quinta-feira, 20 de junho de 2024

Involução da Igreja Católica

O papa disse que as mulheres estão “começando a mandar no Vaticano”, em razão de uma religiosa ocupar importante cargo na sua administração.

A declaração papal aconteceu por ocasião de audiência com uma freira, que é secretária-geral do Governatorato da cidade-Estado, órgão que tem o poder Executivo no menor país do mundo.

O pontífice afirmou que “Agora, as mulheres começam a mandar aqui dentro.”, por conta do seu desejo de aumentar a presença feminina na hierarquia da Cúria romana, em que pese o primeiro escalão ser exclusivamente masculino, certamente comandado por cardeais.

A mencionada mulher é uma espécie de “número 2” do Governatorato, que é chefiado por um cardeal espanhol.

Na verdade, não passa de bazófia essa conversa de que as mulheres começam a mandar no Vaticano, porque é apenas uma ou outra que tem cargo executivo lá e mesmo assim sempre sobre o comando de religiosos, em especial cardeal.

Caso o papa tivesse interesse em aceitar a participação das mulheres não somente na administração do Vaticano, mas também no ofício religioso, tal qual é confiado aos homens, ele poderia determinar estudos bem amplos e completos sobre essa brutal e inaceitável discriminação que é feita ao chamado “sexo frágil”, que, de frágil, não existe senão a má vontade acerca do trabalho da mulher, posto que ele é tão bom ou melhor do que o feito pelo homem, evidentemente sem qualquer restrição, conforme mostram as experiências.

Nesses estudos, seriam levados em consideração todos os aspectos favoráveis e desfavoráveis à participação da mulher nas atividades da Igreja Católica, tendo em conta, em especial, a evolução da humanidade, que reconhece plenos direitos à igualdade entre homens e mulheres.

Pensamento diferente disso seria o mesmo que ignorar, de forma desrespeitosa e desumana, as importantes conquistas do homem, em todos os setores de interesse do homem, que acompanhou os conhecimentos para a aplicação deles nas suas atividades do dia a dia.

Diante disso, fácil é enxergar e reconhecer que a Igreja Católica faz questão de permanecer estática, há século, como prova latente da sua involução, porquanto não faz o menor sentido esse brutal atraso e desrespeito a algo tão importante que é a evolução da humanidade, especialmente tendo por base os conhecimentos advindos da ciência e da tecnologia, em proveito da humanidade.

Sem margem de dúvidas, é preciso se reconhecer que a visão do homem que acompanha os avanços da humanidade é apenas necessidade da sua inserção à modernidade.

Modernidade essa que o Vaticano prima em desprezar, mostrando-se  completamente alheios aos princípios da modernidade propiciada pela natural evolução da humanidade, fato este que conspira contra a própria Igreja Católica, que permanece estática no seu crônico atraso, fruto de dogmas prejudiciais ao seu funcionamento regular.

À toda evidência, não existe absolutamente nada que possa ser alegado que as mulheres não têm condições de exercer todos os ofícios e credos somente confiados aos homens, porque isso não passa de desrespeitosa discriminação contra elas.

É importante que se diga que esse fato também tem a contribuição das mulheres, que não têm coragem de reivindicar, junto à Igreja Católica, igualdade de condições com os homens, para exercerem os ofícios e todas as atividades somente confiadas aos homens, especialmente diante da evidência de que não existe nenhuma restrição ao seu trabalho pastoral, certamente que ele seria da melhor qualidade possível, à vista de seus notórios zelo, cuidado e amor por seu próximo, requisito esse que foi lembrado por Jesus Cristo, como a melhor forma da convivência em sociedade.

Nessa mesma linha de raciocínio, entendo que não existe nada mais anacrônico e absurdo do que o celibato, que teria sido instituído há séculos, justamente para que essa condição obrigatória de o padre se manter solteiro pudesse se ajustar aos rigores sociais da época que ele foi instituído.

Não há mais o menor cabimento, conforme os princípios da evolução da humanidade acima aludidos, que essa estapafúrdia obrigatoriedade ainda permaneça intocável, há séculos, o que mostra verdadeiro atraso da Igreja Católica.

O celibato para padre não encontra qualquer justificativa, na atualidade, levando-se em conta que ele é apenas profissional que cuida dos interesses da evangelização própria da Igreja Católica, comparável, mutatis mutandis, a qualquer outra atividade, como o médico, o advogado e todas as demais profissões que podem cuidar das causas das pessoas, cada qual nas suas especialidades, e conviverem normalmente como sendo pessoas solteiras ou casadas, sem qualquer restrição ao desempenho de suas normais atividades profissionais.

À vista do exposto, o papa poderia pensar em modernizar a Igreja Católica, à luz da evolução da humanidade, começando em determinar a criação de estudos de alto nível, tendo por finalidade o levantamento sobre a importância da mulher no desempenho das atividades somente exercidas por homens, ou mais precisamente para se permitir que elas realizem os ofícios próprios de padres, além de se levantar a real importância do celibato, basicamente justificando a sua real necessidade ou não para a missão de evangelização.                   

            Brasília, em 20 de junho de 2024 

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