Diante da crônica que sintetizei a festa da
padroeira da minha cidade natal, Uiraúna, Paraíba, mostrando que a sua evolução
tirava muito do encanto dos que existia nos tempos da minha infância, muitas
pessoas se manifestaram em meu apoio, entre as quais selecionei a mensagem da
prezada conterrânea doutora Ubaldina Fernandes, conforme o belo texto a seguir.
Em especial, ela mostrou o seu acentuado lado
saudosista, rememorando também os bons tempos da sua infância, nestes termos: “Tempos
imemoriais, de doces lembranças, que não voltam mais... Todos nós, filhos de
Uiraúna, guardamos no escaninho mais precioso da memória, a lembrança dos
tempos (idos) das festas de janeiro... Uma grandiosidade que foi-se perdendo no
perpassar dos anos, pelo evoluir da sociedade, pela mudança das tradições,
enfim, porque tudo (infelizmente, em muitos casos) é mutável... Não temos mais
alvoradas, retretas, quermesses, animadas pelas bandas de música (........),
como atrativos especiais... Também não se tem mais o inesquecível Ganga e seu
pregão, revestido de efusão e alegria... Conforta-nos, porém, principalmente
aos que residimos fora, a convicção de que a Excelsa Sagrada Família, nunca
perderá sua força e luz , aspergindo bençãos e graças sobre todos e sendo o
real e imutável motivo de reunião, de reencontro de todos. Que seja assim até o
fim!!!Quanto às reminiscências da Casa de Dona Úrsula... Ah!!!!! Como esquecer?
Nasci e cresci frequentando aquele ‘templo sinestésico de aconchego’,
desfrutando das delícias de ‘Tia’ Ritinha, ‘Tia’ Suzete... da conversa e
risadas gostosas de Dona Úrsula e de Lourdes. Guardo, cristalizadas em minha
memória, a imagem das tardes em que a mulherada concentrava-se na cozinha, no
preparo dos inimitáveis sequilhos e nós, crianças da vizinhança (amigos dos
queridos meninos de Lourdes e Vicente) ficávamos ávidos para provar de tantos
sabores... ah! Ninguém no mundo sabe fazer o bolo de arroz de Ritinha...
Lembrar de toda aquela época, é mergulhar no baú mágico e saudosíssimo, de
poética doçura! Agradeço a você que nos permitiu essa viagem, que deixa marejados
os olhos e muito apertado o coração!”.
Em
resposta ao belo texto acima, cheia de agradável saudosismo, eu disse à estima doutora
Ubaldina que é com o coração em festa que recebo o presente da sua pessoa, em
forma de primorosa mensagem de Ano Novo, na confirmação de reminiscências dos
áureos tempos vividos por mim, na convivência prazerosa de meus avós Juvino e Úrsula
e tias (falo mais em tias porque os tios não eram constantes no casarão. Tio Francisco
era seminarista, tio Raimundo foi embora muito cedo para Jequié, Bahia, e tio
Geraldo vivia mais em Uiraúna).
Parte
do seu relato corresponde exatamente à vida simples, tranquila e feliz dessas
pessoas, que demonstravam infinita bondade no coração, que nem precisavam dizer
com palavras que elas amavam verdadeiramente o seu semelhante.
Na
minha inocência, apenas vivia pensando que era normal a família naqueles
moldes, evidentemente por desconhecer a convivência de outras famílias, mas,
agora, tenho absoluta convicção do quanto eu vivia no paraíso, sob os cuidados
de pessoas valorosas que formavam grupo muito consciente da sua importância
como filhos de Deus, que precisavam amar o seu próximo da melhor maneira
possível.
É
evidente que todo meu passado foi verdadeiro, vivido e constatado, mas se
tivesse sido um sonho ninguém seria capaz de acreditar, principalmente se fosse
possível se fazer retrospectiva para aqueles bons tempos, onde tudo era muito
simples e natural, como o transcurso sereno das águas do rio, que não tem
pressa para atingir o mar.
Agradeço
muitíssimo, prezada doutora Ubaldina, por seu importante testemunho sobre um
lado maravilhoso e verdadeiro da vida de meus queridos antecedentes diretos,
que realmente se sobressaíram pelo bom gosto da culinária nordestina, que eu tive
a sorte grande de desfrutá-la.
Ao
ensejo, desejo que a Sagrada Família seja generosa em conceder à senhora e aos
seus familiares felicidades e prosperidade no Ano Novo.
Brasília,
em 8 de janeiro de 2020
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