terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O Evangelho como paradigma?

Na crônica intitulada “Estratégia Política?”, que analisa o encontro do papa com o ex-presidente da República petista, foi dito que fica a lamentável lição de que o pontífice poderia ter evitado a questionável audiência, tendo em conta que não há absolutamente nada que sirva como justificativa para que ele pudesse se reunir com cidadão que se encontra com a moral fragilizada, em razão das condenações e dos processos penais que correm na Justiça brasileira contra a pessoa dele.
Há de se notar que o aludido encontro somente conspira contra a imagem não apenas do líder máximo da Igreja Católica, mas também dessa instituição, que perdem respeito perante seu rebanho, que não pode abonar atitude incompatível com os princípios e ensinamentos do Evangelho de Jesus Cristo, que primam, na essência,  pela intransigente preservação da moralidade contra quaisquer interesses estranhos aos princípios católicos.
Diante do referido texto, o causídico doutor Augusto César, de Brasília, escreveu mensagem de apoio, nestes termos: “Parabéns Adalmir pelo tirocínio e clareza de sua elogiável análise. Perfeita! Sou católico e lamento esse quiçá impensado ato do papa, prestando um desserviço à população brasileira, notadamente aos católicos de um modo geral! Decepcionante.”.
Em resposta à referida ponderação, a par de agradecer a carinhosa mensagem de apoio à minha crônica, enfatizei a importância dela, que diz um pouco da mentalidade nada franciscana da maior autoridade da Igreja Católica, em cristalina demonstração de degradação moral, no âmbito da instituição, ao abençoar pessoalmente autêntico fora da lei, assim declarado criminoso pela Justiça brasileira, a despeito dos verdadeiros e sagrados princípios cristãos que precisam ser defendidos, a ferro e fogo, exatamente por quem deles se desvia, sem o menor pudor e com a cara mais feliz e risonha, como se ele não precisasse dá satisfação à comunidade católica.
A verdade é que o rebanho católico vem se decepcionando, de quando em vez, com a malignidade de pessoa que dá ideia de também, como nesse episódio, comungar em cartilha diferente daquela instituída por Jesus Cristo, diametralmente contrária à ideologia socialista, quando esta tem por essência brutal filosofia em forma de tratamento de desrespeito aos princípios humanitários, à vista da imperante ideologia de igualdade social, onde prevalece a perda dos direitos humanos, que consistem na supressão das liberdades individuais, principalmente dos direitos políticos e democráticos.
Como o pensamento do político brasileiro também se alinha perfeitamente com a viga mestra da famigerada ideologia socialista, conforme filosofia descrita acima, fica ainda mais e precisamente patente que o papa, diante da sua importância de dirigente religioso que tem por dever a inarredável defesa dos direitos humanos, teria todos os motivos do mundo para se distanciar de personalidade que demonstra enormes apoio e carinho aos ditadores que governam nações sob o desgraçado e maldito regime socialista.
É preciso se enfatizar que a análise que se faz sobre o comportamento do papa cinge-se especificamente ao caso em que ele se digna a receber, nos seus aposentos vaticanalícios, líder político que não ocupa nenhum cargo público, não tendo sob sua incumbência governamental qualquer responsabilidade para cuidar de absolutamente nada, em termos de políticas públicas, a justificarem qualquer forma de reunião entre ambos, para tratarem sobre algo inerente aos interesses da sociedade, porque eles são inexistentes, evidenciando encontro desnecessário, estritamente sob o prisma cristão.
Há de se notar também a condição referente à precariedade moral do político, que foi julgado e condenado à prisão, em processos absolutamente regulares, pela Justiça brasileira, sob a degradante prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sem que ele tivesse condição de contestar, de forma satisfatória e aceitável, os fatos irregulares denunciados, o que bem mostra, de maneira cabal, que o representante de Deus na Terra jamais poderia ter se encontrado com pessoa indigna da sua aproximação, quando a instituição comandada por ele tem o dever supremo de não compactuar senão com quem esteja em pleno estado de imaculabilidade, demonstrando ser cidadão integro e cumpridor das regras impostas aos homens públicos, inspiradas essencialmente nos princípios republicano e democrático, da moralidade e da dignidade no trato da coisa pública.
Não há a menor dúvida de que a atitude papal, diante dos dogmas e princípios da Igreja Católica, representa cristalino e indiscutível retrocesso à grandeza dessa instituição católica que tem a nobríssima missão reconhecida de ser exemplo de pureza ética e moral, não se permitindo que seu líder supremo se ache no direito de se desviar do caminho mediante o qual tem como paradigma o Evangelho de Jesus Cristo, que serve de luz retilínea para a interpretação dos salutares ensinamentos sobre as condutas de pureza e correção do verdadeiro cristão.
          Brasília, em 18 de fevereiro de 2020

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