quarta-feira, 30 de maio de 2012

O injustiçado?

O ex-presidente da República, agora se fazendo de vítima e alimentando a batalha do disse-me-disse, lançou algumas das suas famosas “pérolas” tupiniquins, ao afirmar que "tem que tomar cuidado", em relação "a uma minoria que não gosta de mim" e concluiu: "Vou falar de pé, porque senão podem dizer que eu estou doente. Pra evitar esses pequenos dissabores [...] Você sabe que tem muita gente que gosta de mim, mas tem algumas que não gostam. Eu tenho que tomar cuidado contra essas. São minoria, mas estão aí, né, no pedaço". Essas colocações do petista não poderiam ser mais coerentes com a sua personalidade, que sempre foi verdadeiro estrategista e maior especialista na arte de virar jogo a seu favor, desde o surgimento do escândalo do famigerado mensalão, quando jurou de mãos juntas para os bestas dos brasileiros que nada sabia e nunca teve conhecimento dos fatos, negando, de forma peremptória, a sua existência. Desta feita, sem ter coragem de aparecer em público para encarar a sociedade, logo após causar estrondoso tumulto nos bastidores do exame desse processo de corrupção, ele se coloca novamente como vítima e coitadinho, contrariando, à luz dos fatos ocorridos, a real versão da chantagem moral e intimista ao ministro, com a finalidade de adiar o importante julgamento que a sociedade brasileira anseia há bastante tempo, na esperança de que a Justiça seja finalmente operada, para mostrar ao Brasil o estrago que esse ex-presidente falastrão e seus asseclas são capazes de fazer com o desprotegido patrimônio nacional, em proveito corporativo da “cumpunheirada”, tendo por exclusivo objetivo a sanha da perenidade no poder, em claro desprezo ao interesse público. Não obstante, o petista não foi totalmente injusto ao dizer existem algumas pessoas que não gostam dele, porque, seguramente, ele sabe que no país também existem pessoas de caráter, honestas, dignas, inteligentes, íntegras, capazes e acima de tudo que não compactuam com desonestidade, falta de caráter e muito menos com aqueles que defendem práticas indecentes do tipo mensalão, sanguessunga e outros procedimentos lesivos aos cofres públicos, destinados a poucos aproveitadores profissionais. O povo brasileiro não suporta mais conviver com políticos odiosos, chantagistas, prepotentes, vingativos e despreparados para o exercício de cargos públicos, que ainda pensam que são os mais amados e dignos de respeito. A sociedade brasileira tem que se conscientizar, com urgência, sobre a premente necessidade de exigir que o cidadão público tenha a obrigação de primar pela observância aos princípios basilares da decência, honestidade, ética e moralidade, como condições imprescindíveis para representar com dignidade o povo brasileiro. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 30 de maio de 2012

terça-feira, 29 de maio de 2012

Basta de impunidade

A situação da violência no Brasil cresce em ritmo galopante e já se tornou incontrolável, tendo como beneplácito, entre outros fatores preponderantes, razões sociais, educacionais, de segurança pública e especialmente de impunidade. Este último aspecto merece destaque, porque a falta de penalidade exemplar aos culpados pelos crimes tem servido como principal incentivo à prática insana e cruel da brutalidade e da irracionalidade contra a humanidade. Mesmo se tratando de fato lastimável e deplorável, a sociedade, já calejada e decepcionada por não ser atendida no seu clamor por medidas eficazes e saneadoras do problema, nada mais faz para mudar esse inconcebível e terrível quadro de mazela social, quando, ao contrário, teria a obrigação de reagir e exigir que os governantes sejam incisivos quanto à adoção de medidas saneadoras duras, com vistas à priorização de políticas públicas voltadas para a resolução desse caos que afronta o futuro da nação. O maior temor que resulta de tudo isso é que a banalização da impunidade se torne cultura que passa a fazer parte do cotidiano da sociedade, diante da falta de perspectiva de conserto, porquanto não se tem conhecimento de iniciativa de medidas destinadas a reverter a tendência de descalabro da violência, em todas as suas formas de brutalidade. Além da preocupação com a melhoria do ensino público de qualidade, a intensificação da qualificação profissional, do ensinamento ao culto do respeito e do amor ao próximo, deveria ser instituída legislação penal mais realista, com medidas duras e eficientes, capazes de impor respeito à dignidade do ser humano, sem essa de conceder tanta e inaceitável redução de pena, por bom comportamento e por coisa que o valha, porque a punição deve ser devida pela gravidade do crime cometido e não associada ao modo como alguém se comporta na reclusão, ou seja, quem mata vai pagar pelo crime com trinta anos de reclusão e somente será liberado quando cumprir a pena aplicada pela Justiça, não importando o seu status social. Hoje, o mesmo crime pode ser punível, quando isso ocorre, com penas variáveis de anos, a depender das circunstâncias e do peso dos argumentos dos bons advogados, embora o objeto do julgamento seja sempre o mesmo, i.e., a interrupção da vida de alguém, no caso de assassinato. No Brasil, quando há punição pelo cometimento de crime, ela é tão ridícula que mais funciona como estímulo ao delito do que penalidade pedagógica e reparadora do culpado. Na realidade, o Código Penal carece de urgente aperfeiçoamento, de preferência com verdadeiro choque de modernização, estabelecendo que a Justiça atue em estrita obediência ao princípio isonômico para os cidadãos, aplicando as penas uniformemente para o mesmo crime. A sociedade tem a obrigação de acabar, com urgência, com a inaceitável impunidade que impera no país, exigindo que os governantes priorizem políticas públicas com a finalidade de debelar as causas que contribuem para o crescimento desenfreado da violência. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de maio de 2012

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quem mente?

A denúncia de possível chantagem feita pelo ex-presidente da República a um ministro do Supremo Tribunal Federal, com a finalidade de adiar o julgamento do mensalão, em troca de “proteção” nas investigações da CPI do Cachoeira, causou repercussões nos meios políticos, principalmente por parte da oposição ao governo, que promete ingressar com pedido à Procuradoria Geral da República, para investigar o caso, e discutir possibilidades da adoção de outras medidas no âmbito do Poder Judiciário. A OAB também prometeu reagir contra o que denominou de inadmissível interferência na autonomia desse poder, entendendo que o acusado seja compelido a esclarecer o fato. A assessoria do Instituto Lula disse que o ex-presidente nega a reportagem, considerando inverídicas as conversações. Os partidários do ex-presidente se adiantaram em defendê-lo com argumentações as mais ardorosas possíveis, dizendo que Sua Excelência sempre “respeitou as instituições”, “tem a seu favor a sua história. Ele esteve por oito anos no governo e jamais mudou a Constituição a seu favor.”, "O presidente Lula é amado por todo povo brasileiro (isso não é verdade). A oposição não tem o que fazer. Está sem discurso". Por sua vez, um ex-ministro confirmou o encontro dos interlocutores no escritório dele, mas preferiu se esquivar às perguntas, dizendo que “O assunto está encerrado”. É evidente que a matéria suscita questionamentos, por se tratar de tentativa patética e absurda de chantagear, pressionar e cooptar importante magistrado da República, de quem se espera conduta ilibada, imparcialidade e independência nas suas decisões e plena autonomia de expressão e de pensamento. O fato em si, se verdadeiro, é muito grave, quando o ato falho é cometido por ex-mandatário do país, que não tem direito de se imiscuir em assuntos inerentes ao Judiciário e poderia ter incorrido em sério risco de ser desqualificado e mascarado caso o ministro fosse o delegado que denunciou o esquema da Caixa de Pondora/DF, que gravou as conversas dos infratores. O que se pode concluir de quem teve o descaramento de dizer que o mensalão não passou de uma tentativa de golpe contra o seu governo, nestes termos: "O PT era atacado por grande parte dos políticos da oposição e por uma parte da imprensa brasileira. Na verdade, era um momento em que tentaram dar um golpe neste país"? A quem acreditar nesse caso, no ministro do Supremo ou no político que nunca teve senso democrático e ético, conforme demonstração de desprezo às multas aplicadas pela Justiça Eleitoral, por reiterado desrespeito às regras eleitorais, e de exortação à extinção dos partidos de oposição, em clara atitude ditatorial. A sociedade espera que o Supremo Tribunal Federal se encoraje ainda mais diante das pressões surgidas, fortalecendo a sua competência constitucional de julgar, com urgência, o famigerado processo do mensalão, em consonância com as costumeiras autonomia, independência e competência jurídica. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de maio de 2012

