O
Ministério Público Federal afirma que o ex-presidente da República petista “participou ativamente do esquema criminoso”
na Petrobras, tendo defendendo a competência do juiz federal de Curitiba para
julgá-lo, com relação aos fatos cuja autoria é atribuída ao petista.
Os
procuradores integrantes da força-tarefa formulam acusação de que, “Considerando os dados colhidos no âmbito da
Operação Lava-Jato, há elementos de prova de que Lula participou ativamente do
esquema criminoso engendrado em desfavor da Petrobras, e também de que recebeu,
direta e indiretamente, vantagens indevidas decorrentes dessa estrutura delituosa”.
A
manifestação em apreço responde à ofensiva do ex-presidente que, em exceção de
incompetência, alega parcialidade do juiz de Curitiba para presidir as
investigações contra o ex-presidente, com relação às reformas no sítio Santa
Bárbara, em Atibaia, e no tríplex de Guarujá, ambos em São Paulo, além do
repasse de recursos à empresa de palestras do ex-presidente.
O
petista alega que inexistem motivos para que o juiz federal “seja competente para processar e julgar os
feitos que o envolvem, em razão de os fatos supostamente delituosos – aquisição
e reforma de imóveis nos municípios de Atibaia e Guarujá e realização de palestras
contratadas – consumaram-se no Estado de São Paulo, não apresentando conexão
com os fatos investigados no âmbito da Operação Lava Jato’.
Por
sua vez, os procuradores contestam o ex-presidente, afirmando que: “Contextualizando os fortes indícios,
diversos fatos vinculados ao esquema que fraudou as licitações da Petrobras
apontam que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva tinha
ciência do estratagema criminoso e dele se beneficiou. Considerando que uma das formas de repasse de propina dentro do arranjo
montado no seio da Petrobras era a realização de doações eleitorais, impende
destacar que, ainda em 2005, Lula admitiu ter conhecimento sobre a prática de ‘caixa
2’ no financiamento de campanhas políticas”.
Os
procuradores ressaltam que o petista, em recente depoimento à Polícia Federal,
“reconheceu que, quanto à indicação de
Diretores para a Petrobras ‘recebia os nomes dos diretores a partir de acordos
políticos firmados'. Ou seja, Lula
sabia que empresas realizavam doações eleitorais ‘por fora’ e que havia um
ávido loteamento de cargos públicos. Não é crível, assim, que Lula
desconhecesse a motivação dos pagamentos de ‘caixa 2’ nas campanhas eleitorais,
o porquê da voracidade em assumir elevados postos na Administração Pública
federal, e a existência de vinculação entre um fato e outro”.
Os
procuradores afirmam que “mesmo após o
término de seu mandato presidencial, Lula foi beneficiado direta e
indiretamente por repasses financeiros de empreiteiras envolvidas na Operação
Lava Jato. (...) Além disso, é
inegável a influência política que Lula continuou a exercer no Governo Federal,
mesmo após o término de seu mandato. E, por fim, não se esqueça que diversos
funcionários públicos diretamente vinculados ao esquema criminoso, como os
Diretores da Petrobrás Paulo Roberto Costa e Renato Duque, foram indicados por
Lula e permaneceram nos cargos mesmo após a saída deste da Presidência da
República.”.
Por
se tratar de documento bastante esclarecedor, contendo valiosas e importantes informações
pertinentes aos fatos denunciados, que certamente não foram transcritas no
recurso apresentado à Comissão de Direitos Humanos da ONU, conviria que o
ex-presidente o enviasse agora àquele órgão, como adendo e relevante fonte de
informação, para que seus membros se inteirem sobre detalhes que foram omitidos
quanto à ativa participação do petista no maior escândalo criminoso engendrado
contra a administração pública da história republicana, cuja revelação é de
suma importância, por ser da lavra do Ministério Público, que é órgão de
competência inquestionável.
À
luz do princípio da transparência, convém que o órgão da ONU conheça os reais
motivos pelos quais o petista vem sendo investigado, possivelmente por ser a
principal peça da maior significância nesse jogo do tabuleiro da corrupção, por
meio da qual os esquemas irregulares foram implantados e consolidados a partir
do mensalão, tendo culminado com o petrolão, que foi implementado graças ao
aparelhamento comandado pelo Palácio do Planalto, sem o qual jamais seria
possível a consolidação de estratagema de tamanhas estrutura e eficiência, cuja
relevância de atuação teve por base a participação criminosa de integrantes do
PT, PMDB e PP, que se beneficiaram com o desvio de recursos dos cofres da
Petrobras, por meio de contratos com preços superfaturados.
Não
há dúvida de que o Brasil precisa ser passado a limpo, com urgência, e a única
maneira para que isso possa ocorrer é exatamente por meio da realização de
profundas e abrangentes investigações sobre as execuções, entre outros, dos
contratos da Petrobras e suas ramificações, compreendendo todos aqueles
celebrados na gestão petista, ante a generalizada suspeita de irregularidades
para beneficiar políticos e partidos, conforme mostram os resultados das
apurações.
Enquanto
não houver completa depuração acerca das suspeitas de irregularidades com
relação às contratações na administração pública, não somente com relação à
Petrobras, mas com abrangência nas demais estatais, não há como se possa acreditar
na regularidade dos gastos realizados na gestão petista, ante a desacreditada
forma de aparelhamento adotada por ela, conforme mostram as investigações realizadas
pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, que normalmente apontam
irregularidades graves, evidentemente incompatíveis com os princípios da
administração pública.
Diante
das afirmações do Ministério Público Federal de que o ex-presidente da
República petista teria participado ativamente do esquema criminoso do
petrolão, o Poder Judiciário assume a enorme incumbência de julgá-lo com base
nos levantamentos constantes dos autos, não importando o local da jurisdição,
mas sim os fatos que mostram ser da maior gravidade, por envolver a participação
de ex-presidente da República que se considera a pessoa mais imaculada do
planeta. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 11 de agosto de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário