terça-feira, 13 de março de 2012

Pouco sensibilidade

Tão logo sepultaram o pagamento dos abomináveis14º e 15º salários, não por sua soberana vontade, como deveria ter sido por dever de respeito aos princípios da moralidade, mas sim por pressão avassaladora da sociedade, os “ilustres” deputados distritais submergem em manobra ousada e desafiadora, aprovando projeto que objetiva a aquisição de veículos oficiais para eles, cujo custo poderá atingir o montante de, pasmem, R$ 2,3 milhões. Essa insensibilidade política originou-se com a inclusão num projeto de lei do Executivo, único aprovado este ano, dispondo sobre autorização de crédito adicional ao orçamento para o corrente exercício, de uma emenda totalmente diferente da proposta inicial, tendo por finalidade suprimir dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que restringe a aquisição de carros oficiais para o Distrito Federal Essa medida acaba com a restrição de pura austeridade e permite que, não somente a Casa Legislativa, mas os órgãos distritais possam comprar carros livremente. Sem perda de tempo, a Câmara já determinou o levantamento de custo para vinte e seis veículos, destinados aos vinte e quatro parlamentares. Como justificativa, o presidente da Câmara brasiliense, sem o mínimo escrúpulo, disse que vai adotar “as necessárias providências para que a Casa tenha infraestrutura suficiente para atender cada vez melhor a população”. É evidente que, para satisfazer dignamente os anseios da sociedade, os deputados precisariam apenas debruçar sobre o trabalho com competência, responsabilidade e indispensável interesse em solucionar os graves problemas relacionados com as causas sociais, independente de novos carros, porque o dever de servir ao público, como precípua missão de bem representar o povo, não pode sacrificar a sociedade com mais esse pesado ônus totalmente dispensável. Até parece brincadeira de mau gosto essa evidente falta de compostura dos deputados distritais, em que a sociedade é explicitamente desrespeitada, mediante manobra escabrosa, com atitude que contraria não somente a dignidade parlamentar, mas sobretudo a própria existência dessa instituição, diante da demonstração de pouca produção em benefício da população e de regalias, mordomias e vantagens incompatíveis com o decoro parlamentar, ferindo princípios de austeridade e de economicidade, cuja observância se exigem de todo servidor público. Trata-se de gravidade ética e moral, por ser recalcitrância claramente lesiva aos cofres públicos, quando essa aquisição de veículos de luxo objetiva satisfazer caprichos pessoais, sem a mínima preocupação com as prioridades sociais e governamentais, mas como forma de potencializar ainda mais o poder e a arrogância sobre a sociedade sabidamente carente, à custa do dinheiro dos bestas dos contribuintes distritais. Urge que os brasilienses sejam mais rigorosos com a escolha de seus representantes, aproveitando para que o exemplo desses cidadãos que estão aí sirva de parâmetro para que haja plena renovação dos parlamentares, por pessoas que tenham consciência de que servir à sociedade é sinônimo de trabalho, competência, austeridade, economicidade, moralidade, ética, e de respeito aos demais princípios da administração pública. Acorda, Brasília!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de março de 2012

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