segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

A punhalada

 

Em mensagem que circula nas redes sociais, foi transcrito velho dito popular, em que se lê o seguinte: “Não é a punhalada nas costas que dói, é você olhar para trás e ver quem o apunhalou”.

É evidente que se percebe, na mensagem, o sentido pretendido de querer expressar algo diferente do que verdadeiramente aconteceu, quando se sabe que a punhalada realmente vale de fato e de direito pela intensa dor, que nem tem como despistar que ela nem teria doído, porque não tem como dissimular que não doeu, quando a intensa dor deixa a sua marca também para sempre.

Agora, o certo mesmo seja se dizer que a dor é aumentada de intensidade infinita e ainda mais sentida quando a punhalada foi dada por alguém que jamais se pensava que era capaz de golpe tão doloroso e jamais imaginado.

Melhor, porque consentâneo com a terrível situação, poder-se-ia imaginar a frase com a devida objetividade, dando ênfase ao fato, nestes termos: "A punhalada nas costas se torna duplamente dolorida quando se percebe quem foi o autor".

Evidentemente na imaginação, sob a concepção da vítima, de que o autor seria incapaz de protagonizar tamanha e trágica traição, cuja dor se torna ainda muito mais ferina e intensa.

Na verdade, de qualquer maneira, a dor da punhalada deve ser terrivelmente insuportável, não importando quem a proferiu, porque ninguém, neste mundo, seria capaz de suportar horrível dor, mesmo que a punhalada tenha vindo de quem vier.

Na realidade, quem apunhalou teve a real intenção de causar todas as formas de dor e não haveria nenhuma eficácia no ato medonho se isso ficasse somente na dor de se saber quem a deferiu.   

Em hipótese alguma, se pode tolerar que a punhalada nas costas, ato físico ou imaginário, não teria causado profunda dor, mas somente a forma mesquinha da traição, por parte de quem a proferiu, tenha doído, na maneira preconizada pela mensagem, porque isso não é verdade, à vista da normal sensibilidade humana!

Por fim, digo mais, por imaginação, que toda e qualquer punhalada, não somente nas costas, é horrivelmente dolorida, não importando quem a proferiu, que se torna ainda mais sentida se ela veio de conhecido.

Brasília, em 30 de dezembro de 2024

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