Em socorro ao ex-presidente da República petista, mais
de 60 advogados assinaram petição online, onde fazem defesa do recurso que ele
apresentou junto ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas
(ONU).
Consta do referido recurso que o ex-presidente
reclama sobre o que considera “atos
ilegais” praticados pelo juiz federal responsável pela Operação Lava-Jato,
que tem se debruçado sobre a apuração de denúncias sobre fatos irregulares
envolvendo o petista.
O ex-presidente questiona, entre outras questões, a
gravação e a divulgação de conversas privadas dele com advogados e também com a
presidenta afastada, além e principalmente da condução coercitiva dele para
depoimento ocorrido na Polícia Federal.
O documento em referência foi entregue na sede do
comitê, em Genebra, na Suíça, contendo, basicamente, segundo os petistas, resposta
aos atos do mencionado juiz, que “não
podem ser satisfatoriamente corrigidos na legislação brasileira”.
Ainda segundo os aludidos profissionais, que
endereçaram a petição ao presidente do Supremo Tribunal Federal, o
ex-presidente é alvo de “ataques
preconceituosos e discriminatórios” e de tentativas de criminalização.
No documento, os advogados argumentam, basicamente,
que qualquer pessoa pode recorrer à ONU quando concluir que seus direitos são
violados, aproveitando o ensejo para também repudiar as manifestações de
associações de magistrados contra o recurso dirigido à ONU.
Os advogados alegam que “Não é despiciendo lembrar que o Brasil é, desde 1992, signatário do
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos da ONU e, desde 2009, também
do seu Protocolo Facultativo, que prevê expressamente a possibilidade de
qualquer pessoa encaminhar comunicação escrita ao referido comitê, quando se
sentir ameaçada pela violação dos direitos protegidos pelo Pacto de Direitos Civis
e Políticos da ONU”.
Na verdade, outros profissionais, além de
advogados, também assinaram o documento de apoio ao ex-presidente, entre
professores e economistas, com destaque para pessoas ligadas à ideologia
petista, como ex-ministros, ex-assessores de campanhas eleitorais do partido,
parlamentares petistas, entre outros, mas todos vinculados à causa esquerdista
deletéria do patrimônio nacional.
Não
seria o caso de o ex-presidente recorrer primeiramente às instâncias próprias
do Brasil, denunciando possíveis abusos de autoridades, ataques preconceituosos
e discriminatórios, bem assim contestando possíveis perseguições, parcialidades
em julgamentos e outras irregularidades que estivessem concorrendo para prejudicar
seus direitos como cidadão, à luz dos ditames jurídicos do país?
Parece
não haver dúvida de que é direito líquido e certo que qualquer cidadão possa e
deva procurar proteção jurídica, à luz da preservação dos direitos humanos, mas
não se exigiria que, para isso, fossem esgotadas as demandas propiciadas no
âmbito do Brasil, até mesmo como forma de respeito e acatamento aos poderes
constituídos e o arcabouço jurídico pátrio?
Não
seria forma de clara precipitação por parte de quem deixou de confiar nas
instituições jurídicas do país, acusando-as, com dureza, sobre a prática de
atos que poderiam ser solucionados no próprio país, dando a entender que as citadas
instituições são capazes de prejudicá-lo, mesmo que ainda não tenha havido
julgamento de coisa alguma, de modo a haver recurso sobre as decisões
efetivamente havidas, em respeito ao ordenamento jurídico do país?
Não
estaria havendo precipitado pré-julgamento por parte de quem recorre a
organismo internacional, em busca de proteção, quando as instituições nacionais
ainda sequer apreciaram as ações objeto das contestações?
Causa espécie que os apoiadores, principalmente
advogados, destaquem em sua defesa a correção do recurso apresentado ao órgão
da ONU, fazendo crítica à atuação do juiz, sem mencionar, nem de longe, as
circunstâncias sobre os fatos denunciados contra o ex-presidente, dando a
entender que ele é intocável e imune às investigações, como se os atos
praticados por ele tivessem foro privilegiado no sentido de sequer puderem ser
averiguados.
É estranho que os apoiadores não expliquem nem esclareçam,
assim como deixe de fazê-lo o próprio investigado, os fatos objeto das
investigações na Operação Lava-Jato, preferindo enaltecer que é preferível
denunciar a precisa atuação de quem vem se empenhando, ao contrário, para
mostrar exatamente a origem dos fatos delituosos, como se ele fosse aquele que
deveria ser penalizado, quando o principal envolvido luta apenas para se passar
por vítima, mesmo sem demonstrar esforço para comprovar, por meio de provas
juridicamente válidas, a sua inculpabilidade, que certamente não se resolve tão
somente no grito, mediante a apresentação de recurso à instância indiscutivelmente
indevida.
À
toda evidência, o recurso promovido junto a organismo da ONU demonstra completa
falta de confiança do recorrente de poder comprovar a sua inculpabilidade sobre
os fatos objeto das denúncias, porque, ao contrário, ele poderia resolver e
comprovar, por meio de provas válidas, os fatos irregulares cuja autoria lhe é
imputada, caso em que, conforme o resultado, nem haveria necessidade de se
recorrer às instâncias internacionais, porque a precipitação denota completa
insegurança quanto à comprovação contraditória sobre os fatos questionados,
inclusive com relação às possíveis alegadas perseguições. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 13 de agosto de 2016
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