sexta-feira, 7 de junho de 2024

Lugar de amor

 

Agora, depois de uma das piores catástrofes da história da humanidade, ocorrida nas terras gaúchas, a gente, precisa, urgentemente, parar para pensar como agir para começar a reconstruir, ao menos, parte das belezas que existiam naquelas plagas, aproveitando o resto da disposição em cada um dos brasileiros, que se prontificaram a colaborar com esse processo que tem o majestoso nome de solidariedade.

São emocionantes e tristes as imagens sobre toda inundação das águas invadindo casas, ruas, campos, levando consigo vasto patrimônio secular acumulado pelas pessoas, que jamais será resgatado, ante a impossibilidade da sua recomposição.

Algo maravilhoso e lindo sobreveio depois das tormentas, da catástrofe e da destruição, que foi a imediata manifestação dos brasileiros, que acorrem em solidariedade, extremamente sensíveis às dores e às lágrimas do povo gaúcho, destroçado e abatido pelos solavancos das inundações, que não mediram esforços para estenderem as mãos àqueles que, de repente, foram colocados em extremas dificuldades.

O resultado das enchentes deixou rastro de muitos estragos, de forma generalizada, abrangendo quase todos os municípios, em proporções alarmantes e irreversíveis, mas o caos não conseguiu abater a fibra do povo gaúcho, que se fortaleceu em união para soergue o seu torrão querido, conforme é assim a vontade de todos.

O mais lamentável é que mais de centena de pessoas foram tragadas pela força das águas e outras tantas desapareceram ao meio do torvelinho das incontroláveis inundações, que foi algo absolutamente inevitável.

O certo mesmo é a impossibilidade de serem calculados os prejuízos materiais e psicológicos, principalmente estes, que serão contabilizados para sempre e dificilmente poderão ser recuperados, porque elas ficam gravados na memória, do corpo e da alma, diante da intensa dor que o homem é obrigado a suportar.

O importante que se viu foi a mobilização dos brasileiros, que mostraram sensibilidade diante de questão realmente marcante e dolorosa, em forma de reação à altura dos lamentáveis acontecimentos, que certamente poderiam ter sido minimizados, caso o próprio homem tivesse igual sensibilidade para com a natureza.

É preciso que se diga, em forma de alerta, que o revide da natureza, com tamanha truculência, nada mais foi do que em resposta ao tratamento que ela recebe do homem, ou seja, muito aquém do que ela merece, por fazer jus, em termos de conservação do meio ambiente, que tem sido cada vez mais relegado à própria natureza, em péssimo estado de abandono, conforme mostra o registro da história.

Esse momento de solidariedade em abraço voluntário à causa do Rio Grande do Sul suscita a engenhosa ideia de que movimento idêntico a esse pode perfeitamente ser implementado pelos brasileiros, em reação contra todas as formas de mazelas que afligem o Brasil e os brasileiros, a exemplo da violência, da má gestão do dinheiro público, dos abusos de todas as formas, da incompetência, da péssima prestação dos serviços públicos, da insensibilidade às causas da sociedade, enfim, de todas as práticas de injustiças.

Enfim, quando o caos acabar, quando o sol alto e forte voltar a brilhar e quando os abraços e os sorrisos forem somente de alegria, porque assim deva ser a vida, infinita, divertida, terna e acariciada pelo amor.          

Brasília, em 7 de junho de 2024

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