quarta-feira, 3 de agosto de 2016

À busca da eficiência e da efetividade


Os primeiros médicos cubanos que chegaram ao Brasil, em agosto de 2013, para participar do programa Mais Médicos, devem deixar o país em novembro, em consonância com o planejamento que já estava aprovado, com relação ao grupo de 2.400 profissionais, na forma do contrato de três anos, que se encerraria no último mês de julho.
Ocorre que o Ministério da Saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e representantes do governo de Cuba acertaram a permanência dos médicos no país até novembro, para garantir a "continuidade do atendimento à população nas cidades durante o período eleitoral e dos Jogos Olímpicos".
Atualmente, o Ministério da Saúde negocia com a Opas e com o governo de Cuba para definir o futuro da parceria, que, no momento, conta com 11.429 médicos cubanos, que estão em atividade no país, mas o fim do contrato se refere aos primeiros 2.400 profissionais que aportaram ao Brasil.
O Ministério da Saúde esclareceu que, neste mês, 50 médicos cubanos desembarcaram no país e há previsão da chegada, nos próximos dias, de outros 500, para a reposição de vagas.
Conforme as normas do programa, as vagas deixadas tanto por médicos brasileiros como de outras nacionalidades são repostas por chamadas trimestrais.
Segundo o Ministério da Saúde, "A manutenção do Programa Mais Médicos está assegurada. É um compromisso do ministro da Saúde, Ricardo Barros, fortalecer a participação dos brasileiros no Mais Médicos e, enquanto houver necessidade e vagas a serem preenchidas, manter o convênio com a Opas para o provimento de médicos no país".
O programa Mais Médicos conta com 18.040 médicos, sendo 11.429 cubanos, 5.274 brasileiros e 1.537 intercambistas, entre os quais estrangeiros e brasileiros formados no exterior.
O programa Mais Médicos foi criado por ato presidencial de 8 de julho de 2013, com a finalidade de aumentar a quantidade de médicos com atuação na rede de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), com destaque para as regiões carentes desses profissionais.
A experiência comprova os benefícios do programa em apreço, em que ele ter sido concebido e implantado às pressas, sem os indispensáveis estudos técnicos sobre o seu funcionamento, como instrumento complementar às incumbências institucionais do Sistema Único de Saúde, bem como como as regiões mais carentes da presença médica, quando se sabe que seu principal objetivo é a colocação, de forma prioritária, de profissionais da saúde no interior do país, como estratégia para o preenchimento da lacuna crônica da falta de assistência à saúde nos rincões do país.
Não obstante, ainda há tempo para a realização de estudos abrangentes sobre a estrutura desse tão importante programa, compreendendo a sua composição por médicos exclusivamente brasileiros, como forma de priorizar o emprego da mão de obra genuinamente nacional.
Para tanto, conviria que houvesse a criação do quadro de pessoal do Sistema Único de Saúde, de modo a se permitir que os profissionais integrassem a sua estrutura funcional, com a garantia da permanência no emprego, como integrante da carreira de saúde do governo, com remuneração adequada e suficiente para a sua estabilidade no trabalho, como já feito com relação aos juízes, procuradores, agentes do fisco, policiais e muitas categorias de servidores, que são designados normalmente para exercer suas funções nas cidades do interior.
Por sua vez, os médicos poderiam ser formados com a exclusiva finalidade de trabalhar no interior, a partir da realização de vestibular com esse propósito, com a criação de determinadas quantidades de vagas, por exemplo, cinquenta por cento das já existentes nas faculdades de medicina das universidades públicas, cujos formandos seriam destinados para o interior do país ou localidades carentes dos profissionais médicos, em atendimento de cláusula contratual, devidamente registrada em cartório, sob obrigatoriedade de indenização ou compensação do curso.
É evidente que a administração poderia flexibilizar a duração da permanência desses profissionais no interior, estabelecendo o tempo mínimo para a permanência dele nas localidades mais distantes, dependendo da quantidade dos médicos formados por esse sistema de interiorização. 
O governo brasileiro também poderia aproveitar a interinidade para moralizar o programa Mais Médicos, exigindo a aplicação do Revalida, principalmente com relação aos novos médicos, inclusive os cubanos, por se tratar de exame que avalia as reais capacidade e condições médicas para o atendimento das pessoas, cuja obrigatoriedade foi dispensada pelo governo petista, em relação aos médicos vindos do exterior, com vistas a se evitar a redução da quantidade de profissionais, principalmente oriundos de Cuba, dando a entender que eles nem sempre teriam condições de permanecer no Brasil, como médicos capazes de assegurar tratamento digno e confiável à população.
Os brasileiros anseiam por que o programa Mais Médicos se consolide com as devidas estrutura e capacidade para atender, com efetividade, a sua finalidade de levar profissionais da medicina para localidades realmente carentes da assistência à saúde, mas, para tanto, o governo precisa implementar mecanismos que contribuam para o seu aperfeiçoamento e a sua modernização, sobretudo com a criação de quadro de pessoal próprio e permanente, além de sistema que dê efetivas condições de reabastecimento dos profissionais, com pessoas autenticamente nacionais, a par de remunerá-las à altura do sacrifício e da dedicação demandados pelos médicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de agosto de 2016

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