domingo, 27 de maio de 2012

Falta de civilidade


Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o Partido dos Trabalhadores já preparou manifesto fazendo rígidas acusações ao pré-candidato que se encontra na dianteira das pesquisas para o cargo de prefeito da cidade de São Paulo. Nesse documento, o líder dos pré-candidatos é acusado de "falso moralismo", de defender "visão conservadora" nas eleições de 2010, de ter abandonado a prefeitura antes da metade do mandato e de somente cumprir integralmente apenas 17% das promessas que fez em 2004. As críticas objetivam, em consonância com a costumeira estratégia do PT, antecipar a polarização do candidato petista com o seu principal adversário e forçá-lo a reagir às acusações. Esse artifício pobre e vazio é próprio de candidatos que não possuem programa nem plano para o cargo pretendido, preferindo mostrar possível deficiência do seu opositor melhor avaliado pela opinião pública, como tentativa de desmerecê-lo e principalmente de envolver a população em assunto que não contribui absolutamente em nada para a construção da democracia. Em termos de moral ou ética política, parece não haver mais dúvida de que, diante dos fatos protagonizados pelo PT, como evidenciam inumeráveis casos de corrupção e de fisiologismo indecentes, esse partido não tem respaldo dos brasileiros para acusar ninguém, porquanto todas as irregularidades que lhe são atribuídas não mereceram a menor justificativa ou comprovação sobre a sua inexistência, ficando o povo com a certeza de ter sido traído por quem prometia, entre tantas bondades de propósitos, pureza de procedimentos, moralidade e austeridade com a coisa pública, respeito aos princípios democráticos e defesa do Estado Democrático de Direito, mas esses compromissos e discursos “bonitos” e “moralistas” caíram por terra tão logo os “cumpanherus” assumiram o governo. Aliás, na atualidade, as denúncias sem conteúdo funcionam muito mais como demonstração de desespero, de incapacidade, da perda do senso crítico e da falta de respeito à dignidade humana, não servindo senão para desmoralizar os seus mentores, diante reflexo da sua indecência. A sociedade deve menosprezar as intenções sórdidas de candidatos que, sob a prática de leviandade e indelicadas agressões, tentam denegrir pessoas e instituições, com o propósito apenas de se beneficiar politicamente. Acorda, São Paulo!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 27 de maio de 2012

sábado, 26 de maio de 2012

Paladino das falcatruas

Conforme reportagem publicada na revista "Veja", o ex-presidente da República tentou convencer um ministro do Supremo Tribunal Federal a adiar o julgamento do mensalão, oferecendo-lhe, como troca, blindagem na CPI que investiga as relações do bicheiro com políticos e empresários. Embora não tenha dado detalhes, o ministro confirmou o encontro com o petista e o conteúdo da interlocução havida, tendo afirmado: "Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula". O ex-presidente disse ao ministro, segundo a revista, que é "inconveniente" julgar o processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que o ministro se encontrou com o senador investigado por suas ligações com um bicheiro. O ministro demonstrou irritação com as insinuações do petista, que disse a ele que poderia "ir fundo na CPI". Dando seguimento à sanha na tentativa da traficância da sua poderosa influência, o ex-presidente convidou o presidente do Supremo para tomar um vinho com ele e um amigo comum, também ministro da Excelsa Corte de Justiça. O presidente do STF confirmou o convite, dizendo que “Ele nunca me pediu nada e não tenho motivos para acreditar que havia malícia no convite", porém a "luz amarela só acendeu quando Gilmar Mendes contou sobre o encontro, mas eu imediatamente apaguei, pois Lula sabe que eu não faria algo do tipo". A mesquinha atitude do ex-presidente, na tentativa de adiar o julgamento do mensalão até atingir a prescrição das penalidades, demonstra claramente a falta de caráter e o desespero do mentor do maior escândalo político protagonizado com o objetivo de perenidade no poder, tudo com a finalidade de livrar de responsabilização e da cadeia seus asseclas, aliados na execução das operações fraudulentas com recursos sujos. Esse fato deixa patenteada a forma da esperteza “política”, com a tentativa de chantagear ministro para aderir às suas sujeiras, sobressaindo mais uma vez a sua habilidade como grande cara de pau manipulador, em proveito de sua bandalheira disseminada para desmoralizar as entranhas da democracia brasileira, que, nesses últimos tempos, de tão chafurdada com o vergonhoso lamaçal da fisiologia política confunde-se com verdadeira pocilga entre amigos. Faz bem os ministros do Supremo em não se curvarem à falta de promiscuidade que já conseguiu contaminar o âmago dos Poderes Executivo e Legislativo e destruir as suas raízes e os seus princípios, atingindo o ser humano no seu mais sagrado íntimo moral. As incursões do ex-presidente, no caso em comento, são, no mínimo, indecorosas e evidenciam o desespero de quem teme que o escandaloso mensalão venha à lume e faça o estrago político proporcional aos danos já causados à sociedade. A politicagem aflorada na mente das lideranças retrógradas do país envergonha o povo brasileiro, que, se quisesse, poderia dizer não a indecência que grassa impunemente. A sociedade anseia por que os ministros do STF resistam até a morte contra a corrupção que se instalou neste país, não permitindo que a sua nobre missão constitucional seja corrompida por influência espúria e poderosa, contaminada com o vírus da destruição dos bons princípios da moralidade, ética, legalidade e juridicidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de maio de 2012

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Legalização da sujeira na política

