O site do jornal
americano The Washington Post publicou artigo com severas críticas às condições
em que a Olimpíada está ocorrendo, ganhando destaque os problemas estruturais e
administrativos do Rio de Janeiro, como roubos de profissionais de comunicação
estrangeira, atletas e turistas, morte de soldado brasileiro em emboscada,
alteração na cor das águas das piscinas, entre muitas precariedades.
Segundo o citado site, as dificuldades verificadas
na Olimpíada certamente não existiriam em um país rico.
O texto afirma que, em 2009, quando o Brasil foi
escolhido como sede do evento em apreço, as condições do país eram bem melhores
que agora, quando são visíveis as deficiências, que se acentuaram no embalo das
crises política e econômica, envolvendo o afastamento provisório da presidente
da República do Palácio do Planalto e o alto índice de desemprego, entre outros
fatos nefastos que contribuem para que o Brasil esteja em situação bastante delicada.
O artigo também abordou a situação crítica da
segurança pública, dizendo que as arenas olímpicas, em especial, confundem-se
com postos militares, ante a exagerada proteção de 85 mil pessoas (militares e
civis) cuidando da segurança.
O jornal ressalta que o prefeito do Rio de Janeiro
havia garantido que a cidade seria o lugar mais pacífico do mundo, “Mas não foi o caso”, à vista do episódio
em que um ônibus olímpico teria sido atingido por balas: “A delegada que investiga o caso afirma que,
na verdade, foi uma pedra, mas passageiros insistem que ouviram o som de tiros.”.
O site americano ressalta que as soluções foram “procuradas freneticamente”, mas sem
sucesso: com medo de ataques terroristas, os torcedores foram revistados de
forma mais rígida no primeiro dia da competição, o que causou filas e fez com
que vários deles ficassem do lado de fora, sem ver os jogos.
O texto diz que, para resolver a alteração na cor da
água das piscinas olímpicas, “colocaram
mais cloro e prejudicaram os olhos dos jogadores de polo aquático”.
O The Washington Post menciona a existência de queixas
à comida do refeitório da Vila Olímpica e à estrutura de hospedagem dos
atletas.
No fim das contas, o vírus da zika, que era a maior
preocupação por atletas e delegações, foi pouco comentado, tendo ficando em
planos secundários, diante da inexistência de registro de caso dessa doença.
De acordo com o texto, o que salva os turistas e
competidores de tantos problemas são o carinho e a hospitalidade dos
brasileiros, que se esforçam para mostrar seu lado alegre e feliz, em que pesem
as crises que afetam o país.
O
conjunto das precariedades apresentado no evento é demonstração inequívoca de
que o país ainda não estava preparado e em condições, principalmente
econômicas, para realizar empreendimento da magnitude da Olimpíada, o que vale
dizer que houve precipitação e incompetência do presidente da República, que
deveria, como medida primordial, promover o saneamento das questões sociais e
econômicas do país para depois assumir, com segurança, responsabilidade da
maior importância, como a Olimpíada.
À
toda evidência, a Olimpíada é evento que atrai a tenção do mundo e serve de
espelho do país para refletir suas qualidades e mazelas, mas, infelizmente, até
agora só foi possível a exposição de quadros de vexames, fiascos, trapalhadas e
precariedades de toda ordem, em sequência de despreparos somente comparáveis
com as republiquetas desestruturadas e perdidas na incompetência.
Sob
o prisma da razoabilidade e da responsabilidade pública, os recursos gastos com
a Olimpíada deveriam ter a destinação dos programas condizentes com o
atendimento das necessidades da população, em estrita sintonia com a finalidade
pública, eis que megaevento como esse é contrário aos princípios da
administração pública, sobretudo quando há extrema deficiência na prestação dos
serviços básicos ao povo, que, em última análise, não se beneficia,
absolutamente em nada, dos empreendimentos resultantes da sua realização.
Na
verdade, todo esforço do governo para realizar a Olimpíada terá preço muito
alto para os brasileiros, que serão convocados para o sacrifício em decorrência
da gastança que jamais deveria ter ido para esse empreendimento, porquanto o
bom senso e a razoabilidade sinalizam que o país tem importantíssimas prioridades, que estão
martirizando a população, notadamente no que diz respeito às mazelas na saúde,
na educação, na segurança pública, nos transportes, na infraestrutura, no
saneamento básico, entre tantas precariedades comparáveis às existentes nas republiquetas,
onde os governantes não se preocupam com o bem-estar da população e fazem
gastos a seu bel-prazer, em prejuízo da população.
Tendo
por base o conjunto das precariedades afloradas e denunciadas pelo mundo
civilizado, por ocasião da Olimpíada, os brasileiros precisam se conscientizar sobre
a imperiosa necessidade de exigir dos governantes a priorização dos gastos
públicos, de modo que os programas de governo sejam obrigados a contemplar
somente projetos e atividades que visem ao atendimento das necessidades básicas
da população, com embargo dos megaeventos dispendiosos, inúteis e dispensáveis,
contrários ao interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 15 de agosto de 2016
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