quinta-feira, 31 de março de 2011

À francesa

Neste último dia de trabalho, gostaria imensamente de abraçar demorada e fortemente cada companheiro, para evidenciar o último momento agradável do nosso convívio e poder agradecer a cada um o benefício agregado às nossas vidas. Todavia, meu coração pedia que não fizesse isso, porque a triplicidade avançada: velhice, inatividade e hipertensão não suportaria tamanha emoção e maldade para com um aposentado. Confesso que, ao escrever este texto, não consegui conter o choro, porque a despedida não combina nem pouco com o meu fraquíssimo estado emocional de recém-nascido. Além disso, após a minha saída, hoje, às pressas, do Tribunal foi trilhada por caminhos longos, mesmo sendo aquele mesmo percorrido diariamente, e, por todo percurso, não foi possível segurar as lágrimas copiosas, que, sei, foram de pura felicidade, porque Deus só permite ou realiza o que é bom para nós e eu tenho absoluta certeza de que tudo o que fiz na minha passagem pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal foi algo especial e ainda, principalmente, pelo fato de ter tido a felicidade e a honra de trabalhar com pessoas inteligentes e maravilhosas, em que eu sempre me espelhava e me esforçava para imitá-las para fazer algo de bom e agradável para mim e para todos. Com toda convicção, posso não ter tido o prazer de superá-las, mas tenho a enorme satisfação de não saber ou conhecer nada que eu as desagradasse ou contrariasse nos seus interesses. Portanto, sou obrigado a reconhecer que a minha saída à francesa, hoje, do Tribunal foi mais um ato heróico de minha parte (se é que eu já tenha praticado algum), porque, certamente, a minha profunda tristeza e as minhas lágrimas iriam, por certo, transformar um evento, que obrigatoriamente deveria ser de alegria, em cinéreo acontecimento. Espero que minhas amigas e meus amigos me compreendam e aceitem as minhas autênticas desculpas, deixando registrado o meu mais sincero apreço por todos vocês. Abraços afetuosos para todos.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 31 de março de 2011




2 comentários:

  1. É isso aí, papa: o fim de cada etapa sempre carrega em si o início de uma nova fase. Restam a alegria e o saudosismo pelo tempo que passou e a expectativa pelos novos desafios que virão. Parabéns pelo término dessa fase.. E que venha a próxima! Beijos! Sen

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  2. Estou a viver drama assemelhado.

    Hoje, 30 de agosto, são cumpridos os requisitos legais para, com base na Emenda Constitucional nº 47/2005, requerer a Aposentadoria Voluntária com proventos integrais e paridade plena.

    Benza Deus!

    E obrigado, Chefe!

    Caio Tiburcio

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