A Câmara Federal acaba de aprovar projeto que autoriza a candidatura de políticos que tiveram suas contas rejeitadas em eleições passadas, quer por não prestarem contas, quer por prestá-las de forma incorreta ou com irregularidade, contrariando interpretação normativa do Tribunal Superior Eleitoral, que, em março último, vetou o registro de candidatos incursos numa dessas situações. O presidente daquela Casa Legislativa justifica o ato com esses argumentos: "O que acontece é que o TSE criou uma regra nova num período menor que um ano antes da eleição. E esta regra nova está impedindo que 21 mil cidadãos que se candidataram nas últimas eleições possam concorrer, inclusive pessoas com processos que não foram julgados pelo TSE", "O que estamos tentando fazer é corrigir uma distorção que foi criada pelo Tribunal Superior Eleitoral no processo eleitoral deste ano. Um cidadão lá atrás que não foi eleito e que pelo fato de não ter sido eleito não prestou contas, ele não pode ser impedido de concorrer agora" e “é um atentado contra a democracia impedir a candidatura de um político por um erro formal de prestação de contas.”. Não deixa de ser decepcionante a tentativa de contrariar o entendimento do órgão máximo da Justiça Eleitoral, por meio da institucionalização de norma absurda, que estabelece: “serão considerados quites aqueles que apresentarem à Justiça Eleitoral a prestação de contas de campanha eleitoral nos termos desta lei, ainda que as contas sejam desaprovadas.”. Isso constitui verdadeiro contrassenso, por legitimar uma irregularidade, contrariando os princípios constitucionais da legalidade, da moralidade e da decência. A Câmara Federal poderia prestar significativa contribuição ao Estado Democrático de Direito se o seu projeto traduzisse o nobre sentimento do povo brasileiro, que já demonstrou à unanimidade que não suporta mais conviver com esse bando de fichas sujas, de desonestos e aproveitadores dos recursos dos contribuintes, que sequer prestam contas das despesas de campanha ou, se as prestam, elas estão irregulares. Esses cidadãos e aqueles que os apoiam não são dignos da credibilidade dos brasileiros, que, aliás, são os responsáveis por essa demonstração de falta de transparência e de desrespeito às regras de moralização do país, por votarem neles e os elegerem. Os parlamentares que integram aquela instituição certamente estão decidindo em benefício de causa própria ou de seus pares, quando criam norma que contradiz os princípios da moralidade e do respeito à regularidade dos seus atos, no que diz respeito às contas da sua campanha eleitoral. A sociedade não pode compactuar com atos que contribuam para banalizar a inobservância das normas reguladoras sobre as eleições, amparando candidaturas de políticos que sequer têm a dignidade de prestar contas sobre a origem e a aplicação dos recursos movimentados na sua campanha eleitoral. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 24 de maio de 2012

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Intromissão indevida

Os principais advogados de réus no processo do mensalão encaminharam pedido aos ministros do Supremo Tribunal Federal, demonstrando preocupação quanto ao rito do julgamento desse rumoroso caso naquela Corte, com a argumentação de que, "Embora nós saibamos disso, é preciso dar mostras a todos de que o Supremo Tribunal Federal não se curva a pressões e não decide 'com a faca no pescoço'". Segundo afirmação no documento, eles estão "preocupados com a inaudita onda de pressões deflagradas contra a mais alta corte brasileira". Na verdade, o teor desse expediente materializa clamorosa afronta ao Supremo, por contemplar insinuações descabidas, com o intuito de desmerecer a competência e a inteligência daqueles magistrados, como se eles não fossem capazes de sopesar o tamanho da responsabilidade quanto ao julgamento da barbárie perpetrada contra a dignidade dos brasileiros. Como se já não bastasse mais de meia década para o exame na fase instrutória processual, ante, possivelmente, à reconhecida complexidade da matéria que se encerra nessa ação, contendo o resultado da apuração do maior escândalo de corrupção da história política deste país, de repente surgem os patronos dos mensaleiros, com as melhores e bem ensaiadas argumentações, insinuações e sugestões, objetivando mostrar à Excelsa Corte de Justiça como eles gostariam que transcorresse o rito do julgamento da ação, sob o temor de que não haja submissão ao clamor da sociedade, como se os ilustrados ministros fossem alguns imbecis inexperientes. É muito curioso que os advogados declarem peremptoriamente não gostar que o Supremo se curve às pressões da sociedade nem decida “com a faca no pescoço”, mas a sua intenção é clara quanto ao agendamento das sessões, evitando procedimentos de exceções; à intimação de pauta com pelo menos 30 dias de antecedência; ao máximo de duas sessões por semana; e à oitiva, por sessão, de somente três sustentações orais de defesa, tudo para beneficiar seus representados. Na realidade, essas medidas, além de serem ridículas, por tentarem interferir, de forma indevida e indelicada, no ritual de julgamento, objetivam empurrar para a próxima década o desfecho de caso que, se tivesse acontecido num país sério e diligente quanto às suas prioridades, já teria sido julgado e mandado para o xadrez dezenas de beneficiários de dinheiros sujos, que, em claro contrassenso, agora são moeda que banca regiamente a defesa dos réus. Esses inescrupulosos profissionais deveriam, antes das sugestões, avaliar que essa descabida iniciativa tem o propósito de tumultuar os trâmites processuais, que já se arrastam de forma inexplicável. A sociedade espera que o Supremo Tribunal Federal decida em nome da Justiça e em harmonia sim com o anseio do povo, que já demonstrou paciência de monge tibetano, na expectativa de que essa corte agilize a seu modo o exame da matéria em apreço e, em estrita obediência à sua competência constitucional, julgue-a e profira seu acórdão em sintonia com a gravidade do criminoso dano causado ao patrimônio público, aos bons costumes e à sociedade, de modo que os envolvidos sejam devidamente responsabilizados e penalizados com as medidas cabíveis. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de maio de 2012

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Censurável jeitinho brasileiro

O senador paraibano corregedor do Senado Federal e presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito mista contratou para o seu gabinete uma assistente parlamentar, com salário de R$ 3.450,00, sem a necessidade de comprovar presença ao trabalho. Esse procedimento é popularmente denominado "assessoramento fantasma" ou “funcionário fantasma”.  Ao jornal Folha de S. Paulo, o pai da servidora, que é jornalista do Correio da Paraíba, declarou que usava o nome da filha para receber pagamento seu e de dois colegas pela publicação na imprensa de reportagens favoráveis ao político. Ele disse que "Quem faz o trabalho sou eu e meus outros dois colegas. O senador convidou a gente para fazer o trabalho e sugeriu colocar uma pessoa e a gente divide o valor. Poderia ser no meu nome, ou no de um dos outros dois. Só que eu não podia, porque o Senado exigia não ter outro vínculo de trabalho. Minha filha é estudante e sugeri que fosse no nome dela". Embora esse depoimento seja mais claro do que a luz solar, evidenciando a patente irregularidade na contratação de funcionário, com recursos públicos, o mentiroso parlamentar negou as informações e disse que o resultado de investigação constatou que a assistente parlamentar realmente comparecia ao trabalho. Segundo a reportagem do jornal, o senador aproveitador também emprega no seu gabinete familiares de políticos e de aliados amigos. O mais grave de tudo isso é que esse parlamentar tem a fama de pessoa honrada, de conduta ilibada e reconhecida competência política, sendo, na atualidade, considerado um dos pilares de honestidade do gigante partido PMDB, o mais famoso fisiologista da história deste país. Com todos esses atributos, o senador é sempre indicado para ocupar cargos importantes no Senado Federal, sendo, no momento, corregedor do órgão e presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito mista, justamente por não constar que ele tivesse envolvido com atos vergonhosos e indecentes como a contratação em causa, onde fica muito claro o jeitinho brasileiro com a finalidade de se levar vantagem, à custa do dinheiro dos bestas dos contribuintes, que reagem nessas situações de absurdo aproveitamento da ingenuidade dos brasileiros. Não deixa de ser lamentável que a reputação de uma autoridade pública seja desmascarada por leviandade absolutamente evitável e ela sequer se ruboriza por sua atitude improba, ao achar tudo normal; porém a marca desse ato é indelével e imperdoável, devendo a população do seu Estado levar esse fato em conta, nas próximas eleições. O povo paraibano tem o dever de exigir moralidade e probidade do seu representante no Congresso Nacional, não permitindo que a sua consciência cívica seja ultrajada por ele, com a prática de atos indignos e indecorosos como a contratação de funcionária fantasma, com recursos públicos, com a finalidade de satisfazer interesses pessoais. Acorda, Paraíba!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 22 de maio de 2012

