sexta-feira, 23 de março de 2012

Incoerência gerencial

Como forma de desfaçar a gravidade da atual crise política no seu governo, com a tentativa de mostrar que ela não pode imobilizar as atividades palacianas, bem como mudar o foco do governo para uma agenda diferente, a presidente da República se reuniu com a nata dos empresários e banqueiros do país, para cobrar deles mais investimentos na indústria e no setor produtivo. A reunião contrasta com o momento de turbulência que atinge o Planalto, protagonizada pelos congressistas, mais precisamente o maior partido da sua base aliada, o PMDB. O aludido encontro teve por objetivo pedir aos empresários aumento dos investimentos, para dinamizar o ritmo de crescimento do país, diante da verificação, pelo IBGE, da estagnação dos investimentos no segundo semestre do ano passado, e mostrar que o governo deseja priorizar que a economia cresça pelo menos 4% em 2012, quando o crescimento do primeiro ano de governo foi de somente 2,7%. Estranha-se o fato de o governo ter a deselegância de pleitear mais investimentos dos empresários e não apresentar medida concreta como forma de contribuir com o seu esforço para facilitar a aceitação e a boa vontade dos interlocutores, que, apesar de terem comportamento exemplar e serem muito educados, apenas reivindicaram que o governo se dignasse a rever o corte de recursos para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; reduzir a exagerada carga tributária, uma das maiores do planeta; diminuir os elevadíssimos preços da energia; solucionar os gargalos na infraestrutura; derrubar as altas taxas de juros bancários; criar mais medidas para conter a valorização do real; e desonerar a folha de pagamento de ao menos sete setores da economia. Esse encontro teve o condão de evidenciar a completa incompetência da mandatária do país, uma vez que o estímulo ao crescimento econômico do país exige a adoção de uma séria de medidas de racionalização de competência do Estado, entre elas se inserem reformas estruturais e adequação da máquina pública à realidade econômica, objetivando drástica redução, de forma geral e abrangente, dos elevados encargos da indústria, da produção e dos meios indutores da economia, não somente no que diz respeito aos grandes empresários, mas devendo envolver toda produção brasileira, que atravessa sérias dificuldades, em virtude do sufoco que o dragão da competitividade impôs aos produtos nacionais, sem que o governo ofereça algo como antítese capaz de combater essa tragédia que afronta a frágil e desordenada indústria nacional. Não há a menor dúvida de que este momento é ideal para o governo providenciar, com a devida eficiência gerencial, o indispensável enxugamento da máquina pública, reduzindo-a ao mínimo possível para que a administração pública seja capacitada e conduzida com exclusivo mérito e competência. Urge que a sociedade convoque encontro com o governo, tendo a finalidade de mostrar-lhe, de forma didática e com a maior clareza possível, que a estagnação do desenvolvimento do país não depende somente dos investimentos dos empresários e banqueiros, conquanto o custo Brasil, compreendendo, entre outros fatores, a pesada carga tributária, os elevados encargos trabalhistas, os altíssimos juros, a enorme burocracia, a deficiente infraestrutura, obstaculiza e emperra drasticamente as iniciativas de crescimento econômico do país. Acorda, Brasil! 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 22 de março de 2012

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