terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Só depende da vontade pessoal



Os fatos mostram que o presidente da República se torna, cada vez mais refém aprisionado pela vontade do ministro da Justiça e Segurança Pública, cuja situação é confirmada por pesquisas de popularidade, dando conta de que o então juiz de Curitiba tem o controle folgado, seguro e confortável da situação, tendo a faca em uma mão e queijo na outra.
Em tentativa de mera simbologia, a faca e o queijo podem representar para o ministro a preferência para o Supremo Tribunal Federal ou a Presidência da República, a depender da sua vocação para o magistério ou o exercício de estadista, conforme o que mais lhe convier, na forma da sua escolha que melhor satisfaça à sua pessoa.
É sabido que, diante da opinião pública e da imprensa, o ministro afirma categoricamente, sempre, que não pretende se tornar presidente do país e que, por lealdade, deve apoiar a reeleição de seu chefe, na eleição presidencial de 2022.
Não obstante, desta vez, existe curiosa variante, quando o ministro declara apoio ao presidente fica sempre enorme interrogação no ar, poque ele representa forte ameaça ao seu chefe, por ter consciência de que a reeleição já passou a ser a maior preocupação do presidente e ele sabe que o ministro poderá ser seu concorrente de peso.
A partir da declaração do ministro que a sua pretensão é ser integrante do Supremo, fica muito claro o seu maior desejo na vida, deixando implícito que, se isso não se concretizar, por vontade do presidente, ele estará livre e desimpedido de qualquer compromisso, podendo pleitear definitivamente o Palácio do Planalto, que não terá muita dificuldade, ante a enorme credibilidade popular conquistada à frente da Operação Lava-Jato.
É evidente que, caso o ministro não seja indicado para o Supremo, depois disso não é justo que ele seja acusado de deslealdade, porque ele vem cumprindo religiosamente a sua palavra, em fidelidade aos compromissos assumidos.
A verdade é que o prestígio do ministro já conseguiu mobilizar várias cidades brasileiras, em manifestações públicas em seu apoio, em movimento de muita convicção que uniu os brasileiros em torno de verdadeiro herói nacional, assim reconhecido por seu fantástico trabalho de combate à corrupção e à impunidade.
O título de herói faz todo sentido de ser, porque ele é outorgado a servidor público do Poder Judiciário que nunca havia prendido tanta gente dominante de influência e poder, além de ter conseguido desbaratar poderosa e muito bem estruturada organização criminosa, que atuava de forma sistêmica e endêmica, tendo como foco o desvio de recursos públicos de empresas estatais, sendo que a principal e mais afetada pela ação da roubalheira foi a Petrobras, que contabilizou astronômico prejuízo, em termos de milhões de reais.
É inegável que, ao alçar o ex-juiz da Lava-Jato ao posto de ministro da Justiça e Segurança Pública, o presidente do país teve por propósito se apropriar do prestígio dele, que havia se tornado património nacional com a sua atuação majestosa de superjuiz, por ter tido coragem e altruísmo de enfrentar os poderosos da corrupção e da criminalidade.
Em síntese, o jogo atual virou favoravelmente para as bandas do ministro, que, com muito inteligência e sensatez, tem se mantido fiel ao seu chefe, em que pesem as adversidades surgidas no percurso de pouco mais de um ano, em que os fatos em nada abalaram a credibilidade dele perante a opinião pública, tendo conseguido administrar, com competência, os abalos sísmicos ocorridos no período, mantendo sob controle seus objetivos de se tornar integrante da Excelsa Corte de Justiça ou, conforme as circunstâncias, o estadista preferencial dos brasileiros que optaram, decisiva e definitivamente, pela moralização do Brasil.
O ministro da Justiça tem plena consciência de que, basta querer, ele será, sem muito esforço, o dono da principal cadeira do país, independentemente da vontade do presidente atual, porque isso será ditado pela vontade soberana de quem tem o poder do voto: o povo.
Brasília, em 4 de fevereiro de 2020

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