terça-feira, 22 de maio de 2012

Vergonhosa benesse

A presidente da República decidiu indicar um amigo político do PR, naturalmente com “notórios” conhecimentos bancários e financeiros, para ocupar o importante cargo na vice-presidência de governo do Banco do Brasil, em substituição de um especialista do setor. Com o preenchimento desse cargo com um político, a presidente contempla os mimos daquele partido, que se sentia bastante insatisfeito e choroso com a perda de espaço no governo, em especial após as denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes, no ano passado, que derrubou o senador corrupto que ocupava cadeira cativa desde o governo anterior. A marca registrada desse governo é exatamente não surpreender mais ninguém com suas nomeações de pessoas para ocupar cargos importantes, como nesse caso, em que sai um profissional técnico, com experiência e entendedor do que faz, e encaixa no seu lugar um político de carreira, naturalmente sem saber coisa alguma de finanças, salvas as operações próprias da sua área política, facilitadas pela importância do conhecimento com o compadrio, a camaradagem, o sindicalismo, a ideologia fisiologista e outras indecências do mesmo gênero, quanto mais em se tratando de membro do partido que teve seu presidente escorraçado do cargo de titular daquele Ministério, por prática de corrupção. Esse pensamento exclusivamente de acomodação dos apaniguados políticos na ocupação de cargos de primeira linha é verdadeiro desserviço aos interesses nacionais, pela nítida perda de qualidade e de melhores resultados da gestão, funcionando de forma proporcional para prejudicar os rendimentos e os objetivos da administração pública. Convém que essa mentalidade tacanha de gerenciar o patrimônio público seja urgentemente revertida, com a mudança para diretrizes modernas em busca da qualificação e do profissionalismo dos dirigentes, de modo que os negócios do Estado sejam ministrados com ética, moralidade e decência. A questão política, as amizades partidárias e o loteamento e o cabide de cargos públicos não podem subsistir num país sério e responsável, porque isso confunde com contemplações e agrados destinados à obtenção de aliança de bancada política, em clara caracterização de inescrupulosa negociata e mera conivência com a incompetência gerencial e a explícita compra, com recursos públicos, do apoio aos objetivos governamentais. Essa vergonhosa política de lotear os cargos públicos com os aliados se contrapõe a qualquer espécie de privatização, mesmo que o ente estatal seja deficitário, diante da impossibilidade da distribuição de cargos por sindicalistas, partidários, aliados políticos e outros afilhados, pensamento esse totalmente contrário aos interesses do país. Na verdade, esse tipo de indicação política objetiva garantir troca de favores e possibilitar maior corrupção e tráfico de influências, em contraposição aos salutares princípios constitucionais da administração pública. O povo brasileiro precisa urgentemente se conscientizar de que essa desonrosa política de moeda de troca de cargo público por apoio político constitui verdadeiro desrespeito ao patrimônio nacional e fere os princípios da competência, da economicidade, da honestidade, da moralidade, da decência e em especial do compromisso de honrar fielmente os mandamentos legais e constitucionais, que o governante tem o dever ético de observar permanentemente. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 21 de maio de 2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Basta de humilhação

Em reuniu com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, na capital federal, o ministro de Relações Exteriores e Cooperação da Espanha declarou que seu país assumiu “compromisso, não uma promessa” de melhorar os trâmites de entrada de brasileiros na Espanha. Ele disse que “Nossas equipes vão trabalhar a partir de agora para que essas dificuldades sejam resolvidas de forma imediata”. Ressalte-se que, a partir de 02 de abril último, o governo brasileiro finalmente adotou medidas destinadas à regulação da entrada de espanhóis no país, como forma de estabelecer reciprocidade de tratamento entre os visitantes de ambos os países, ou seja, obrigando a aplicação das mesmas exigências que são feitas para a entrada de brasileiros naquela nação. Conforme o Itamaraty, já foram aprovadas instruções com a finalidade de solucionar, na “máxima brevidade possível”, os problemas de entrada de brasileiros na Espanha e de espanhóis no Brasil. O ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que “A instrução política está dada e espero que as nossas equipes correspondam rapidamente a essas solicitações”, “não se justifica a persistência dessa situação” e “Nós reconhecemos a realidade, mas brasileiros que viajam para outros países não encontram dificuldades que encontram na Espanha”. O certo é que as regras adotadas pelo Brasil vêm mais do que tardiamente, mas o seu teor se iguala ao que se exige na Espanha, obrigando que os turistas apresentem o passaporte, a passagem de ida e volta, a reserva do hotel ou a carta-convite em caso de hospedagem em residência e cartão de crédito com a última fatura comprovando que ele tem, no mínimo, R$ 170,00 para gastar por dia de permanência. Caso se trate de viagem a trabalho, os espanhóis devem apresentar comprovantes das atividades profissionais. Não deixa de ser inaceitável tanta demora para que este país decidisse reconhecer o tratamento humilhante dispensado aos brasileiros pela Espanha, que vinha sendo denunciado a todo instante; porém, como o desconforto e os maus tratos não atingiam as autoridades e pouco menos o corpo diplomático, nada era feito por quem tinha sofrido na pele a rejeição e o terrível desprezo além da obrigação de engolir a seco o ato discriminatório, consignar a queixa nas páginas dos livros policiais e tentar conviver com a angustiante decepção e tudo ficava como se nada tivesse acontecido de errado. Não há dúvida de que a omissão do governo, por tanto tempo, é totalmente imperdoável, porque ele tinha conhecimento que os brasileiros eram tratados com imerecida soberba, conquanto, contrariamente, os espanhóis eram recepcionados nas terras tupiniquins com tapete vermelho e pão de ló, ou seja, sem nenhuma restrição legal. O governo brasileiro tinha o dever de agir prontamente, tão logo teve início a humilhação por parte daquele país, com a implantação das medidas de reciprocidade, estabelecendo o compartilhamento das exigências para os turistas de ambos os países, mesmo que elas resultem em menosprezo humano, que poderia racionalmente ser evitado. A sociedade brasileira repudia qualquer medida discriminatória e humilhante aos turistas pátrios ou não e exigem que as autoridades competentes ajam imediatamente aos fatos denunciados, adotando as necessárias medidas com a finalidade de proteger a dignidade do ser humano, tendo como parâmetro a reciprocidade de tratamento pelos países, mesmo que as restrições impostas sejam respaldadas em exigências medíocres. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de maio de 2012

