Diante das crônicas
que venho publicando sobre a necessidade de hospital em Uiraúna, muitas pessoas
vêm se manifestando em solidariedade ao meu trabalho literário, o que bem
demonstra que o povo de Uiraúna precisa se conscientizar e perder o medo de se
manifestar sobre as precariedades que grassam na cidade, de forma enraizada,
certamente muito mais por culpa dele mesmo, que elege seus representantes e
nada cobram deles sobre as obras e os serviços essenciais em seu benefício.
O caso a que se
refere a saúde pública é exemplo que certamente poderia ser bem melhor cuidada
em benefício da população, caso a administração do município estivesse sob as
mãos de quem nada entende de Medicina, que poderia muito bem ter sensibilidade
suficiente para compreender e avaliar a crueldade e a dureza impingida a quem
depende do atendimento médico-hospitalar fora da cidade.
Pois bem, um
conterrâneo se manifestou, demonstrando indignação, diante do desmazelo vindo à
lume, no que diz respeito à falta de assistência de saúde pública na cidade,
tendo ele escrito exatamente o seguinte: “Boa tarde, sobre a sua crônica: Um
grito de socorro pelo hospital de Uiraúna, Você sabe que não nasce mais filhos
de Uiraúna? Pois as mulheres tem que irem ganhar neném em Cajazeiras ou Sousa.
Mais é isso mesmo. Uiraúna que já teve na nossa infância: Delegado, Juiz,
Coletor fiscal e muitas outras coisas que hoje, tem que ser lá fora. isto é
'CRESCER' kkkkkk.”.
Trata-se de situação
esdrúxula e absolutamente inadmissível, em que uma cidade seja privada de ter
filho registrado nela, exatamente porque as pessoas estão nascendo em outras
cidades, por falta de maternidade.
É impressionante como
o povo de Uiraúna aceita passivamente situação absurda como essa e o mais grave
é que ninguém estranha tamanha estupidez contra os interesses de Uiraúna e do
seu povo, que poderia se mobilizar e exigir do poder público, ao menos, a
maternidade, para que seja possível o nascimento, com a devida dignidade de ser
humano, dos filhos da cidade.
Não deve haver nada
mais desagradável e revoltante do que constar na Certidão de Nascimento o local
de nascimento a maternidade do Hospital Regional de Cajazeiras, por exemplo,
negando o nascimento na verdadeira terra onde a pessoa foi gerada e
desenvolvida no ventre materno.
Com as devidas
vênias, particularmente, considero essa situação da maior gravidade, dando a
cristalina impressão do extremo desprezo à dignidade aos pais de família de
Uiraúna, que sequer têm coragem de demonstrar, como é do seu dever como cidadão,
veemente repúdio junto a quem de direito, porque isso representa, sob minha
avaliação, exemplo das maiores indignidade e maldade ao ser humano.
Fico horrorizado e
extremamente envergonhado como é que o povo de Uiraúna permitiu que esse estado
de degeneração na saúde pública fosse atingir a dignidade dessa cidade, que
ainda se permite reconhecê-la também com o pomposo nome - sem nenhuma cesura -
de “Terra dos Médicos”, quando tudo que se refere à Medicina funciona
precariamente, conforme mostram os fatos confirmados pela própria população,
que precisa recorrer a hospitais de outras localidades da proximidade, não
somente para se evitar a morte, mas também para se buscar o nascimento, como
bem lembrado na mensagem em apreço.
Isso implica dizer que até as parteiras não devem existir mais na cidade, por
conta da extinção da profissão, obviamente em consonância com a evolução da
humanidade.
Essa situação de dependência de outros municípios para o tratamento de assuntos
referentes à saúde, salvo nos casos mais simples e ambulatoriais, que são
feitos na própria cidade, não combina em nada com o status do
povo de Uiraúna, que merece os devidos respeito e consideração à sua dignidade
como ser humano, na mesma forma do tratamento que é dispensado aos demais
brasileiros, não importando onde eles morem, seja na capital ou no interior,
porque a norma jurídica diz claramente que a assistência à saúde pública é
obrigação prioritária do Estado, não fazendo qualquer restrição ou
discriminação.
É preciso se atentar
para o fato de que a Constituição Federal assegura o direito de os brasileiros
terem atendimento médico-hospitalar em condições, ao menos razoáveis, sem
necessidade de se submeterem a essa difícil dependência, quase que de favor, em
situação absolutamente desconfortável e desumana.
É penoso se constatar
que, em pleno século XXI, o povo de Uiraúna ainda seja submetido a esse
terrível tratamento comparável a décadas distantes, diante da evolução e da
modernidade, onde tudo tem sido facilitado para o conforto do homem, fato que
não se concebe nem se permite que cidade do porte de Uiraúna aceite
placidamente ser administrada por quem, tendo formação na área da Medicina, não
consiga vislumbrar o gigantesco atraso por que é obrigado a conviver o seu
sofrido e pacato povo, que ainda aceita pacificamente se submeter aos
maus-tratos dessa magnitude, quando precisa de atendimento médico um pouco mais
especializado.
À toda evidência, o
ideal era que, desde a primeira de muitas gestões já se deveria ter por meta
prioritária a construção de hospital compatível com as demandas da população da
cidade, não permitindo que a situação chegasse a tal ponto de pura aflição, por
se perceber que muita coisa precisa ser feita, para a recuperação do tempo
perdido.
O certo é que, no
momento, tem-se como predominância, por causa dessa calamidade, o caos, o
martírio, a frustração, a decepção, entre tantos tropeços para se conseguir
alguma forma de assistência, em termos de saúde um pouco mais especializada e
confortável, quando teria valido a pena algum empenho, tempos atrás, com vistas
à construção do hospital de Uiraúna, que estaria em pleno funcionamento,
propiciando o devido conforto aos uiraunenses.
É preciso sim que se
martele, com insistência e reiteradamente, na mesma tecla, mostrando os
patentes descaso, omissão, desmazelo, irresponsabilidade por parte de quem teve
e tem a incumbência legal de zelar e cuidar da assistência e da prestação dos
serviços de saúde pública ao povo de Uiraúna, para que ele ou eles sinta (m) na
consciência o tanto de sofrimento que vem causando à população, por sua
exclusiva demência funcional.
É evidente que o
transtorno poderia ter sido evitado se tivesse havido esforço junto a quem de
direito, com vistas à construção do cogitado hospital, que se mostra mais do
que prioritário, na atualidade, diante desse quadro terrível de descaso perante
os doentes que precisam de tratamento, que poderia ser feito na própria cidade,
com totais conforto, tranquilidade e rapidez, evidentemente, a depender das
estruturas operacional e funcional dessa unidade de saúde, que precisa ter
aparelhamento, equipamento, leitos etc., em condições de satisfazer às demandas
da população do porte de Uiraúna.
Brasília, em 27 de janeiro de 2020
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