O papa
disse que as mulheres estão “começando a mandar no Vaticano”, em razão de
uma religiosa ocupar importante cargo na sua administração.
A declaração
papal aconteceu por ocasião de audiência com uma freira, que é secretária-geral
do Governatorato da cidade-Estado, órgão que tem o poder Executivo no menor
país do mundo.
O
pontífice afirmou que “Agora, as mulheres começam a mandar aqui dentro.”,
por conta do seu desejo de aumentar a presença feminina na hierarquia da Cúria
romana, em que pese o primeiro escalão ser exclusivamente masculino, certamente
comandado por cardeais.
A
mencionada mulher é uma espécie de “número 2” do Governatorato, que é chefiado
por um cardeal espanhol.
Na verdade,
não passa de bazófia essa conversa de que as mulheres começam a mandar no
Vaticano, porque é apenas uma ou outra que tem cargo executivo lá e mesmo assim
sempre sobre o comando de religiosos, em especial cardeal.
Caso o
papa tivesse interesse em aceitar a participação das mulheres não somente na
administração do Vaticano, mas também no ofício religioso, tal qual é confiado
aos homens, ele poderia determinar estudos bem amplos e completos sobre essa
brutal e inaceitável discriminação que é feita ao chamado “sexo frágil”, que,
de frágil, não existe senão a má vontade acerca do trabalho da mulher, posto
que ele é tão bom ou melhor do que o feito pelo homem, evidentemente sem qualquer
restrição, conforme mostram as experiências.
Nesses
estudos, seriam levados em consideração todos os aspectos favoráveis e
desfavoráveis à participação da mulher nas atividades da Igreja Católica, tendo
em conta, em especial, a evolução da humanidade, que reconhece plenos direitos
à igualdade entre homens e mulheres.
Pensamento
diferente disso seria o mesmo que ignorar, de forma desrespeitosa e desumana, as
importantes conquistas do homem, em todos os setores de interesse do homem, que
acompanhou os conhecimentos para a aplicação deles nas suas atividades do dia a
dia.
Diante
disso, fácil é enxergar e reconhecer que a Igreja Católica faz questão de permanecer estática, há século, como
prova latente da sua involução, porquanto não faz o menor sentido esse brutal
atraso e desrespeito a algo tão importante que é a evolução da humanidade,
especialmente tendo por base os conhecimentos advindos da ciência e da
tecnologia, em proveito da humanidade.
Sem margem de dúvidas, é preciso se reconhecer que
a visão do homem que acompanha os avanços da humanidade é apenas necessidade da
sua inserção à modernidade.
Modernidade essa que o Vaticano prima em desprezar,
mostrando-se completamente alheios aos
princípios da modernidade propiciada pela natural evolução da humanidade, fato
este que conspira contra a própria Igreja Católica, que permanece estática no
seu crônico atraso, fruto de dogmas prejudiciais ao seu funcionamento regular.
À toda evidência, não existe absolutamente nada que
possa ser alegado que as mulheres não têm condições de exercer todos os ofícios
e credos somente confiados aos homens, porque isso não passa de desrespeitosa
discriminação contra elas.
É importante que se diga que esse fato também tem a
contribuição das mulheres, que não têm coragem de reivindicar, junto à Igreja
Católica, igualdade de condições com os homens, para exercerem os ofícios e
todas as atividades somente confiadas aos homens, especialmente diante da
evidência de que não existe nenhuma restrição ao seu trabalho pastoral,
certamente que ele seria da melhor qualidade possível, à vista de seus notórios
zelo, cuidado e amor por seu próximo, requisito esse que foi lembrado por Jesus
Cristo, como a melhor forma da convivência em sociedade.
Nessa mesma linha de raciocínio, entendo que não
existe nada mais anacrônico e absurdo do que o celibato, que teria sido
instituído há séculos, justamente para que essa condição obrigatória de o padre
se manter solteiro pudesse se ajustar aos rigores sociais da época que ele foi
instituído.
Não há mais o menor cabimento, conforme os
princípios da evolução da humanidade acima aludidos, que essa estapafúrdia obrigatoriedade
ainda permaneça intocável, há séculos, o que mostra verdadeiro atraso da Igreja
Católica.
O celibato para padre não encontra qualquer
justificativa, na atualidade, levando-se em conta que ele é apenas profissional
que cuida dos interesses da evangelização própria da Igreja Católica,
comparável, mutatis mutandis, a qualquer outra
atividade, como o médico, o advogado e todas as demais profissões que podem cuidar
das causas das pessoas, cada qual nas suas especialidades, e conviverem normalmente
como sendo pessoas solteiras ou casadas, sem qualquer restrição ao desempenho
de suas normais atividades profissionais.
À vista do exposto, o papa poderia pensar em
modernizar a Igreja Católica, à luz da evolução da humanidade, começando em
determinar a criação de estudos de alto nível, tendo por finalidade o
levantamento sobre a importância da mulher no desempenho das atividades somente
exercidas por homens, ou mais precisamente para se permitir que elas realizem
os ofícios próprios de padres, além de se levantar a real importância do
celibato, basicamente justificando a sua real necessidade ou não para a missão
de evangelização.
Brasília, em 20 de junho de 2024
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