reconhece, só que é não teve a menor dignidade para dizer a real finalidade para a qual ele promoveu esse encontro pessoal, no Palácio da Alvorada, que foi exatamente para denunciar possível fraudes no sistemas eleitoral brasileiro, sem que ele tivesse prova sobre as possíveis suspeitas de irregularidades, quando as eleições se aproximavam.

Na realidade, nada impede que o presidente do país se reúna com quem ele quiser, mas não é de bom tom a autoridade máxima do país se encontrar, na residência oficial, logo para fazer denúncia sobre sujeira ou algo que ele considera errado e ainda mais que ele não tinha como provar nada do que alegara aos embaixadores.

Ao contrário, ele como a principal autoridade do país seria a primeira pessoa a jamais fazer denúncia tão atroz como essa de se afirmar que o sistema eleitoral não é sério, seguro e confiável.

Isso constitui, no mínimo, traição aos interesses nacionais, de vez que se tratava de assunto que somente dizia respeito à soberania nacional e precisava ser tratado exclusivamente pelos brasileiros, o que vale se dizer que a denúncia em si teve o condão de anunciar ao mundo que o Brasil não tinha competência nem capacidade para adotar medidas destinadas à correção do que o então presidente do considerava errado.

O próprio presidente do país cometeu o pior deslise no cargo, sem necessidade de denunciar coisa alguma, porque ele tinha competência constitucional para elaborar medida legislativa, com vistas à reparação do que ele apontava como falha.

Ou seja, o ex-presidente, com base na competência constitucional do cargo, poderia ter providenciado projeto de lei pertinente, com a exclusiva finalidade de aperfeiçoar as normas pertinentes ao sistema eleitoral brasileiro, sem necessidade de denunciar nem agredir os princípios republicanos e democráticos.

Pois bem, causa perplexidade que o ex-presidente apenas tenha se referido ao caso em tela como simples reunião com embaixadores estrangeiros, sem declinar à multidão o que realmente foi tratado com eles, posto que o assunto não condizia exatamente com a liturgia do cargo ocupado por ele, quando o assunto eleitoral é completamente incompatível com a competência dos embaixadores de outros países e ainda mais em se tratando que, no fundo, ele estaria acusando, de forma antiética, o funcionamento do principal órgão eleitoral brasileiro, com afirmação de que ele atuava mal e ainda sem ele ter prova de nada.

Não tenho certeza absoluta de que o gravíssimo desvio funcional do então presidente do país seria motivo tão capaz de causar a inelegibilidade dele, conforme assim foi decidido pelo principal órgão eleitoral, por eu não vislumbrar que o ato questionável dele tenha causado qualquer dano ao resultado das eleições.

Ou seja, não se tem como admitir ou provar que as críticas do então presidente do país junto aos embaixadores tenham tido influência no resultado das últimas votações brasileiras, mas certamente que o encontro dele com traficantes do Morro do Alemão teria sido bem menos maléfico do que com os embaixadores estrangeiros, sem defesa de nenhum desses atos censuráveis.

Certamente que esse caso, nas condições normais de estabilidade política, sem as rixas e as agressões entre o ex-presidente e os dirigentes do principal órgão eleitoral, não teria sido sequer notado e muito menos resultado em qualquer forma de penalidade, visto que não se tem o registro de nenhum prejuízo ao resultado das eleições brasileiras, evidentemente por conta estritamente disso, ficando patente a rigidez na decisão de se punir por punir.

A verdade é que o fato em si pode representar sim desvio da normalidade administrativa, por ele ser incompatível com a liturgia do cargo presidencial, mas, à toda evidência, o bom senso e a racionalidade jurídicas não sustentam penalidade tão exagerada, com a inelegibilidade, quando uma simples moção de censura já seria razoável, como forma estritamente pedagógica para se evitar a reincidência de fato semelhante.      

Ante o exposto, resta ponderar no sentido de que o ex-presidente tenha a dignidade de assumir seus erros, como nesse caso da reunião com embaixadores de outros países, que jamais deveria ter acontecido, ante a incompatibilidade do assunto tratado com a liturgia do cargo ocupado por ele, notadamente em se tratando que era da sua competência aperfeiçoar o sistema eleitoral, o que implicaria a desnecessidade de qualquer crítica.    

Brasília, em 23 de abril de 2024