O mencionado jornalista
afirmou que “deu muita risada” com o filme, por entender que a história
contada no documentários é “mentirosa” e que a diretora dele é uma “menina
querendo agradar a mamãe”.
Ele afirmou exatamente
o seguinte: “É um filme de uma menina dizendo para a mamãe dela que fez tudo
direitinho, que ela está ali cumprindo as ordens e a inspiração de mamãe, somos
da esquerda, somos bons, não fizemos nada, não temos que fazer autocrítica.
Foram os maus do mercado, essa gente feia, homens brancos que nos machucaram e
nos tiraram do poder, porque o PT sempre foi maravilhoso e o Lula é incrível”.
Por seu turno, em
momentos coincidentes, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República rebateu
críticas feitas pela diretora ao governo, tendo exibido vídeo no qual afirmava
que, por conta de uma entrevista dela à TV norte-americana, a cineasta seria “antibrasileira”.
Pelo Tweet, a ex-presidente
da República petista fez os seguintes comentários: “Como se não bastasse a
grosseria misógina e sexista de Bial contra Petra Costa, ao chamá-la de menina
insegura em busca de aprovação dos pais, a candidata brasileira ao Oscar com o
filme Democracia em Vertigem foi vítima de intolerável agressão oficial do
governo Bolsonaro. A Secretaria de Comunicação da Presidência exibiu um vídeo,
feito com dinheiro público, para ofender uma artista brasileira apenas porque exerceu
o inalienável direito de criticar o governo numa rede de TV. Trata-se de
censura e de brutal desrespeito à liberdade de expressão. Petra foi até serena
na escolha das palavras, ao dizer uma pequena parte do que os brasileiros e o
mundo já sabem: o Brasil é governado por um machista, racista, homofóbico,
inimigo da cultura, apoiador de ditaduras, da tortura e da violência policial,
e amigo de milicianos. Petra Costa foi chamada de mentirosa por dizer a verdade
que o mundo conhece sobre a maneira como o governo trata o meio ambiente: a
Amazônia está sendo devastada pela leniência de Bolsonaro com o desmatamento e
com as invasões, e pelo seu profundo desrespeito pelos indígenas. O insulto
mais grave da Secom a Petra Costa foi acusá-la de militante antiBrasil no
exterior. Isto é não só mentira, como também uma inversão absoluta da
realidade. Não há em nosso país ninguém mais anti-Brasil e mais pernicioso à
nossa imagem no exterior do que Bolsonaro.”.
Embora o filme
Democracia em Vertigem tivesse por cerne o impeachment da presidente de então,
ele desmerece sua real finalidade, por focar em primeiro plano à figura do
ex-presidente da República petista, desde a sua abertura até o seu desfecho,
mostrando e tentando documentar, de forma ambiciosa e abrangente, não apenas e
propriamente a queda da então presidente, mas sim a história política do
caudilho petista, que aparece focada como sendo ele o personagem central do
filme e verdadeiro protagonista.
O ex-presidente é retratado e narrado desde
os primeiros passos políticos como metalúrgico no ABC paulista até a sua prisão,
em consequência das investigações promovidas pela Operação Lava-Jato, tendo por
finalidade mostrá-lo como símbolo da ascensão da classe trabalhadora ao poder, indo
até os limites da política conciliatória no cenário político nacional.
Embora o filme tenha por
tema fatos históricos, ele apenas pincela situações que realmente podem até ter
acontecido, conforme a narrativa, mas elas não refletem precisamente “verdade
histórica”, mesmo porque a sua autora quis mandar o holofote que domina para o
lado que melhor reflete a ideologia encarnada nas suas verve e sabedoria de autêntica
militante que pretendia o resultado do seu documentário, sob a sua visão que certamente
não seria contado de maneira diferenciada do seu pensamento, que não reflete,
obviamente, a verdade dos fatos.
O diretora deixa claro,
no filme, o seu verdadeiro entendimento sobre o que seja democracia, ao afirmar
a sua melancolia diante do sonho da revolução política, que jamais aconteceu,
impondo como principal motivo, segundo ela, a “nossa dificuldade em
encontrar forças para lutar contra vozes antidemocráticas.”, dando a
entender, com isso, que quem não integrar a esquerda não é democrata.
Mas, enfim, que democracia
é essa em que os governos da esquerda protagonizam verdadeira esculhambação em nome
da patifaria, com o emprego sistemático do desvio de recursos públicos, a
exemplo do mensalão e petrolão, patrocinados por eles, conforme apontam os
resultados das investigações, e ainda na forma de má gestão de orçamentos
públicos, como no caso das famigeradas “pedaladas fiscais”, cujas
irregularidades não foram sequer mencionadas nesse festejado documentário, nem
mesmo an passant, o que bem demonstra que realmente o filme foi feito
sob encomenda, para tão somente enaltecerem as qualidades dos os “heróis” da
esquerda, sem necessidade de serem mostrados os fatos melancólicos e degradantes
que eles protagonizaram e que são verdadeiros, inegáveis.
