Apesar
de o marqueteiro da campanha da petista e sua mulher terem alegado que
receberam US$ 4,5 milhões em conta na Suíça, originários de esquema planejado na
corrida eleitoral, a presidente da República afastada voltou a rechaçar seu envolvimento
em suposta irregularidade pelo uso de caixa dois, para financiar sua campanha,
tendo afirmado que o problema sobre o crime é dos delatores e do Partido dos
Trabalhadores, procurando, com isso, se eximir de qualquer responsabilidade
sobre procedimento irregular ocorrido na sua reeleição.
A
petista disse que "Se ele (o
marqueteiro) recebeu US$ 4,5 milhões, não
foi da organização da minha campanha, porque ele diz que recebeu isso em 2013.
A campanha começa em 2010 e, até o fim do ano, antes da diplomação, ela é
encerrada. Tudo o que ficou pendente
sobre pagamentos da campanha passa a ser responsabilidade do partido. Minha
campanha não tem a menor responsabilidade sobre em que condições se pagou
dívida remanescente da campanha de 2010. Não é a mim que você tem de perguntar
isso. Ele (o marqueteiro) tratou essa
questão com a tesouraria do PT.".
Integrantes
da cúpula do PT demonstraram profunda irritação com a entrevista concedida pela
presidente afastada, que atribui ao partido a responsabilidade pelo pagamento
de despesas, via caixa 2, ao marqueteiro contratado pelo PT, em 2010.
A
presidente afastada afirmou que após a eleição, a campanha dela não tinha mais
responsabilidade sobre o pagamento de dívidas, que seria assumido pelo partido.
Um
integrante da executiva do PT lembrou que não é a primeira vez que a presidente
afastada lava as mãos diante de questão relevante e não assume a culpa pelo
ocorrido, quando o escândalo entra na órbita dela e envolve a sua
responsabilidade, que nunca a assume, como seria natural.
A
propósito, quando houve o estouro do escândalo do petrolão, os interlocutores
mais próximos do ex-presidente da República petista, no partido, ficaram
contrariados com o fato de a petista ter jogado a responsabilidade pela destruição
da Petrobras na gestão anterior, da época do governo do ex-presidente, ou seja,
como se na gestão dela não tivesse ocorrido qualquer irregularidade.
Esse
integrante da executiva ressaltou, em tom de desabafo, que a presidente
afastada só está pensando em tentar resgatar a biografia dela, demonstrando não
ter o menor compromisso com a defesa do PT, lembrando ainda que, "Enquanto isso, a tropa de choque do partido
no Congresso e nas ruas é quem tenta salvar o mandato de Dilma no impeachment",
dando a entender possível ingratidão por parte da petista.
À
toda evidência, o produto da irregularidade que veio à tona agora, i.e., o
serviço prestado e pago por meio do caixa 2, já foi entregue diretamente à
presidente afastada, que se beneficiou das publicidades prestadas pelo
marqueteiro na sua campanha presidencial, ficando a responsabilidade pela
ilicitude em apreço, segundo a interpretação dela, para o partido, como se a
petista não fosse o cerne da contratação do marqueteiro.
Diante
desse entendimento, parece fácil se concluir que as ameaças de se fazer o diabo
para elegê-la e reelegê-la não implicariam nenhum respingo na pessoa dela, que
poderia ficar imune às responsabilidades, inclusive quanto à prática de caixa 2.
A
presidente afastada precisa se conscientizar de que ela é a pessoa que tem
total culpa pelos malfeitos envolvendo a sua campanha eleitoral, por se tratar
de projeto indissociável do partido e dela, porque as despesas de campanha
estão vinculadas, no caso, à candidata e, sem o que, nem existia campanha e
muito menos marqueteiro.
O
partido tem toda razão em rechaçar a responsabilidade única pelas ilicitudes
ocorridas na campanha eleitoral, em especial porque a candidata do partido não
tem autonomia nem independência e muito menos desvinculação quanto às
responsabilidades sobre os fatos ocorridos na campanha, visto que eles foram
adotados visando à vitória da petista, não importando os fins empregados para o
atingimento dos meios.
No
caso, o caixa 2 se enquadra perfeitamente no jogo sujo contra tudo e todos,
inclusive os adversários, por haver gastos de maneira irregular, em
contrariedade às normas eleitorais, cuja responsabilidade deve ser atribuída aos
envolvidos que se beneficiaram, principalmente ao candidato, que é o principal
interessado nas contratações de publicidade, conquanto elas deveriam ser
realizadas somente em estrita observância à legislação aplicável à espécie.
A
negativa de responsabilidade pelas irregularidades das despesas de campanha
conspira, com enorme gravidade, contra a presidente afastada, por mais uma vez
não ter a sensatez de assumir a sua culpa por atos que estão visceralmente
ligados a ela, a exemplo da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, quando
ela, na qualidade de presidente do Conselho de Administração da Petrobras,
simplesmente atribuiu a falha ao assessoramento, eximindo-se, de forma inexplicável
e injustificável, da sua indiscutível responsabilidade.
Os
brasileiros precisam compreender, em definitivo, que a presidente da República
afastada, diante desse episódio do caixa 2, considerado de extrema gravidade, à
vista do inconteste ferimento dos princípios da legalidade, transparência,
honestidade e dignidade, não tem sensibilidade suficiente para assumir a sua
parcela de culpa por fatos irregulares que estão visivelmente vinculados à
pessoa dela, sendo capaz, sem o menor escrúpulo, de atribuir a culpa somente a
outrem, no caso, ao seu partido. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 10 de agosto de 2016
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