Na crônica intitulada “É preciso apoio ao apelo”, foi afirmado
que, mesmo distante de Uiraúna, eu sinto que tenho o dever filial de me
preocupar com as mazelas que grassam nessa querida terrinha, onde pessoas
importantes preferem se calar e se omitir diante dos graves problemas que
afligem a população, possivelmente para não contrariarem a classe política
dominante, além de permitir que a cidade se distancie do progresso almejado
pelo tanto que ela merece e não apenas pelo que tem alcançado, quando
certamente poderia ser bem melhor se essa terrível realidade jamais existisse.
Diante desse texto, vieram em meu apoio diversas manifestações se
solidarizando comigo, entre os quais destaco a importante mensagem proferida
pelo sempre atento cidadão Ditinho Minervino, que se expressou nestes termos: “PARABÉNS Conterrâneo,
amigo irmão. Bom seria se os uiraunenses, e filhos da região, tivessem ao
menos, metade da preocupação que você tem em prol da terrinha. Vale salientar
que sua preocupação é verdadeira, uma vez que é do íntimo do seu coração,
portanto, como se diz comumente: É DE GRAÇA. Tem alguns que moram aí, por conta
do dinheiro público, com função política, função essa, conseguida através da
confiança dos eleitores, portanto, com a OBRIGAÇÃO de trabalharem e defenderem
os interesses dos mesmos (de modo geral), e não em favor de pequena classe escolhida
a dedo como fazem. Abraço do amigo de sempre.”.
Em resposta à tão sensível posição desse ilustre conterrâneo, eu
digo, com muita sinceridade, que fico muito honrado e agradecido ante à sua
especial manifestação, que diz muito do meu sentimento de filho que realmente
gostaria que a sua terra natal estivesse com o seu povo em melhores condições
de vida, tendo, ao menos, as melhores atenções quanto aos serviços públicos
básicos devidos à população.
Ou seja, que ele não fosse obrigado, em especial, a enfrentar as
agruras decorrestes da precariedade do abastecimento de água ou que o sistema de
saúde pública não deixasse de propiciar o mínimo do atendimento
médico-hospitalar, sem necessidade do indesejável sacrifício do deslocamento
para outras localidades, em busca de socorro, muitas vezes precário e, de certa
forma, de favor, que praticamente é o que acontece em muitos casos, eis que os
hospitais de Cajazeiras e Sousa já têm sobrecarga de pacientes, sempre no
limite das suas estruturas operacional e funcional de atendimento, sabendo-se
que a demanda da procura é inevitável, à vista da obrigatoriedade institucional
da assistência à saúde pública.
Convém ser lembrado o importante fato de que Uiraúna é cidade de
elevado índice per capita de médicos da região, contrariando
frontalmente a real situação de desleixo que se encontra a assistência da saúde
pública local, em relação ao atendimento médico-hospitalar indispensável à
população, quando a existência de hospital na cidade bem se conformaria com a
exuberância de profissionais da saúde.
Esse fato, aliás, se traduz em motivo de enorme decepção e frustração
dos uiraunenses, haja vista que o dantesco e periclitante quadro retratado pela
situação da saúde pública de Uiraúna se delineia na cidade que vinha sendo reiteradamente
administrada por gestor que tem a fama na região de ser excelente médico, com
extraordinária visão gerencial e acima de tudo cônscio, melhor do que ninguém,
das carências de saúde de seus conterrâneos, o que se exigiria a adoção dos
empenhos possíveis no sentido de se propiciarem, na medida do possível, os
melhores tratamentos médico-hospitalares aos uiraunenses.
Tanto isso é pura verdade que ele o médico-político foi eleito
para exercer o cargo de prefeito da cidade por vários mandatos, naturalmente em
consagração do seu prestígio perante seus fiéis e devotados eleitores, mas,
infelizmente, ao que parece, eles jamais tiveram coragem de lembrá-lo, como é
do seu dever cívico, além do sentimento humanitário, sobre a premente
necessidade da existência de hospital na cidade, em sintonia com a notória
carência dessa unidade de saúde, que é indispensável em qualquer cidade com
razoável população, como é o caso de Uiraúna.
À toda evidência, as cristalinas omissão e irresponsabilidade
patenteadas com o desinteresse pelo hospital de Uiraúna somente se
justificaria, na pior das hipóteses, diante de possível contrariedade de injustificáveis
interesses, no sentido do entendimento segundo o qual a deplorável mendicância
da assistência da saúde pública fora da cidade satisfaz plenamente inconfessáveis
conveniências que se alimentam e
progridem com o indiscutível sofrimento do povo de Uiraúna, o que só
confirma a maldade contra ele, a quem vem sendo negados conforto, segurança e
tranquilidade que seriam possíveis com a existência de hospital na cidade.
É preciso que isso fique evidente, para que a população tenha a
consciência e a dignidade sobre a premente necessidade de mobilização para
lutar em defesa da construção de hospital em Uiraúna, com a maior brevidade
possível, aproveitando este momento especial em que possivelmente novas
lideranças políticas, com outras visões panorâmicas sobre as carências sociais,
possam realmente se interessar pela solução das principais mazelas que grassam
empedernidamente na gestão pública, conforme mostram os fatos, à saciedade.
Aliás, a precariedade da saúde pública não é novidade para as principais
autoridades locais, diante de suas falaciosas declarações dadas por ocasião da
audiência realizada em 2017, em que todas, reconhecendo o grave problema, manifestaram-se,
evidentemente da boca para fora, que tudo fariam de esforços para a obtenção de
recursos orçamentários destinado à construção do Hospital Regional de Uiraúna,
mas, infelizmente, nada aconteceu depois disso e, de forma uníssona, todas se
mantêm em estrondoso silêncio sobre o assunto da maior importância para a
população de Uiraúna.
A propósito, é preciso que se diga que a existência de ambulâncias
do SAMU, nas circunstâncias, não passa de mecanismo paliativo, a se justificar
a falta de hospital, por apenas servir de instrumento de intermediação do
doente para bem distante da cidade, contribuindo para aumentar o risco da vida
dele, o que só demonstra a incompetência, a omissão e a irresponsabilidade das
autoridades incumbidas da saúde pública, que devem sim o hospital à população
sofrida de Uiraúna, como medida urgente e prioritária entre todas de
incumbência constitucional do Estado.
Caro conterrâneo Ditinho Minervino, quero continuar, porque sinto
meu dever filial e cívico, sendo lídimo porta-voz do povo de Uiraúna, que
precisa se despertar da letargia e perder a costumeira timidez, para aprender a
reivindicar seus legítimos direitos como cidadãos que são igualmente
equiparados aos demais brasileiros, explorados pela imposição de escorchantes
tributos, que merecem tratamento digno, justo e de qualidade, em todos os
níveis da prestação dos serviços púbicos de incumbência do Estado, em especial
no que diz respeito à assistência à saúde pública, que é obrigação primacial
prevista na Constituição Federal.Brasília, em 26 de janeiro de 2020
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