domingo, 20 de maio de 2012

Falta de dignidade

Por ter sido presa por militares em São Paulo, com passagem por quartel da Polícia Especial do Exército, na Tijuca/Rio de Janeiro, a presidente da República será indenizada no valor de R$ 20 mil, pelas torturas sofridas, além de ser uma das 120 pessoas homenageadas em cerimônia prestada pelo governo do Rio, para o anúncio das indenizações, em cuja ocasião ela receberá pedido de desculpa do Estado, em face da tortura. Por sua decisão, o valor em causa será doado ao grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, entidade é formada por ex-presos políticos e parentes de vítimas do regime. Essa história de indenização se encaixa como uma luva para os aproveitadores dos recursos públicos e não deixa de ser mais um vergonhoso e ignominioso ato que não tem qualquer pertinência e muito menos de plausibilidade, por faltar o mínimo de razão ou justificativa para esse propósito, tendo em vista que as pessoas presas e possivelmente torturadas foram aquelas que se insurgiram contra o regime e participaram, de forma voluntária e altruísta a seu modo, em defesa de sua ideologia, normalmente comunista-marxista, de grupos terroristas, com a exclusiva finalidade de contraposição à chamada ditadura, como no caso da cidadã em referência. A propósito, segundo relatam os historiadores e a imprensa, os revolucionários cubanos mandaram para o paredão milhares de serem humanos que se opuseram ao regime dos irmãos Castristas, ou seja, em bom e claro português, todos os opositores à revolução cubana foram sumária e definitivamente eliminados das belas praias caribenhas, enquanto, no Brasil, país continental, comparativamente àquela ilhota, houve o desaparecimento de 379 brasileiros que não concordaram com o regime de exceção e se submetam às consequências desastrosas. É evidente que essa ínfima quantidade de perdas humanas não é motivo para vanglória, porque o ideal é que não tivesse havido nenhuma morte, mas, à vista da extensão territorial, em idênticas circunstâncias, caso o Brasil tivesse utilizado o mesmo mecanismo dos trogloditas cubanos, hoje os brasileiros não estariam sendo obrigados a participar, com seus tributos, dessa absurda e indevida bolsa-ditadura e o pior é que não se pode fazer nada para evitar tal indignidade, por absoluta falta de justificativa, porquanto os militares certamente agiram em defesa das instituições do Estado e da sociedade e os “coitados” dos beneficiários das indecorosas indenizações jamais podem ser considerados anjinhos inocentes, quando eles próprios se orgulham de terem participado de atos de terrorismo, como assassinatos, sequestros com torturas, explosão de bombas, assaltos e tantos outros procedimentos de afronta à tranquilidade e à dignidade dos brasileiros. Na verdade, por questão de justiça e de sã consciência, não tem como classificar esses terroristas, que lutaram pela implantação de regime comunista no Brasil, de injustiçados, porque eles agiram por livre e espontânea vontade, em defesa das suas convicções ideológicas, sabendo perfeitamente do risco que corriam, não tendo, à toda evidência, direito a indenização de coisa alguma, por não haver justiça nisso. Em contraposição, até se justificaria, em decorrência de ato de bravura, em defesa das causas nacionais, o pagamento, com recursos públicos, de indenização, pensão ou outra forma estipendiária, mas por inteiro mérito, como forma de compensar real sacrifício pelo país. Agora, não deixa de ser vergonhoso e indecente alguém com maturidade intelectual reconhecida se dignar à percepção de inconcebível e tão questionável estipêndio, sem causa que o justifique. A sociedade anseia por que os cidadãos se conscientizem sobre a real necessidade de proceder com a devida nobreza de caráter, elegância e autoridade moral, não aceitando o recebimento de qualquer indenização com a finalidade de compensar sacrifícios meramente pessoais, sabidamente contrários aos interesses da pátria. Acorda, Brasil!
        
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de maio de 2012

sábado, 19 de maio de 2012

Mensalão, nunca mais?

Embora tenha demorado uma eternidade, ante a gravidade dos estragos causados aos cofres públicos e sobretudo à dignidade do ser humano, felizmente, acaba de ser divulgado o minudente e copioso relatório do mensalão do PT, da lavra de competente ministro do Supremo Tribunal Federal, trazendo à lume revelações inéditas e realistas sobre as apurações do maior escândalo da história deste país, com a exposição detalhada da organização criminosa muito bem arquitetada, estruturada com o respaldo de profissionais de altíssima especialização, destinada ao desvio de dinheiros públicos, por mecanismos escusos qualificados de crimes de peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, gestão fraudulenta, evasão de divisas e tantos outros delitos passíveis de condenação. Na verdade, tudo se resume na formação de quadrilha bem estruturada, com a finalidade da compra de apoio político de parlamentares no Congresso Nacional. As atitudes criminosas e orquestradas dos envolvidos, exatamente 40 participantes, são tão extensas que, com bastante esforço e muito boa vontade, pode-se, agora, compreender o motivo pelo qual tanto tempo tenha transcorrido sem que os fraudadores ainda não estejam pagando na cadeia pelos seus graves delitos. É evidente que agora não resta mais dúvida alguma de que o ardiloso esquema do mensalão foi uma verdade incontestável, que realmente tinha por objetivo primordial a garantia da continuidade do miraculoso projeto de poder do partido do governo de então, por meio da compra da honra e da moralidade de membros de partidos políticos, com dinheiros sujos provenientes de fundos e de verbas públicos e de superfaturamento de contratos com o governo. De forma inquestionável, o relatório em comento põe por terra os reiterados argumentos do ex-presidente da República de que esse tal de mensalão nunca existiu e que ele teria sido objeto de invencionice da maldosa oposição e da bisbilhoteira imprensa, na tentativa de desmoralizar o tão “honesto” PT. O certo é que, neste momento, os brasileiros, inclusive o então presidente, não têm mais nem resquício de dúvida quanto à existência de terrível quadrilha organizada ao estilo mafioso, atuando com modus operandi de crime organizado, de desonesto, de mentiras, próprios dos corruptos inescrupulosos, por meio da qual foram utilizados dinheiros públicos para a compra indecorosa de apoio político. A sociedade, diante das evidências da perpetuação de injustificáveis crimes graves contra o patrimônio do Estado, tem fundadas esperanças de que a Excelsa Corte de Justiça do país exerça, com autonomia e imparcialidade, a sua competência constitucional, aplicando, com a merecida juridicidade, as penalidades cabíveis aos culpados, se possível com reclusão e ressarcimento ao erário, de modo que esse julgamento sirva de marco como lição, em especial para os políticos e para se evitar que fatos desonestos e desonrosos como o mensalão nunca mais ocorra. Acorda, Brasil!       
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 18 de maio de 2012

