sábado, 27 de abril de 2024

Brasileiros seletos?

 

Conforme mensagem que circula nas redes sociais, há o veemente apelo em defesa do bolsonarismo, nos seguintes termos, ipsis litteris: “O bolsonarismo nada mais é que um grupo seleto de brasileiros cansados da safadeza de políticos sujos. Ser bolsonarista é apoiar as próximas gerações. Sinto orgulho de fazer parte deste grupo seleto. Se este também é o seu caso, repasse esta mensagem, para que mais pessoas possam estar nesta caminhada. Sou Bolsonaro. Caio Coppolla.”.   

O bolsonarismo pode ser sim um grupo seleto de pessoas que têm a mesma mentalidade de político demagogo e insensato, que conseguiu a simpatia de seus seguidores graças à ignorância política deles, que não conseguem perceber as deformações, as imperfeições, as incompetências e as incongruências ínsitas dele, que são facilmente perceptíveis, não fosse a cegueira inata causada pela ideologia, que impede de se vislumbrar que esse político é igualzinho às demais pessoas públicas, que tem o mesmo timbre de aproveitador, desonestidade e mentiroso.

Alguém se lembra muito bem da pessoa que defendia o lema criado por ele, por onde fosse, segundo o qual o Brasil estava acima de tudo e Deus estava acima de todos.

Sem dificuldade para se perceber ligeira interpretação disso, que colocava o Brasil somente abaixo de Deus, sob a lógica de merecer especial prioridade, evidentemente por parte dele e do governo dele?

Pois bem, no governo dele, a crise institucional se agravou ao limite extremo, aconselhando a imediata e urgente decretação da garantia da lei da ordem, com base no artigo 142 da Constituição, combinado com o artigo 78 também da Carta Política, que diz que o presidente da República se compromete, no ato de posse, a manter, defender e cumprir a Constituição e observar as leis do país.

Dito isto, que não é novidade de ninguém, ele simplesmente ignorou os apelos dos brasileiros honrados e, de forma acentuadamente covarde, não apresentou justificativa para a sua inadmissível e gravíssima omissão, tendo feito voto de obsequioso silêncio, completamente contrário ao seu estilo de falador, permitindo que o “amado” Brasil dele se aprofundasse cada vez mais na desgraça, para não dizer coisa pior.

Diante disso, ele teria os recursos constitucionais para adotar medidas salvadoras do Brasil, bastando tão somente a decretação da garantia da lei e da ordem, de competência dele, nas circunstâncias.

Isso mostra que ele não é homem que assume o que diz, quando afirmava que o Brasil estava acima de tudo, mas no momento que o país mais precisou e que o presidente poderia atender ao apelo de vida ou morte, ele simplesmente se acovardou e ajudou a sepultar as esperanças de transformação do Brasil em nação democrática e livre da tirania.

Quem jamais vai esquecer as grosseiras e absurdas trapalhadas protagonizadas por ele no curso da pior crise da saúde pública brasileira, em que ele se após a tudo sobre as orientações inerentes ao combate à pandemia do coronavírus, tendo chegado ao péssimo exemplo de sequer ser vacinado, que serviria de exemplo para a população ser imunizada.

O desinteresse dele pela saúde dos brasileiros foi tanto que um militar especialista em suprimento do Exército, sem conhecimento de medicina, foi incumbido de cuidar do combate ao mal do século, cujo resultado não poderia ter sido pior, com o alarmante saldo de mais de setecentos mil mortes, que poderiam ter sido minimizadas se ele tivesse sensível à causa, por meio da adoção de medidas revolucionárias, quando o governo somente fez o estritamente necessário.

Além disso, ele zombava de quem ficava em casa, se prevenindo contra o vírus, chegando a chamar essas pessoas de maricas.

Ele não usava máscara e chegou a comparar o coronavírus com uma “gripezinha”, em forma de desprezo à prevenção contra o desastre da contaminação das pessoas, posto que o vírus matou mais de 700 mil pessoas, o que era realmente perigoso se expor em multidão.

Como ter orgulho de político que pregava a moralidade, sabidamente para se eleger, mas, depois de eleito, se tornou amigo do deplorável Centrão, especialista no fisiologismo na administração pública, cuja abominável costume político foi cognominada pelo então candidato “paladino” da moralidade como a “velha política”?

Não obstante, depois de ter sido ameaçado de impeachment e sem apoio no Congresso Nacional, o já presidente resolveu colocar o infame Centrão no colo do governo, entregando para ele, de forma inescrupulosa, cargos públicos e emendas parlamentares, que são procedimentos notoriamente própria de corrupção, visto que o ato em si visava à exclusiva satisfação do interesse pessoal do presidente, para blindar o seu cargo, no Congresso Nacional.

Ou seja, como o ingresso do imundo Centrão, no Palácio do Planalto, não teve nada para justificar a satisfação do interesse público, isso caracteriza aproveitamento da máquina pública para fins privados do mandatário, que é considerado procedimento incompatível com as finalidades políticas de interesse público e contrários aos princípios da moralidade, da legalidade e da honestidade.

Há de se notar que o insignificante Centrão conseguiu criar o recriminável e imoral “orçamento secreto”, no governo dele, que nem reclamou, de vez que a finalidade dessa excrescência é comprar a “consciência” de parlamentares para votarem nos projetos do governo.

Frise-se que, ainda no seu governo, foram lacradas, em definitivo, as portas da importante Operação Lava-Lato, que andava a passos largos à busca de parlamentares que praticavam irregularidades com recursos públicos, por meio dos vergonhosos “puxadinhos”, sob suspeita do envolvimento de filhos dele.

Isso mostra distanciamento dos princípios da honestidade e da moralidade, antes defendidos com rigor por ele.

Estranha-se que os bolsonaristas, considerados brasileiros seletos, tenham se cansados da safadeza de políticos sujos, mas não têm nenhuma dignidade para reconhecerem os gravíssimos deslizes e desajustes do seu líder-mor, como se ele fosse eternamente infalível, embora fatos mostre  bem ao contrário disso.

Como é deplorável o brasileiro ter a indignidade de dizer que “sou Bolsonaro”, porque isso é confissão de ingenuidade e não se envergonhar por ser também indigno, em termos políticos, por comungar com os mesmos propósitos políticos dele, que, queira ou não, também praticou seus desvios de conduta, extremamente prejudiciais ao interesse da população, em especial no que se refere à pacífica entrega do poder à ala decomposta da política brasileira, quando ele, se tivesse o mínimo de sensatez, teria decretado a garantia da lei e da ordem, como forma altruísta de salvação da democracia brasileira.

 É com extrema decepção que se percebe campanha, apoiada por brasileiros, enaltecendo a figura de político demagogo, inconsistente, insensato e omisso, devidamente comprovado por meio do seu abandono do Brasil e dos brasileiros, em momento que a atuação dele se tornou imprescindível, mas ele preferiu se distanciar dos fatos, jogando o Brasil à própria sorte, à vista da desgraça que impera nas instituições brasileiras, terrivelmente prejudiciais aos interesses dos brasileiros, que teria sido evitada por meio de medida que somente dependia dele.

 

Brasília, em 27 de abril de 2024

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