domingo, 20 de março de 2011

Insensibilidade

Com a finalidade de satisfazer interesses megalomaníacos do órgão internacional do futebol, o governo brasileiro concordou em reformar e construir estádios de futebol, tendo por base projetos suntuosos que vão exigir montanhas de dinheiros públicos, para nenhuma utilidade para a população carente. Complementando o descalabro da insensatez, acaba de ser criado um órgão para administrar a nababesca gastança, com estrutura composta de 180 servidores, com comemoração pela sobriedade, porque o cabide de empregos estava previsto inicialmente em mais de 300 servidores. É lamentável assinalar que esses altíssimos investimentos, com requinte de primeiro mundo, contrastam com a atual realidade da nação, onde a lamúria, a miséria a carência da população campeiam às claras na presença dos gestores públicos, que preferem banalizar o caos generalizado do ensino público, pela falta de escolas dignas e professores qualificados; da saúde pública de todo país, com a falta de médicos, instalações e equipamentos médico-hospitalares, medicamentos etc., contribuindo para agravar o quadro de penúria ao atendimento à população necessitada; da segurança pública, propiciando progressivo aumento da criminalidade; transporte público, inclusive estradas, relegados a planos secundários de governo etc. A tristeza maior dessa inadmissível situação reside, como se vê, exatamente na má gestão dos recursos públicos, que são aplicados sem a mínima priorização. O bom senso, a sensibilidade gerencial, o zelo e a responsabilidade públicos deveriam obrigar que compromissos absurdos, como esse do patrocínio da Copa do Mundo de Futebol, somente poderiam ser efetivamente assumidos pelo Estado quando o país não mais padecesse terrivelmente na UTI e o ser humano, beneficiário de assistência pública, tivesse tratamento digno em todos os sentidos, diferentemente do que se constata na atualidade. 
  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 20 de março de 2011

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