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A farsa

A comissão que apura o affaire Cachoeira acaba de mostrar a sua verdadeira disposição para dar início aos seus trabalhos, deixando de aprovar a convocação para depor de importantes autoridades lembradas nessa sujeira do submundo das negociatas respaldadas por esquemas da corrupção. Nesse contexto, ficaram de fora dos palcos mediáticos das investigações os três governadores que se destacaram com possível envolvimento com o pivô do escândalo em causa, que não precisam explicar suas relações suspeitas com as falcatruas arquitetadas pelo bicheiro goiano e seus asseclas. A aludida comissão apenas decidiu quebrar os sigilos da empresa Delta, com relação às suas operações na região Centro-Oeste, embora haja suspeita de atividades irregulares em todo país, com enfoque, principalmente, na execução de obras do famigerado Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, filho mais famoso da presidente da República. Na ocasião, foram quebrados os sigilos de pessoas sem foro privilegiado que assessoravam o bicheiro e já foram investigadas pela Polícia Federal. Como não poderia fugir à regra, o PT e o PMDB comandaram os trabalhos da CPI, que estabeleceram as normas que resultaram em decisões satisfatórias aos seus interesses, tendo alguns deputados petistas declarados que "Nós não vamos fazer devassa" e "A generalização cheira a devassa". Os participantes da reunião tiveram a indelicadeza de fazer acordão, principalmente entre caciques do PT, PMDB e PSDB, para blindar os governadores de Goiás, do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, além de preservar a Delta nacionalmente, que é contratada pelo governo federal. Confirmando essa assertiva, veja-se o texto transmitido por um deputado do PT ao governador do Rio de Janeiro: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu (sic)". O certo é que essa comissão nem começou a apurar coisa nenhuma, mas já patenteia triste rastro de incompetência e de inoperância, deixando de convocar os suspeitos de peso e mirando seus trabalhos em pessoas de pequena importância, dando a entender que ela segue a cartilha dos principais partidos e tomam as decisões ao sabor e à orientação políticos que interessam a essas agremiações, em absoluto detrimento da finalidade precípua da sua institucionalização. Não deixa de ser vergonhoso que os políticos se esquivem, embora tendo excelente oportunidade, de apurar denúncias tão graves que envolvem os meandros de governos corruptos e desonestos. Ora, não deixa de ser um contrassenso o Planalto pretender revelar a verdade do passado, com relação aos crimes que violaram direitos humanos, quando, agora, se acovarda em abdicar da apuração do rombo causado por essa enorme cachoeira, dando a entender que a criação dessa “famosa” comissão tem servido notadamente para desviar as atenções da opinião pública e da mídia de assuntos polêmicos, como o caso do julgamento do escândalo do mensalão e da própria verdade sobre o vergonhoso caso Cachoeira, como forma de consagrar o já arraigado princípio da impunidade aos corruptos, instituído com sucesso por esse governo. A sociedade deve repugnar as atitudes desrespeitosas à dignidade e honorabilidade que se exigem de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que tem como princípio o dever constitucional da investigação dos fatos denunciados, com vistas às medidas necessárias ao saneamento das impropriedades apontadas e às penalidades cabíveis aos culpados, independentemente ao foro privilegiado das autoridades envolvidas, como forma de moralização deste país. Acorda, Brasil! 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de maio de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Anomalia política

Embora o anômalo pagamento dos 14º e 15º salários tenha sido extinto, por unanimidade, pelo Senado Federal, em absoluta consonância com a posição defendida pela sociedade, por considerá-lo regalia esdrúxula e indecente, os deputados federais resistem à pacífica aprovação da medida e se dizem desconfortados em discutir a matéria, alegando, no caso do líder do PT na Câmara, que “Vamos discutir se iremos reduzir nosso salário?”. Outro líder do grande partido PMDB alegou que “Ainda não me dediquei a pensar sobre o assunto.”, apesar da demorada e calorosa discussão do tema no Senado. Na verdade, essa classe política que pensa com órgão diferente do cérebro não é digna nem de misericórdia, porque esse sentimento de piedade somente se tolera manifestar por quem tem o mínimo de racionalidade. Veja-se que qualquer Homo sapiens médio percebe, sem dificuldade, que se trata de ignominiosa vantagem somente paga, de forma arbitrária e espúria, aos parlamentares, em evidente privilégio totalmente inaceitável, diante da insignificante representatividade desses “ilustres” cidadãos, que dão o péssimo exemplo à nação, ao comparecerem ao local de trabalho - o Congresso Nacional – somente de terça-feira à quinta-feira, sem qualquer compromisso com a produção de coisa alguma e muito menos a obrigação de prestar contas sobre suas atividades ao seu patrão, que, infelizmente, somos nós, os bestas dos contribuintes, que, de forma compulsória, custeiam o parlamento mais dispendioso do mundo e certamente o que menos produz em benefício da sociedade, mostrando que seu sacrifício é enorme, à luz da avaliação de resultado, em termos e custo-benefício, cuja atuação também não resiste a qualquer critério de honestidade e honradez. Prova disso, basta apenas sentir o que disse, com muita propriedade, o deputado ex-jogador de futebol sobre seus pares, nestes termos: “Fiz amizade com um pessoal, mas, vou lhe dizer uma coisa, ali só uma minoria de gente vale a pena conhecer. De mais de 500 deputados, uns 400 não querem saber de nada. Nada mesmo. Dão as caras, colocam a digital pra marcar presença e se mandam. Vejo isso o tempo todo.” e “Virou cena tão comum que ninguém demonstra um pingo de constrangimento em fazer o teatro. Muita gente ali ocupa cargo de líder, é tratado como autoridade, mas está no quarto mandato e nunca propôs nenhuma emendazinha. Como pode? Passam anos no bem-bom do poder sem cumprir uma vírgula do que prometeram. Mas, quando vão à tribuna, os caras falam bonito que só vendo.”. Como é constrangedor e deprimente ouvir isso de alguém que faz parte de um Congresso desmoralizado e desacreditado e ainda tem gente ali defendendo, na maior cara de pau, uma indignidade, verdadeiro absurdo, como o pagamento de salários sem o devido amparo legal e constitucional. A sociedade tem a obrigação moral e cívica de manifestar, com veemência, contrariedade à continuação desse indecente privilégio, exigindo que os parlamentares se conscientizem sobre a necessidade de acabar com essa excrescência, que tanto desmoraliza a classe beneficiada, ante a evidente falta de plausibilidade e de consistência constitucional. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 16 de maio de 2012

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Apelo de mãe

Uma mãe desesperada apela à presidente da República para evitar que seu filho seja executado na Indonésia, onde foi preso, em 2004, por tráfico de drogas e condenado à morte. Em consequência da denegação dos recursos impetrados na Justiça desse país, a esperança dela, como a única chance de evitar a pena de morte, é conseguir a extraditado e o regresso do seu filho ao Brasil. Ela disse que "Sei da condenação, que ela existe, mas não penso na pena de morte. A situação do Rodrigo hoje é bem difícil. No ano passado, a Justiça negou a apelação. Agora só resta um pedido de perdão ao presidente da Indonésia. Será sim ou não, é o último recurso" e concluiu "Para que ele possa voltar ao nosso país, a pessoa que tem esse poder é a presidente Dilma. (Queria) que ela olhasse com carinho. Ela, como mãe, pode imaginar o que é a dor de uma pessoa que esteja longe. É um apelo muito forte, de mãe para mãe.". Essa questão é bastante complicada diante da certeza de que incontáveis mães, igualmente aflitas, já tiveram seus lares destruídos mediante a ação insana de traficantes de drogas, como a praticada pelo rapaz condenado à morte na Indonésia. Noutras situações, viciados são capazes de assassinar pessoas, inclusive membros da família, roubar e praticar crimes violentos, tudo sob efeito ou por causa das drogas como as traficadas por aquele rapaz. Será que há justificativa plausível para a intervenção da autoridade máxima do país em prol de alguém que trabalhou diretamente para a desgraça e destruição de pessoas? Haveria alguma garantia desse cidadão à sociedade se, livre da pena capital, não voltaria a cometer a infelicidade do seu próximo? Não obstante, como ser humano, dar perfeitamente para sentir a intensa dor que essa mãe, destroçada com a situação, vem sentindo com a iminência da perda do seu amado filho, que, contrariamente, não demonstrou um pingo de amor para com ela, nem com ele próprio, à vista da sua tresloucada atitude suicida, pondo em seríssimo risco a sua vida, em aventura sem retorno, em se tratando de incursão em país onde existe política séria e adequada para combater com o devido remédio a praga das drogas, que dizima sem piedade a vida humana e causa outros infortúnios à sociedade. Essa senhora tem todo direito de recorrer e pedir socorro às autoridades do seu país, para que o seu sofrimento não seja ainda maior pela omissão de não intentá-los, como última medida que qualquer pessoa, na sua situação, também faria. Não se pode, agora, condená-la pela possível má criação do seu filho, porque o descaminho dele, por certo, pode não ter tido a participação dela, quando se sabe que a organização criminosa do mundo das drogas ignora completamente a ação dos pais, que são impotentes para lidar com essa poderosa força do mal, que atua justamente com a finalidade da destruição da sociedade. Não há dúvida de que, nos países onde existe legislação frouxa e obsoleta de controle e combate ao narcotráfico, como o Brasil, o seu povo vive em permanente padecimento, como no lamentável caso dessa mãe angustiada, cuja solução para a questão do seu filho se tornou complicada e impossível de final feliz. A sociedade brasileira espera e confia que o caso em comento sirva de lição positiva, em termos de seriedade e rigidez em combate ao tráfico e uso de drogas, para o governo aprimorar e modernizar a legislação pertinente ao caso, de modo que o povo seja efetivamente protegido desse câncer da modernidade, porque o claro descaso oficial a problema tão grave e a falta de punições duras somente contribuem para beneficiar as ações devastadoras dos narcotraficantes. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 15 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

