segunda-feira, 25 de abril de 2011

A verdadeira comissão

Atualmente, fala-se aos quatro cantos sobre a necessidade da criação da Comissão da Verdade, que terá a incumbência de apurar os fatos acontecidos no truculento período revolucionário brasileiro, tendo como pano de fundo, basicamente, os crimes praticados pelos militares e aclarar os casos considerados ainda obscuros, principalmente sobre a destinação de pessoas, sob o argumento de que os seus familiares jamais souberam o que realmente ocorreu com elas. Induvidosamente, os fatos tristes e lamentáveis do passado recente merecem e devem ser esclarecidos, em benefício e fortalecimento da democracia brasileira, que precisa se consolidar com a transparência da história do seu povo. Contudo, a verdade verdadeira não pode prescindir da apuração ampla e imparcial dos acontecimentos, sob pena de imperdoável omissão e imprecisão, em condenável prejuízo da finalidade precípua dessa comissão. Essa pode ser excelente oportunidade para que a sociedade, ávida e ansiosa, possa ser esclarecida sobre as assombrosas ocorrências clandestinas na “era de chumbo”, permitindo que as atrocidades praticadas de lado a lado venham à lume, sem  qualquer espécie de revanchismo, para não prejudicar o propósito primordial de colocar os fatos às claras, mostrando seus detalhes, inclusive as motivações, tanto aqueles praticados pelos órgãos de repressão, na sua famosa forma de tratamento “aos costumes”, como, em especial, pelos terroristas e bandidos insurgentes do regime de exceção, na prática de sequestros de pessoas, assaltos a bancos, invasões de órgãos públicos e propriedades particulares etc. As apurações, pela sua relevância, devem ser abrangentes, transparentes e imparciais, para que não restem dúvidas sobre as maldades praticadas pelos envolvidos. Certamente que, com a história passada a limpo, a democracia será altamente beneficiada, porque ninguém mais terá o direito de reclamar da falta de esclarecimentos sobre a verdade dos fatos. Na realidade, o que importa para a sociedade é a revelação de tudo, a verdade enfim do que foi protagonizado por todos os envolvidos, opressores e oprimidos, inclusive constando, se for o caso e sendo necessárias, as devidas acareações para dirimirem definitivamente as contradições de lado a lado, como forma de contribuir positivamente para que a democracia prevaleça em toda a sua plenitude.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 25 de abril de 2011

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