terça-feira, 5 de novembro de 2024

Insensatez

 

Dois importantes políticos conservadores brasileiros resolveram travar brutal e fraticida luta, com palavras ofensivas e ameaçadoras, visando a herdar o espólio político para ter o direito à candidatura da direita à Presidência da República, no próximo pleito eleitoral.

Um dos políticos foi candidato à prefeitura de São Paulo, que esteve entre os três candidatos mais votados e conseguiu se manter na vitrine da política nacional, e o outro é o último ex-presidente do país, figurando como o principal líder da oposição brasileira.

Em meio às tensões pela liderança da direita e com as eleições presidenciais de 2026 já se aproximando, o ex-candidato a prefeito fez apelo para o ex-presidente "tocar a vida" dele, sob ameaça de que, se o ele não estiver "em paz, o pau vai quebrar", ou seja, se a opção for pela guerra, vai haver guerra entre ambos, fato este que expõe a maluquice entre políticos insensatos. 

O político paulistano disse que "(omiti o nome), toca a sua vida aí, irmão, seja candidato. Deixa-me em paz aí. Estou falando sério, eu gosto de você, fica tranquilo. Toca a sua vida, eu já vi que tem todos os bolsonaristas querendo se levantar contra mim. Eu estou ‘de boa’, eu vou fazer o que eu tenho que fazer aqui e em 2026 ‘nois’ vê’".

Esse político já demonstrou intenção de se candidatar à Presidência da República, em 2026.

Ele acrescentou o seu discurso, se dirigindo diretamente ao ex-presidente do país, nestes termos: "Você tem o meu respeito. Curto você. Fica 'de boa'. Seu problema não é comigo, não. É com o STF. Você tem que ser elegível para disputar a eleição. Luta por isso e eu vou estar torcendo por você, Você sabe disso. Mas não fica vindo para cima de mim, porque nós não somos do mesmo partido. Eu não devo satisfação para você. Cuida da sua vida, cara. Não tenta ser o malvadão para cima de mim, não, porque eu sou uma pessoa boa.".

Por último, o ex-presidente disse que se arrependeu de ter dado medalha para o político paulistano, em junho último.

O ex-presidente do país disse que os dois se encontraram a sós e ele  Até dei uma medalha para ele, que foi onde eu errei", mas o político paulistano já disse, em resposta, que vai devolver a aludida comenda.

No embalo das farpas trocadas, o político paulistano exigiu a devolução de R$ 100 mil que ele investiu na campanha do ex-presidente do país, na última disputa presidencial, mas este disse que a doação "foi do coração".

O ex-presidente do país afirmou que nunca esteve apoiando a candidatura do político paulistano, conforme foi alegado na campanha eleitoral.

No segundo turno da disputa à prefeitura de São Paulo, o político paulistano exigiu retratação pública do ex-presidente, como moeda de troca para apoiar o atual prefeito, cujo gesto contribuiu para cessar qualquer possibilidade de aproximação entre os dois.

Como visto, a atual animosidade entre dois importantes políticos tem objetivos claros, que são o domínio da liderança da direita brasileira, com vistas à viabilização política para a  efetiva ocupação do trono brasileiro, cujo movimento das peças do tabuleiro vai sinalizar os verdadeiros horizontes mais favoráveis às batalhas que hão de ser travadas doravante entre os conservadores brasileiros.

Quando se briga publicamente por futilidades, como, por exemplo, o bestial caso de medalha e outras picuinhas de somenos importância, ante a relevância que se encontra em jogo, em especial o comando da nação, vê-se, desde logo, a insignificância política das mentalidades desses medíocres políticos, ante a importância que eles atribuem a coisa nenhuma, quando todo sacrifício precisa ser dado exclusivamente à grandeza do Brasil.

No momento em que terríveis crises institucionais implodem as estruturas fundamentais do país, autoridades políticas da oposição ficam engendrando meios para a guerra entre eles, caso não se consigam a paz, que até pode se viabilizar, mas sob ameaça de cada qual precisar ficar cada qual  na sua trincheira, conforme se pode defluir das ameaças explícitas der ambos.

À toda evidência, o ideal, no momento atual, seria muito mais justo que estivessem na mesa da oposição os princípios do bom senso, da sensatez, da sensibilidade, da competência e principalmente da responsabilidade, com o pensamento dirigido exclusivamente para a solução das questões que afetam diretamente os interesses do Brasil.

A verdade é que esses políticos não passam de insensatos e interesseiros, por demostrarem, de forma cristalina, injustificável briga entre si, em defesa de seus campos políticos, quando ambos dizem que cada qual precisa cuidar de seus interesses.

Na qualidade de políticos, eles, o contrário disso, têm o dever institucional de cuidarem da defesa das causas da nação, com total detrimento de outros interesses políticos, mesmo que precisem ceder em alguma situação divergente, que devem ser superadas em nome da pátria.

Apelam-se por que os importantes políticos da direita se conscientizem sobre a urgência de calçarem as sandálias da humildade, em nome da causa principal da pátria e em defesa do Brasil, de modo que todo sacrifício precisa ser ultrapassado sempre com o emprego da conversa, da diplomacia, da tolerância e principalmente da convergência, evidentemente em detrimento dos projetos políticos pessoais.         

 Brasília, em 4 de novembro de 2024

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