quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Viva o Sertão!

           Diante de emocionante e maravilhosa poesia da lavra do grande poeta sertanejo, o uiraunense Vandenildo Oliveira, em que ele ressalta as belezas vividas no seu tempo de infância, ao pontuar as mais importantes passagens dos tempos de menino na amada nossa terra natal, eu escrevinhei as palavras a seguir me solidarizando com o pensamento desse brilhante escritor.  

Sim, assim mesmo, ô Sertão, tão puro e tão autêntico, porque eu tudo isso também tive a felicidade de viver e muito mais e com bastante intensidade, porque as circunstâncias me obrigavam a fazer além das minhas posses físicas, mas que isso não se diga, pelo amor à vida sertaneja, que seja sacrifício!

Sacrifício é não ter tido a felicidade de ter passado por caminhos íngremes que levavam à tão felizes experiências de vida, começando muito cedo, ainda bem menino, ao trabalho em igualdade com o adulto, tendo que comer exatamente o que ainda tinha e tudo bem racionado, no limite da quantidade da sempre numerosa família, no dia a dia da pobreza que era própria de todos os lares do sertanejo e ainda sendo obrigado a enfrentar o duro eito, suado e duro da roça, que era a sala do campo onde se aprendia as primeiras lições de cidadania e dignidade para ser homem de verdade, para o resto da vida.

Tudo começava na idade de menino, aprendendo com a velha e sábia experiência dos pais, que se desdobravam na dureza do roçado, para o alimento do lar.

Quase todas as experiências ditas na verdadeira e precisa poesia do mestre poeta Vandenildo Oliveira eu me orgulho de ter sido, ao mesmo tempo, discípulo aprendiz e mestre, porque vivenciei as experiências ali descritas e sei precisamente da importância de cada momento delas, porque, na minha época de infância não existência outra cartilha mais maravilhosa do que obrigava todo menino a viver conforme a tradição ditada por nossos pais, cujo script vinha pregado na testa de cada menino, que era obrigado a seguir sempre o mesmo destino de ser feliz com o que tinha, tudo nos limites adaptados com os mesmos roteiros da dura vida de sertanejo.

Parabéns, irmão poeta Vandenildo, por dizer, em poesia, a verdade de cada um de nós, nos bons e maus tempos de infância, que vivíamos felizes exatamente como eles eram, na forma da inocência referida no seu puríssimo texto, que enaltece sim ter vivido como verdadeiro menino do rico Sertão, que, em mim, deixou importantes marcas de boas e felizes lembranças...

Diante da minha mensagem, o poeta Vandenildo escreveu mais o belo texto a seguir, verbis:

Ô maravilha... muito obrigado meu caríssimo conterrâneo, grande abraço saúde!!

Ah ! Como éramos felizes

Porque Tínhamos raízes

Fincadas na dignidade,

Longe de ser flores

Mas suportavamos as dores

Em nome da honestidade...

Eramos nossos próprios críticos

Não esperávamos por políticos

Pra suprir as tantas necessidades...

Em fim...

Tudo tão diferente de hoje em dia ...

Valeu irmão...!”.

Em resposta à amável mensagem, eu disse como valeu, prezado poeta Vandenildo, ter vivido o nosso tempo de menino de engenho, embrenhado nas belezas da meninice do Sertão, onde tudo era inocência com o bom senso de muita responsabilidade, com os cuidados voltados para o trabalho, os estudos e as brincadeiras, tudo ao seu devido tempo.

Nunca me queixei de coisa nenhuma, ressalvada a enorme pobreza que fez companhia a mim, no meu querido lar, que realmente me fazia doer muito n'alma, mas o que fazer senão tolerar pacientemente, pois tudo era obra da divina providência, situação essa apenas ressalvada para poucos viventes da região?

E assim ia se vivendo, como Deus queria, na conformidade dos aconchegos dos queridos pais, que tudo faziam para o sustento e a alegria da prole.

E quis Deus que eu tivesse sobrevivido ao meio das maiores dificuldades, lépido, forte e solto ao vento, para hoje eu puder contar um pouco da feliz epopeia vivida no Sertão do meu Deus, que também é mais sertanejo do que brasileiro, porque ele permite que todos dali vivam mesmo nas intempéries cruentas e difíceis, que são assim para justamente marcar a pujança e a grandeza próprias dos sertanejos.

Viva o Sertão!

            Brasília, em 13 de novembro de 2024

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