terça-feira, 15 de julho de 2025

O estadista

 

Em mensagem divulgada na internet, o último ex-presidente do país é categórico em afirmar que querem destruí-lo tanto da vida pública como da vida terrena, porque ele vem defendendo a liberdade dos brasileiros e denunciando as injustiças, conforme o texto a seguir.

O sistema nunca quis apenas me tirar do caminho. A verdade é mais dura: querem me destruir por completo - eliminar fisicamente, como já tentaram - para que possam, enfim, alcançar você. O cidadão comum. A sua liberdade. A sua fé. A sua família. A sua forma de pensar. Sem que reste qualquer possibilidade de reação. (...) Desde o início sou o principal obstáculo entre eles e o que realmente desejam: o controle absoluto sobre a sua vida. Por isso, mentem, censuram, prendem, distorcem, caluniam, perseguem, agridem - sempre com a mesma narrativa: ‘pela democracia’. Mas qual democracia permite apenas um lado falar, pensar e existir? Querem silenciar quem se opõe. E se não podem calar com censura, tentam com ameaças, inquéritos, prisão ou até com a morte. (...) Não luto por mim. Luto por algo muito maior. Luto pela maioria esmagadora dos brasileiros que não se curvaram. Luto porque não aceito ver o país escravizado por um sistema podre, sustentado por uma imprensa comprada, por poucos juízes militantes e por políticos que sabem que é sua última chance de implementar seu sonho ideológico nefasto neste país maravilhoso. Enquanto Deus me der vida, estarei aqui. Em pé. Falando a verdade. E lembrando que o Brasil não pertence ao sistema - pertence ao povo brasileiro.”.

No longo discurso da autoria do ex-presidente do país, há incontestável verdade no sentido de que ele tem tentado ser, de fato e de direito, verdadeiro obstáculo ao sistema dominante, conforme assim ele se expressa, exatamente por ter sido capaz de brigar e agredir parte de seus integrantes, logo em momento quando ele jamais podia fazê-lo.

Na ocasião, ele era o chefe do Executivo, com o especial revestimento da titularidade de estadista, que precisava observar e cumprir estratégico ritual previsto na cartilha dos deveres do presidente da República, que precisa observar estrita liturgia exigida pelo relevante cargo.

Pois bem, é de sabença dos brasileiros que há dever expresso nessa carta de princípios que o estadista precisa agir estritamente nos limites da sua competência estabelecida para os cuidados especificamente quanto aos deveres inerentes ao poder Executivo, entre os quais o que não pode se imiscuir nos assuntos inerentes aos outros poderes da República, muito menos criticá-los nem os agredir.

Não obstante, não foi exatamente isso o que realmente aconteceu no governo dele, quando ele resolveu ignorar as salutares normas próprias do estadista e ultrapassar os limites da sua competência institucional, para criticar duramente, sem ter qualquer prova, a possível precariedade da operacionalização do sistema eleitoral, sob acusação sobre fonte de fraudes, travando assim insana e injustificada disputa agressiva e completamente incompatível com as funções próprias do estadista.

É preciso se ressaltar que tais disputas de poder jamais deveriam ter sido travadas entre autoridades de poderes diferentes, por envolver assunto que o bom senso e a racionalidade recomendavam que ele poderia ter equacionado e solucionado por iniciativa dele, por meio de instrumento de competência do presidente da República, na forma de projeto de lei destinado ao normal aperfeiçoamento do aludido sistema, não havendo a mínima necessidade das críticas e agressões que tiveram o condão de suscitar a indesejável e injustificável situação de beligerância tão bem descrita no longo discurso do ex-presidente, dando a entender que ele é tão somente vítima inocente que vem sendo indevidamente perseguido diuturnamente, com a finalidade de eliminá-lo da vida, política e humana.

Convém ficar bastante cristalino que a rixa propositada e ingenuamente alimentada pelo então presidente do país não é responsável apenas pelas intensas perseguições alegadas por ele, na mensagem em apreço, mas também pelo afastamento dele do poder, a partir justamente da compreensão por parte do sistema, de que ele era e é sim forte obstáculo aos objetivos políticos de seus opositores.

Na melhor concepção política, essa estratégia da continuidade de tentativa de se passar apenas como vítima, de coitadinho que vem sendo perseguido sem qualquer motivação, conforme o relato da mensagem em causa, precisa ser urgentemente revista e repensada, para ele assumir, de vez e de maneira definitiva, a culpa pela letárgica consciência de que houve sim gravíssimo erro tático de se agredir, desnecessariamente, quem teve expertise para reagir inteligentemente, ao seu modo, e combater com qualidade de competência para subjugar completamente quem vive sendo perseguido, segundo mostra o resultado afirmativo da mensagem que denuncia os maus-tratos, que é prova da deplorável situação que foi criada insanamente por quem nunca deveria ter senão observado religiosamente o sagrado dever do verdadeiro estadista.

O certo é que nada se aproveita ficar se lamuriando e se estrebuchando, sem que não se interesse em se fazer exame de consciência sobre o que possa ter sido feito de errado, de modo a se buscar a solução desse gravíssimo imbróglio, sob pena se ficar eternamente só se lamentando, evidentemente como forma pessoal de vitimização, que parece seja o que realmente interessa, como propósito político.

Afinal de contas, considerando que o ex-presidente do país se diz o principal obstáculo aos objetivos aos opositores dele, seria da maior importância que ele, ao invés de ficar eternamente se queixando, tenha a inteligência pensar grande, no sentido de rever o que realmente pode ter contribuído para a deplorável situação, para que se tenha a humildade de reconhecer o que realmente houve de errado, em forma de reconhecimento de culpa e acerto de contas, levando-se em conta os interesses maiores do Brasil. 

Brasília, em 14 de julho de 2025

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