quinta-feira, 31 de março de 2011

Enfim, o ócio


Segundo provérbio popular, o hábito faz o monge. No meu caso, mutatis mutandis, esse adágio pode se tornar realidade, porque, para não fugir do costume e não haver a mínima possibilidade de ser acometido pelo “transtorno psicológico sentimental irreversível” (de minha autoria), ante a prática uniformemente repetida por mais de trinta anos de serviço no Tribunal de Contas do Distrito Federal, ousarei vestir diariamente o velho e surrado traje de trabalho, com gravata e tudo, e me postar diante da telinha, para passar a tarde conferindo as novelas vespertinas. Acredito, todavia, que será tarefa penosa ter que driblar a maratona pela privação de tantas coisas maravilhosas do dia a dia, no ambiente do trabalho, realizadas com o máximo de satisfação e prazer, em todos os sentidos da palavra, sem o mínimo de demagogia e sem ter medo de ser feliz, como o afetuoso cumprimento de cada companheiro; a alegria permanente e contagiante de todos; o cafezinho mais gostoso da Corte, servido com cortesia, a todo instante, pelos incansáveis copeiros; as piadas que normalmente animavam e embalavam a todos e rendiam exageradas e incontroladas gargalhadas, infringindo, às vezes, as regras da boa conduta social; os comentários acadêmicos de alto nível dos botafoguenses; até a falta dos famigerados processos, eterna razão de ser da vetusta burocracia estatal; entre outras reminiscências e lembranças saudáveis e inesquecíveis. Não obstante, tenho que me conformar que a vida é como ela é, já disse o poeta, e ela só tem verdadeiro sentido para aqueles que sabem aproveitar as oportunidades propiciadas por Deus. Confesso que saberei aproveitar bastante a energia positiva haurida durante a passagem de labuta no Tribunal de Contas do Distrito Federal, que certamente se transformará em combustível permanente para o resto da minha existência, começando agora com o ócio da merecida aposentadoria. É com incontida alegria que agradeço de coração as amigas e os amigos de trabalho, pela confiança, pelo companheirismo, pela ajuda, pela cooperação e sobremaneira pela tolerância e compreensão para comigo e por tudo, enfim, rogando ao bondoso Deus que os proteja e ilumine seus caminhos com a luz da paz, do amor e da felicidade. Obrigado a todos...

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de março de 2011

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