A diretora do
documentário em causa fez questão de inserir no filme leituras poéticas sobre o
ex-presidente, como a de que "Ele é um escultor cujo material é a argila
humana", aproveitando para mostrar entrevistas bem-sucedidas e fatos
que contribuem para elevar a imagem do líder a patamar bem elevado, de modo que
o seu endeusamento tenha o condão de fazê-lo passar por ano-luz das acusações que
pesam sobre os ombros de criminoso duplamente condenado à prisão pela Justiça e
ainda sendo réu respondendo por seis processos penais, sob a acusação da prática
de vários crimes contra a sociedade e a administração pública, por ter,
possivelmente, se beneficiado de propina, segundo as fortes denúncias constantes das
ações penais, fatos que evidenciam transparente dissonância com os princípios ético
e moral que os verdadeiros homens públicos são obrigados a observar, na trajetória
da sua vida pública.
Todo cidadão, à luz dos
princípios democráticos, tem o direito de se manifestar da melhor forma que lhe
aprouver, inclusive de filmar e documentar o que bem entender, na forma que melhor
lhe convier, como nesse caso, em que a história teria que ser narrada
estritamente sob o prisma dos fatos relacionados à vitimização, à inverdade, à injustiça
e tudo o mais que tivesse como pano de fundo o sentimento de frustração muito
desconfortante da perda do poder, dando a entender assim por parte de gente que
nada fez para merecer tão brutal golpe protagonizado precisamente por pessoas antidemocrática,
evidentemente na visão da cineasta, que deixou
de ter condescendência com a prática do que ela chama de democracia, que
simplesmente levou o Brasil ao abismo e à bancarrota, conforme mostram os fatos
verdadeiros da história real.
É preciso se reconhecer
que o filme em apreço é fiel à história da esquerda que sabiamente faz tudo para
enaltecer as suas qualidades, que são as mais puras e incensuráveis e que seria
contrassenso se um de seus integrantes fizesse uma fita e denunciasse as próprias
falcatruas e ainda as reconhecendo como deslize contra a sociedade, como no
caso clássico do mensalão e petrolão, que ninguém da esquerda os reconhece como
sendo obra magistral da inteligência, concepção e execução petista, embora a
Justiça já sacramentou, em alto e bom som, como sendo os maiores escândalos da
história republicana brasileira, que envergonhou o Brasil e o mundo.
A impressão
que deixa transparecer é que o filme sintetiza tentativa de propaganda político-partidária,
na visão de quem se alimenta da seiva ideológica do PT, o que vale dizer que nem
poderia ser diferente, quando a diretora do documentário é militante petista de
carteirinha, o que justifica a omissão de fatos históricos relevantes, onde fica
muito patente a ideia de que, por exemplo, no impeachment, teria havido perseguição
política, quando todos os procedimentos, além da motivação, transcorreram estritamente sob o rito da
constitucionalidade devidamente respaldado pelo Supremo Tribunal Federal, que negou
todos os recursos opostos pela então presidente contra o processo pertinente, o
que demonstrou o devido respeito ao ordenamento jurídico pátrio.
À toda
evidência, só o fato de a diretora do filme ser conclusiva em considerar democratas
somente os esquerdistas, fica patente não apenas a sua indiscutível ignorância
política, mas, em especial, o seu desrespeito aos demais brasileiros que têm
outra visão do que seja a verdadeira democracia, que não compactua, em hipótese
alguma, com desvio de recursos públicos para, por exemplo, o financiamento de
campanhas eleitorais, com a finalidade de se perpetuar no poder, porque isso se
trata de desonestidade e imoralidade, contrárias aos princípios republicano e
democrático.
Convém
que seja dito que não se trata de absolutamente nada contra a defesa da
esquerda, porque isso faz parte do jogo democrático, mas a leitura que pode ser
feita do documentário é que ele não trata dos fatos históricos com a devida
seriedade, por ser visível a omissão de acontecimentos e fatos importantes da
vida política do próprio PT, que estão visceralmente entrelaçados com ele, a
exemplo dos escândalos do mensalão e petrolão, porque isso já se incorporou aos
anais da história brasileira e eles não podem ser jogados para debaixo do tapete,
como ridícula tentativa de se tapar o sol com a peneira, como fazem normalmente
quem sente vertigem diante da verdade.
É preciso
que seja reconhecido o valor do filme intitulado “Democracia em Vertigem”, como
peça estritamente artística e cinematográfica, que versa fatos da vida
particular de partido político, à luz da concepção da sua diretora, que pode
ter mostrado o melhor de seus conhecimentos, que são elogiados por uns e
contestados por outros e isso faz parte da democracia moderna, mas ele não pode
refletir a verdade histórica da política brasileira.
O que não
se pode negar é que omissões propositais, na visão de especialistas políticos,
expõem o lado nefasto da democracia, quando se esconde a verdade e procura somente
enaltecer qualidades que nem são todas plausíveis, dando a entender o verdadeiro
sentido da obra cinematográfica, fato este que contribui para jogar lama pútrida
na ideologia da esquerda, pela tentativa de se negar à opinião pública, intencionalmente,
fatos óbvios e relevantes, que precisam ser assumidos por quem se julgam exclusivos
democratas, embora não tendo a dignidade de assumir seus erros perante a
sociedade.
Brasília, em 11 de fevereiro
de 2020
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