quarta-feira, 14 de março de 2012

Reforma política, já

Algo incrível e quase inacreditável acaba de acontecer na historia politica contemporânea brasileira, mas é verdade. Trata-se da decisão dos senadores do PR, no sentido de encerrar as negociações com o governo, com vistas à indicação do ministro dos Transportes, rompendo, de imediato, com o Planalto e ainda declarando-se seu opositor. O referido partido tem sete senadores e sempre votou alinhado com o governo. O partido vinha em crise com o governo desde o descobrimento dos atos de improbidade administrativa, com a constatação generalizada de irregularidades com dinheiros públicos, causando a falência do sistema nacional de transportes públicos, uma vez que as contratações para construção de estradas e rodovias eram firmadas com empresas suspeitas de pertencerem a parentes e amigos dos dirigentes dos órgãos responsáveis pela política dos transportes, que permitiam sobrepreços e superfaturamento de obras, sempre prestadas de forma ineficaz. A consequência disso foi a queda do então ministro, em julho passado. De lá para cá, o PR vinha tentando a todo custo junto ao Planalto emplacar um político do seu partido para ocupar o Ministério dos Transportes, para que a mamata e a pouca vergonha com os recursos públicos pudessem voltar normalmente aos patamares dos bons tempos, em que a incompetência gerencial reinava nos órgãos comandos por esse partido, com o loteamento da sua direção ficava nas mãos dos afilhados e protegidos da agremiação, sem qualquer compromisso com a eficiente execução dos programas de transportes, uma vez que o domínio desse Ministério tem por exclusivo objetivo beneficiar o próprio partido e seus filiados, com o propósito de fortalecer conquistas de espaços eleitorais e fortalecer seus candidatos, ou seja, comandar um Ministério é real certeza de se manter no poder e ganhar sustância para vencer eleições. Nem precisa ser bom entendedor para se concluir que essa decisão somente foi adotada porque os interesses do partido não foram atendidos, isto é, como não tem cargos, então o melhor negócio é sair do barco e passar a ser oposição. Essa exigência de ocupação de cargos públicos, sem o devido concurso, não deixa de constituir crime contra o patrimônio público, ante a clara demonstração de fisiologismo com a finalidade de beneficiar seu partido com recursos públicos, em detrimento dos interesses nacionais. Urge que, com vistas à eficiência, à moralização e à dignificação da administração pública, haja reforma política abrangente, tendo por pilares ideologias decentes firmadas com fins exclusivos para o atendimento dos interesses públicos, como forma capaz de satisfazer a existência do Estado. Acorda, Brasil! 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 14 de março de 2012

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