quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A força da mobilização

Diante de tantas crônicas que já escrevi sobre a dramática situação representada pela falta de hospital e, enfim, da prestação de serviços de saúde pública em Uiraúna, Paraíba, em razão das indiscutíveis omissão e  irresponsabilidade por parte do poder público e mais precisamente dos políticos com influência e poder da região, muita tem sido a participação de apoio de pessoas em manifestação de solidariedade às denúncias que são inevitáveis, diante da notória situação de penúria que se apresenta para a população realmente carente, que precisa se submeter às imperantes precariedades do atendimento onde ainda existe.
Entre as manifestações mais veementes, têm-se a que foi postada pelo sempre atento conterrâneo Ditinho Minervino, que descreveu, com detalhes, a sua preciosa experiencia vivida no antigo hospital público de Uiraúna, cujo edifício, hoje, se encontra jogado às moscas.
Eis o relato dramático de Ditinho: “Com muito orgulho, cheguei a ficar de pulsos inchados de tanto cortar paredes para tubulação de eletricidade, naquela obra. O orgulho era duplo: 1) estava ganhando meu dinheirinho; 2) estava contribuindo de alguma maneira para o bem está da população. Como fui morar fora, 25 anos em Uberaba-MG, não cheguei a ver o funcionamento do referido hospital. Hoje, hoje sei, que está servindo de ponto de apoio aos usuários de drogas, LAMENTÁVEL.”.
Depois de sentir na pele essa triste história, percebe-se o quanto é muito triste e comovente o seu relato, diante do deplorável fim que foi dado ao citado hospital, depois das disputas travadas por meio do espúrio jogo de interesses alimentado por pessoas inescrupulosas e desumanas, fazendo com que a população de uma cidade, mais necessitada e carente possível,  fosse obrigada a pagar muito caro pela provável ganância do poder econômico e/ou territorial, em termos político-financeiros, onde ninguém teve o menor sentimento e muito menos remorso quanto aos interesses da sociedade, que eram e ainda são prioritários.
Aliás, isso era de somenos importância, diante do seu principal objetivo, que era simplesmente a plena ruína do pouco da saúde pública que existia e, ainda que precariamente, funcionava em Uiraúna, mesmo que em condições de sucateamento, mas que era bem melhor do que a desgraça que impera na atualidade, que quase nada funciona em benefício da população, que também se sente impotente para reclamar seus direitos de cidadania, em razão da prevalência do coronelismo interiorano, que sufoca pelas raízes o grito dos oprimidos e desassistidos, sob pena de duras represálias.  
Não há a menor dúvida de que a população de Uiraúna, mesmo à custa de muito sacrifício, é obrigada a pagar altíssimo preço por algo que não teve a menor participação, salvo no decidido apoiamento político, com o seu voto, quase de cabresto, àqueles que foram pivôs da destruição do pouco que restava da saúde pública na cidade e isso é fato incontestável, diante da desgraça caracterizada pela falta de sistema de saúde pública na cidade e mais precisamente diante da inexistência, por mais remota que seja, de intenção de se buscar meios para o fim de mostrar, ao menos, que a população padece, por depender da gigantesca falta de interesse justamente de quem comanda a cidade e tem formação e larga experiência na área médica.
Esse fato, por si só, expõe sentimento muito forte de maldade, de crueldade com o ser humano, que se debate em terríveis dificuldades perceptíveis justamente por quem entende do métier, sabe como agir e ainda tem o dever de propiciar o bem-estar à população.
Nessas condições, não resta a menor dúvida de que todas culpa e responsabilidade cabem às autoridades com competência de Estado para  procurar os meios necessários à solução desse grave problema da saúde pública, diante do seu conhecimento sobre ele e  ainda diante das facilidades para os contatos com as autoridades relacionadas com o sistema pertinente.  
É preciso sim que o povo de Uiraúna se una em movimento social, em forma de mobilização, o mais  ampliado possível, no sentido da convergência dos bons propósitos, com vistas ao convencimento da sociedade para a necessidade do empenho de todas as correntes política, ideológica, religiosa, social, não importa, no sentido de se trabalhar com o objetivo voltado para a construção e o funcionamento do hospital da cidade, por ser matéria  prioritária, cuja consecução exige extrema urgência e empenho de todos, inclusive de quem tem saúde, no momento.
Convém, de bom tom, que sejam incluídas, nesse novo processo, até mesmo as pessoas que já demonstraram indiferença a essa tão importante causa, porque a sua insensatez até aqui pode se transformar em boa vontade capaz de superação dos obstáculos, sabendo-se que seus conhecimentos sobre os meandros políticos podem facilitar as tratativas necessárias à obtenção dos  recursos orçamentários destinados à construção do tão ansiado hospital.
Brasília, em 20 de fevereiro de 2020

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