Hipocrisia na política

Pelo menos em época eleitoral, o Santuário Terço Bizantino, situado na zona sul da capital de São Paulo, já se tornou campeão de audiência entre os candidatos que se dizem católicos, por certo na tentativa de convencer significativa parcela do eleitorado sobre sua preferência à mesma religião e seu culto aos princípios verdadeiramente cristãos, foto esse que poderá ser fortalecido se contar com o respaldo do seu pároco mais famoso, que arrasta multidões por ali. No último sábado, o pré-candidato petista à prefeitura paulistana esteve frequentando aquele templo, recebendo a hóstia consagrada, em missa que seria comandada pelo referido padre, mas ele, de forma inteligente, não compareceu ao santuário, talvez para não participar de uma abominável farsa. Essas missas, como se sabe, já se tornaram tradicionais agendas de campanha de candidatos, como ocorreu em 2010, quando os principais candidatos à Presidência da República se duelaram de forma ardorosa, com a finalidade de defender posições de fé, a ponto de desprezar os reais compromissos de campanha e, por causa disso, quase foram considerados freira e padre, de tanto se enfronharem em assuntos religiosos e mostrarem fidelidade aos princípios cristãos. Agora, parece estranha e inconcebível a forma pela qual o aludido pré-candidato, sendo cristão ortodoxo, seja anunciado como "presença especial" pelo celebrante, participe das orações católicas, faça, pasmem, até leitura dos Atos dos Apóstolos e receba a hóstia das mãos do celebrante. Tudo esse “sacrifício” deve se justificar pelo fato de sua pessoa sofrer sérias críticas de setores religiosos mais conservadores, por causa do kit anti-homofobia, produzido pelo Ministério da Educação para combater a homofobia nas escolas, que não chegou a ser distribuído, mas valeu a iniciativa da sua elaboração, com recursos públicos jogados pelos ralos. Esse estranho expediente petista não é novidade, como relatado acima, o candidato em situação periclitante nas pesquisas de preferência, embora de índole comunista-leninista, inclusive com livros publicados sobre o tema, de repente se apresente ao povo como fervoroso católico, com cara de anjo e todo piedoso, diante de plateia incrédula e não acreditando no que estava ocorrendo, mas entendendo perfeitamente que se tratava de fato de desespero de um candidato que não consegue convencer a população sobre as suas qualificações para administrar a principal e mais importante cidade do país. Essa sua súbita pseudoconversão de ateu para o cristianismo pode ser mera coincidência com o ano eleitoral, mas isso pode ser apenas o começo de tantas invenções maquiavélicas petistas. Na verdade, logo ele vai se declarar contrário ao aborto, ao kit gay, à eterna e completa incompetência no gerenciamento do Ministério da Educação, onde foi titular e o ensino público conseguiu regredir na sua gestão, etc., porque em ano eleitoral e não emplacando nas pesquisas, o povo adora acreditar em artimanhas e mentiras deslavadas. Esse artifício petista faz lembrar outra esperteza de “famoso” político brasileiro que, após cumprimentar o povo nas ruas, imediatamente desinfetava as mãos com álcool, demonstrando a sua repugnância e ojeriza àquele que o elege, sem que este desconfie que era usado com atos de insinceridade e indignidade. Em muitos casos, os candidatos extrapolam e exageram suas encenações, como no caso em comento. A sociedade tem a obrigação moral de recriminar as atuações artificiais e hipócritas de políticos que nada possuem em termos de bagagem e conteúdo para oferecer como compromisso de gestão e exigir mais seriedade dos candidatos, deixando claro que os púlpitos das igrejas não podem servir de palanques de políticos para as suas campanhas eleitorais. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 14 de maio de 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Inexplicável desprezo

A inclemente seca deflagrada no Nordeste, este ano, tem sido tão devastadora que já é considerada uma das piores dos últimos tempos e o mais grave disso é que seus principais impactos são terríveis, por atingirem áreas de vital importância para a sobrevivência não só da população, mas de todo conjunto de animais, tendo influência direta e preponderantemente na falta generalizada de água para o consumo das pessoas e dos animais; na escassez de alimentos para as pessoas e rações para os animais de criação e os selvagens; no súbito e elevado preço dos cereais, que, se não forem imediatamente abastecidos pelo governo, podem ocasionar fome e consequentes doenças, em especial nas famílias desprovidas de recursos financeiros; no possível êxodo rural, muito comum e em grau acentuado nessas épocas de dificuldades; e na fragilidade do processo de participação das pessoas quanto às causas comunitárias, em face da possível falta do indispensável apoio governamental, com recursos materiais e financeiros. Convém que o socorro proveniente dos setores competentes seja providenciado o mais rápido possível, sob pena de a demora provocar completa dizimação do pouco que ainda resta de disposição e coragem para enfrentamento de tamanhas agruras, que já atingiram o ápice dos limites humanos. Por ser um ano eleitoral, esperava-se que a ajuda oficial já tivesse batido às portas das pessoas necessitadas, mas, infelizmente, até agora os aproveitadores dos recursos públicos não tiveram a dignidade de mostrar suas caras nos locais flagelados. Essa questão envolvendo as estiagens e secas prolongadas pode ser resolvida com facilidade, bastando que os governantes tenham o mínimo de sensibilidade e racionalidade humanas e a simples iniciativa da implantação de políticas com ação permanente e abrangente e não apenas localizada, com enfoque e incidência nas regiões afetadas pela seca, de modo que o planejamento possibilite, além de outras providências concretas e não meras ações eleitoreiras pontuais, a captação e o armazenamento, nos períodos de chuvas abundantes, de água e de gêneros alimentícios suficientes para o suprimento das carências das pessoas e dos animais. A gravidade do momento acena para a urgente necessidade da mobilização da sociedade, para exigir a imediata adoção de políticas públicas exclusivas para a região, objetivando o atendimento das demandas agora verificadas e da implantação das medidas destinadas ao saneamento definitivo das causas nefastas que as mudanças climáticas provocam na região nordestina. Não obstante, não deixa de ser estranho que uma região, tão importante como a do Nordeste, seja periodicamente afetada e castigada com a terrível seca e não existam planos específicos para combatê-la com eficiência e de forma definitiva, o que demonstra com bastante clareza o gigantesco descaso dos governantes para com esse grave problema, os quais somente prometem o tempo todo, mas, em termos de efetividade, nada é providenciado para solucionar essa questão que incomoda demais e já se tornou recorrente, dando a entender que há total e inexplicável conveniência para a classe política não se empenhar de verdade, como é do seu inarredável dever, com a causa dos nordestinos, que há séculos sofrem com o mesmo malefício que martiriza de forma cruel aquela gente batalhadora. A sociedade clama por que os governantes federal, estaduais e municipais, com a devida urgência, se unam num só propósito e se conscientizem sobre a real necessidade da implantação de medidas efetivas e concretas, com capacidade suficiente para evitar, em definitivo, os maléficos impactos das secas no Nordeste, de modo que as ações emergenciais adotadas de tempo em tempo e os severos sofrimentos daquela brava gente sejam banidos para sempre daquele castigado cenário. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 14 de maio de 2012

