A Polícia Federal abriu inquérito, para investigar supostas
irregularidades na liberação de emendas parlamentares, no valor, pasmem, de R$
4,2 bilhões, por determinação de um juiz da corte maior do país.
O mesmo juiz também decidiu suspender a distribuição de emendas de
comissão, após pedido feito por um partido político, sob o entendimento eu que
houve um "apadrinhamento" das emendas pelos líderes partidários, o
que, na prática, impede a identificação dos parlamentares que efetivamente
fizeram os pedidos de distribuição.
O sistema de apadrinhamento contraria decisões anteriores do STF, que
condicionaram a destinação das emendas aos requisitos da transparência e da
rastreabilidade, mas o magistrado teria observado que está configurado o respeito
ao que foi amolda plenamente nas decisões daquela corte.
O partido político argumentou, na sua petição, que a indicação das
emendas ocorreu "sem aprovação prévia e registro formal pelas
comissões, sob o pretexto de 'ratificar' as indicações previamente apresentadas
pelos integrantes das comissões", em verdadeira orgia com os recursos
públicos.
O certo é que a corte havia liberado a execução das emendas no início de
dezembro com a condição de que os pagamentos seguissem regras constitucionais
relativas à transparência, rastreabilidade e controle público, mas,
contrariando essa permissão, a Câmara do Deputados manteve o regime de
apadrinhamento, em evidente farra com o dinheiro público, por meio dos líderes
das bancadas, em mecanismo que continuou ocultando, por trás das indicações, os
nomes dos parlamentares beneficiados.
Como não poderia ter sido diferente, o bloqueio provocou violenta reação
dos congressistas, de modo que, agora, deputados e senadores planejam retaliação
à decisão em apreço, tenho o relator do Orçamento de 2025 se manifestado surpreso
com a determinação.
Ele afirmou que a ação "prejudica o Parlamento", afeta a
relação entre os poderes e pode atrasar a votação do orçamento, que pode ficar
só para o final de fevereiro ou o início de março.
Na verdade, essas emendas são verdadeiras moedas de troca entre o Executivo e o
Legislativo, em forma da compra da consciência dos congressistas, que somente
aprovam medidas do interesse do Palácio do Planalto se houver a indecente liberação
de verbas para os nobres parlamentares.
O certo é que a aludida decisão afeta diretamente importante grupo de 17
líderes de bancadas da Câmara, que apresentaram documento em que apadrinhavam
os R$ 4,2 bilhões em indicações de emendas de comissão, com a liberdade para
despesas sem a menor transparência, em visível anormalidade legal.
Importante jornal do país mostrou que esse documento viola a decisão daquela
corte de Justiça, justamente porque a liberação dos recursos mantinha oculto os
nomes dos beneficiários, o que configuraria verdadeiro desvio de recursos
públicos, à vista da falta de transparência e legalidade, na sua aplicação.
Na verdade, as emendas parlamentares, principalmente essas que agora são
objeto de investigação, são verdadeiro manancial que serve para lançar luzes
sobre a farra com recursos públicos, com a materialização de desvio de verbas do
Orçamento da União, por meio de licitações fraudulentas, superfaturamento de
obras e serviços, além de derrama de dinheiro de caixa dois nas eleições,
principalmente com a compra de votos.
As emendas parlamentares se caracterizam pela legalização, de forma
cristalina, de vergonhoso esquema de compra de votos no Congresso Nacional, em
que se vota sob valor certo da corrupção, pela certeza de que cada congressista
tem o seu preço pela falta de decoro, em claras e evidentes promiscuidade, indignidade
e falta de caráter.
Espera-se que a investigação em apreço seja realmente imparcial, decente
e justa, de modo que sejam apontadas todas as sujeiras existentes nas despesas públicas
referentes aos recursos liberados por via das nefastas, imorais e ilegítimas
emendas parlamentares e que os corruptos beneficiários sejam devidamente
identificados e punidos, na forma da lei.
Urge que os brasileiros honrados repudiem, com veemência, esse perverso,
nojento e vergonhoso esquema intrínseco nas emendas parlamentares, de modo que
essa excrescência seja definitivamente eliminada do Orçamento da União, como
forma de moralização das despesas públicas, precisam beneficiar exclusivamente
a população.
Brasília, em 27 de dezembro de 2024
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