quinta-feira, 15 de março de 2012

Proibir é proibido

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa houve por bem proibir, no país, a venda de cigarros, inclusive os derivados, como os fumos para cachimbos, com os sabores de menta e de cravo. No entanto, atendendo aos apelos dos fabricantes, o órgão manteve o uso de açúcar na produção industrial dos cigarros, sob o argumento de que a cadeia produtiva do tabaco ficaria inviabilizada sem o uso da sacarose. O governo entende que os referidos aditivos são a porta de entrada das pessoas mais jovens para o vício em tabaco, uma vez que "É quase intuitivo. Se você quer agradar uma criança, você dá um doce. Esses aditivos têm a função de facilitar o consumo, facilitar a tolerância do organismo à fumaça e ao gosto do cigarro.”. Não há a menor dúvida de que a questão do fumo diz respeito à área de atuação do Estado, à vista dos graves reflexos que o seu consumo causam à saúde da sociedade, burra e estúpida, por fumar droga e ainda pagar para adquirir doença, principalmente pulmonar. Dificilmente o fumante desconhece o tamanho da encrenca que poderá enfrentar, diante da possibilidade do comprometimento da sua saúde com doenças gravíssimas e perigosas, como o câncer. Agora dizer que sabor mentolado ou outro qualquer pode ser motivo para se iniciar no vício apenas explica a exata ignorância e incapacidade das autoridades responsáveis por esse assunto, porque ninguém se vicia somente por causa de sabor, que o digam nossos pais, avós... Ninguém pode concordar com decisão arbitrária como essa do governo, máxime porque isso é mais uma inconteste prova da incompetência oficial, que demonstra com isso a falta de política pública capaz de solucionar com a devida adequação esse grave problema social, ao oferecer à sociedade medida medíocre, reprovável e da pior qualidade, na forma de simples proibição da venda de produto, apenas restringindo ao cidadão o poder de exercer, livre e soberanamente, o sagrado direito de iniciativa de escolha, opção, hábito, consumo e condição de vida, não importando se isso é ou não a melhor opção, sob o ponto de vista saudável. O mais correto seria o governo mostrar, de forma pedagógica, por meio de campanhas publicitárias bem elaboradas tecnicamente e sem fins políticos, como fazem com competência os países desenvolvidos e adiantados, em termos de liberdade e de conhecimento, os resultados científicos sobre o assunto e os reais malefícios dessa droga para o organismo, deixando ao livre-arbítrio de cada um a escolha da melhor maneira de viver, mesmo diante de algo que lhe pode causar danos, tanto na sua saúde quanto nas suas finanças. Essa forma simplista de se proibir, de forma homeopática e a conta-gotas, a venda ou o uso de produto evidencia prática que logo poderá se estender à proibição de algo maior, mais abrangente, porque a tendência e a de que a sociedade vai se acostumando com as restrições em doses e depois não consegue mais controlar a verdadeira intenção maléfica de o governo atingir seus fins políticos maiores, proibindo de vez a liberdade de expressão, de pensamento e de iniciativa, ou seja, o país logo em breve poderá cair na grave armadilha de ficar sem as liberdades democráticas, conquistadas a duras penas e com tremendo sacrifício. A sociedade tem o dever cívico de refutar com veemência toda e qualquer espécie de proibição, por menor que seja, porque essa forma de governar não condiz, em absoluto, com o desenvolvimento que se exige para uma nação grandiosa como Brasil, constituída com povo trabalhador, livre, soberano e capaz de entender que as liberdades civis, políticas e democráticas não são mais suas aspirações de vida, mas sim realidades palpáveis e concretas, que precisam tão somente ser mantidas e aperfeiçoadas com políticas públicas límpidas, competentes, inteligentes, eficientes e suficientes para assegurar o progresso social dos brasileiros. Acorda, Brasil!  

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 14 de março de 2012

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