domingo, 13 de maio de 2012

Obrigado, mamãe

Não existem maiores belezas nesta vida do que a admiração e a dedicação da mãe pelo seu rebento, conforme se percebe diante da sua adoração, sempre com incomparável cuidado, pura sensibilidade e irresistível amor. Nem mesmo o coração resiste tamanha sublimidade do carinho e do amor que ela dedica ao amado filho, numa eloquência cheia de cativante sensibilidade, na exata medida da expressão da sua ternura e do seu apego. Ela conquista com  espontaneidade o reconhecimento do filho com o título de melhor mãe do mundo, não importando a língua ou pátria e isso é um fato incontestável, por não existir algo mais puro e confiável nesta vida do que a figura materna, além da sua capacidade de sacrificar-se em qualquer circunstância pelo benefício do filho. Um fato impressionante é que, em momento algum, a mãe reclama da falta de energia para justificar a necessidade do merecido repouso, em compensação ao intenso e infindável trabalho e à voluntariosa dedicação, por toda sua vida, porque, na opinião dela, seu filho nunca cresce de verdade e continua sempre criança carente, e ela sente na obrigação de se manter em permanente vigilância e proteção, não permitindo que lhe falte o seu apoio, que é sempre especial. Como é enorme a sua capacidade de amar, de se dedicar e de manifestar verdadeiros sentimentos de guarida, proteção, vigilância, carinho, bondade e amor, tudo em dose exagerada e sem limites. Não há dúvida de que ninguém se iguala à mãe com relação aos atributos de inteligência, sensibilidade e percepção para disseminar, apenas com bons e verdadeiros exemplos, o conhecimento, o saber e a formação moral e intelectual do seu filho. Outra virtude materna se desponta pela vocação de conseguir, com boas maneiras, a construção do fortalecimento da união familiar e vê-la protegida pelas bênçãos divinas. É verdade que ela é merecedora das melhores formas de reconhecimento e de enaltecimento todo dia do ano, mais o coração filial sente-se mais acelerado de emoção e alegria pela realização da reunião festiva em família, neste segundo domingo do mês de Maria, a veneranda mãe de Jesus Cristo e de todos nós, para expressar, com muito carinho e amor, o quanto ela é importante em nossas vidas; o agradecimento pela concepção da vida, pelos sacrifícios da criação, pela tolerância, pela sublime dedicação, pelas maravilhosas lições de cidadania e de compreensão e pelos ensinamentos que servem de norte para a vida inteira; e a merecida homenagem também como prova da gratidão e da reciprocidade do amor de verdade. Nesse momento de merecidas homenagem às mães, há também de ser lembrado com eterna saudade e devida justiça o importante legado deixado pelas mães que estão por certo no incansável labor celestial, continuando a sua perfeita obra concluída na terra. Pode-se dizer com toda propriedade que não existe nada maior e mais puro do que o amor materno e também não há data melhor e mais oportuna do que, no seu dia, comemorado hoje, para o filho ter a felicidade de dizer eu te amo, mamãe, de parabenizá-la e de agradecê-la com um especial muito obrigado, pela beleza e magistralidade da sua existência.  Parabéns, mamãe e feliz seu dia para todos...    

ANTONIO ADALMIR FERNANDES         

Brasília, em 13 de maio de 2012

sábado, 12 de maio de 2012

Ausência de qualificação

Não é de agora e todo mundo sabe, menos o governo, que os ministérios são instrumento ideal para tratar dos interesses partidários, como forma mais eficiente para apaziguar desentendimentos internos das agremiações, como bem demonstra a principal preocupação do novo ministro do Trabalho, que, logo depois de confirmada sua escolha pela presidente da República, disparou: "O fundamental é a unidade do partido e acabar com qualquer tipo de insatisfação" e concluiu: "Não teremos grandes dificuldades para seguir o projeto de unidade do partido". No entanto, em nenhum momento foi aventado sobre projeto de trabalho no Ministério, para justificar a sua indicação, fato que só confirma a falta de importância que tem a existência ou não de algum plano de trabalho para o cargo. No dia seguinte, ele só ratificou o esvaziamento de ideias e propostas para a ação ministerial. Todavia, isso evidencia a coerência da completa incapacidade e do despreparo da equipe desse governo, que preenche os principais cargos da Esplanada exatamente com políticos sem qualquer vocação para comandar senão as ações de interesse pessoal ou partidário, em perfeita sintonia com o nivelamento por baixo adotado para evitar a eficiência da administração pública e o desenvolvimento da nação. A presidente da República foi fiel e coerente quanto ao padrão de loteamento do governo, mantendo o Ministério do Trabalho sob o comando do PDT, agremiação que demonstrou, na pessoa do seu presidente, total incompetência gerencial, confirmado com o afastamento do seu titular por graves denúncias de corrupção com dinheiros públicos e inúmeros casos de irregularidades, comprometendo seriamente a imagem dos brasileiros dignos. É bastante estranho que, apesar de ter sido escorraçado do governo como um cão sardento, por ter se tornada insustentável a sua permanência no cargo, o falastrão ex-ministro foi alvo de honraria no anúncio do novo ministro, como se a sua liderança pedetista o qualificasse para tamanha deferência. Na verdade, essa nomeação mantém incólume a vergonhosa e abominável forma de loteamento da administração pública entre os partidos da base de sustentação do governo, em absoluto respeito e homenagem às siglas da inescrupulosa coalizão em vigor. Em princípio, a nomeação de ministros, num regime republicano, é ato de inteira e exclusiva responsabilidade do presidente da República, mas isso, na verdade, não acontece, como mostra o caso em foco, em que sai o ministro e entra outro do mesmo partido, que também ganha o direito de nomear o restante dos cargos desse órgão com seus apaniguados, como demonstração da partilha da administração com os componentes da base governista, em nítida evidência de que a presidente não é a responsável máxima pela gestão pública brasileira, que falece por completo à mingua de qualidade e objetividade programáticas, fatos estes que se tornam irrelevantes para quem participa do banquete do poder. A sociedade brasileira tem o dever cívico de contestar, de forma veemente, esse indecente e prejudicial loteamento dos cargos da administração pública, por ser visivelmente contrário à dignidade e aos valores e interesses nacionais, principalmente pela clara falta de seriedade e pelo aviltamento da eficiência e da eficácia, resultando descrédito e desconfiança no gerenciamento do patrimônio do povo, ante a ausência de compromissos principalmente com as causas públicas, a moralidade, a integridade e a competência para comandar e gerenciar os negócios do Estado. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de maio de 2012