domingo, 9 de junho de 2024

A vidência?

A última ex-primeira-dama do país disse que acredita que o último ex-presidente brasileiro será o próximo presidente do Brasil.

Ela afirmou, in verbis: “(...) Parece que há um interesse em acelerar a apresentação de nomes presidenciáveis para diminuir a importância do nome do meu marido. Lamento informar a esses ‘precoces’ que Jair está mais ativo do que nunca. Estamos trabalhando para reverter as injustiças que ele enfrenta, acredito que ele será o nosso próximo presidente. As pessoas estão sedentas por mudanças não querem a ‘cena do crime’ atual. Os brasileiros, apesar das grandes crises que o nosso governo enfrentou, experimentaram o que é ser governado por um presidente patriota, honesto e que acredita no Brasil. (...)”.

Na realidade e à toda evidência, não passa de afirmação revestida de puro devaneio, no sentido de que o último ex-presidente do país será o próximo presidente da República, de vez que isso é apenas o ardente desejo natural de seguidores do político, tendo por base, como se pode constatar, fato nenhum a respaldá-la, ou seja, à luz do caso decidido, com base nos elementos constantes do processo, nada acena para mudança do entendimento da Justiça.

Poder-se-ia se cogitar nessa possível hipótese se, ao menos, tivesse qualquer perspectiva de mudança significativa nos quadros dos órgãos jurídicos superiores brasileiros que cuidam do exame dos recursos pertinentes à matéria sobre a decretação da inelegibilidade do ex-presidente do país.

Não obstante, não há a menor esperança de alteração expressiva nos cargos incumbidos de decidirem sobre a questão.

Além disso, não se vislumbra o surgimento de fatos novos sobre o caso, evidentemente diferentes daqueles existentes no processo já decidido, posto que isso poderia contribuir para possível desdobramento do caso e, por via de consequência, de entendimento diferente favorável ao político.

O certo é que o ex-presidente do país foi totalmente incapaz de convencer os juízes sobre a inexistência de crimes com força para condená-lo à pena capital da inelegibilidade, justamente porque o caso, em si, sequer aparenta caracterização de crime de qualquer gravidade, muito menos com potencial incriminatório para afastá-lo da candidatura a cargo público eletivo, segundo a jurisprudência predominante no país, quando se trata de primeiro caso, com punição draconiana e praticamente com impossibilidade de apelação, nos termos das práticas jurídicas, por se tratar de político adversário do sistema dominante.

Trata-se, na verdade, de resultado de brutal disputa pelo poder, em que o sistema dominante impôs as suas regras, tendo decidido segundo o seu pensamento, que há de prevalecer, quer queira ou não, sem gemido, podendo apenas reclamar, mas sem sucesso.

À toda evidência, a afirmação feita pela própria ex-primeira-dama do país tem algo de muita insensatez e irresponsabilidade, em razão de não haver qualquer base de sustentação para o reexame da matéria, que seria o mínimo necessário para fundamentar a pretensão compartilhada por ela, com bastante ênfase.

Sim, se afirmar alguma hipótese sobre o futuro político do país, sem o mínimo respaldo, certamente constitui atitude da maior irresponsabilidade, à vista de se induzir pessoas a acreditarem em informação inconsistente, irrealista, que põe em dúvida a credibilidade da pessoa que se arvora em dizer algo sem fundamento, fato este que fica muito feio para quem afirma o que não devia, exatamente por faltar consistência, que é algo que jamais poderia acontecer por parte de políticos, que precisa ter credibilidade nos seus atos.

À vista do exposto, é aconselhável que os políticos somente façam afirmações sobre os fatos que tenham consistência, evidentemente por haver fundamento para a devida sustentação deles, como forma de não pôr em dúvida a sua credibilidade.

            Brasília, em 9 de junho de 2024 

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