As
reiteradas crônicas que tenho escrito denunciando a sobeja degeneração
instalada em Uiraúna, Paraíba, por força da quase generalizada falta de
assistência médico-hospitalar, tem servido de importante alerta para chamar a
atenção do poder público quanto às suas indiscutíveis omissão e
irresponsabilidade, diante da existência de população carente dos cuidados especiais da saúde
pública, a despeito da prescrição constitucional, no sentido de que esse
serviço é direito dos brasileiros.
Não
há a menor dúvida de que a construção de hospital nessa cidade representa
prioridade das prioridades de incumbência do Estado, diante do quadro terrível
de descaso perante os doentes que precisam de tratamento que poderia ser feito
na própria cidade, com absolutos conforto, tranquilidade e rapidez.
Sensibilizados
com a situação degradante de desrespeito à dignidade do ser humano, muitos conterrâneos
vêm hipotecando solidariedade aos meus escritos, em cristalina demonstração de
inconformismo com esse injustificável estado de verdadeira calamidade pública deflagrado
com a falta de assistência à saúde pública naquela cidade.
Por se
tratar de depoimento da maior valia para a compreensão dessa terrível situação da
saúde pública em Uiraúna, trago à colação o texto transcrito a seguir, que tem
a assinatura do notável escritor mestre Xavier Fernandes, que teve a lucidez de
assim se expressar sobre o assunto: “Caríssimo Adalmir, muito oportuno seu artigo quando com
muito conhecimento e eficiência mostra a real situação do único e maior
hospital público da nossa terra, que era subsidiado pelos governos, Municipal,
Estadual e Federal , foi construído nos anos oitenta, durante muito tempo foi
referência em toda aquela região. Foi um hospital regional, realizava muitos
procedimentos importantes: partos e muitas cirurgias como apendicites agudas,
estereptomias, ligaduras, serviços de traumatologias, proctologias, e
emergências de toda natureza como de acidentes, vítimas de agressões etc... prestava
um serviço muito bom, Inclusive meus 4 filhos nasceram nesse hospital... com
excelente qualidade de atendimento, também meus sobrinhos... e uma geração
inteira , não precisava sair pra outros centros . todos nasciam no naquele
hospital, que depois ganhou mais um anexo que foi a maternidade... Mas a
disputa política danosa e radical ao longo dos anos enfraqueceu o hospital
público, cada corrente política criou seu próprio hospital, dividindo a
população em dois blocos partidários e àquele partido que estivesse no poder
não dava as devidas atenções ao hospital, que era administrada por uma fundação
associação filantrópica. Chamada: APAMIU. com esse desprezo dos governos de
plantão, gerou-se aí uma dívida trabalhista , sem controle tornando impagável e
inviável o funcionamento do hospital, ninguém do poder público quis assumir os
danos, cada administração esquecia que aquele hospital era um patrimônio do
povo uiraunense... hoje está aí virando escombros, dinheiro do povo no ralo. E
todos os poderes assistiram e assistem as ruínas em agonia. Digo todos os
poderes: Municipal, Estadual, Federal e a própria população que não se
manifestou e cobrou os seus direitos na justiça pedindo socorro e providências.
Então vejo um conjunto de grandes responsáveis por tudo isso que está aí... a
população se acomodou e não gritou por seus direitos. Todos tem sua parcela de
responsabilidade, Quero parabenizar nosso ilustre conterrâneo pelo seu
comentário importantíssimo que expõe esse assunto que demonstra um caos e um
descaso para a população de Uiraúna. Todos estão devendo... e a população
pagando caro... com saúde não se brinca! Sempre olhei com tristeza para aquele
hospital abandonado. Não sei se ainda há condições de recuperação. ! Não é
politicagem contra A,B,C, D etc...é o direito da população em jogo, que precisa
se manifestar... e precisa daquele patrimônio público... É preciso que todas as
correntes e representantes se Unam para trazer de volta o hospital. Todos
Unidos numa só voz... Gregos e troianos... e quem sai ganhando É o povo em
geral de Uiraúna... um forte abraço!
Confesso
a você, professor Xavier Fernandes, e aos meus conterrâneos que eu escrevi o texto
piloto quase que às escuras, sem imaginar a real profundeza de tanta maldade e
crueldade que a politicagem pôde e teve capacidade para causar à população
completamente inocente, mas ao mesmo tempo cúmplice com esse horror
representado pelo estrepitoso imbróglio envolvendo interesses de poder, tanto
político como econômico, onde a influência de grupos predominou justamente para
prejudicar o interesse da população de Uiraúna, conforme mostram os fatos.
A
verdade é que, mesmo afetada negativamente, com a perda de alguns importantes
serviços médico-hospitalares, diante da indiscutível ganância de poder, parte
da população preferiu privilegiar, mesmo assim, o lado vencedor, que também não
teve a menor sensibilidade quanto à desgraça impingida à população carente, diante
da perda do pouco que tinha e ainda satisfazia em parte às suas necessidades de
atendimento médico-hospitalar.
Olha,
ilustre mestre Xavier, o seu valioso e esclarecedor relato me causou muita
indignação e sentimento muito ruim, por perceber a grandiosa monstruosidade que
homens públicos são capazes de protagonizar exclusivamente em defesa de seus
interesses, pouco importando as consequências de suas tratativas para a
conquista de seus escusos, nada transparentes e confessáveis objetivos,
conforme fica precisamente demonstrado no texto acima, onde é certo que houve
"bravos" e "corajosos" vitoriosos, só que, em cuja batalha feroz
simplesmente teve por derrotado, de forma fragorosa, a população de Uiraúna.
A
verdade é que restaram para a impiedosa população o destroço e o desamparo, em
decorrência da nítida insensatez da classe dominante, que desprezou complemente
direitos legitimamente assegurados ao povo, mesmo que minimamente, porque pior
mesmo ficou depois da disputa política, quando tudo foi para o espaço sideral,
por força da truculência de pessoas desumanas, ante o lamentável resultado de
suas impensadas ações, que visaram exclusivamente à satisfação de interesses de
grupos políticos, em claro detrimento da causa maior da população, que foi
obrigada a arcar com o ônus de episódio que somente trouxe transtornos e
dificuldades.
Ao
que transparece, com nitidez, é que o objetivo principal da disputa era mesmo a
instalação do caos e assim permanecesse, para o gáudio de quem vencesse, e
tanto isso pode ser verdadeiro que, depois da contenda, houve o sepultamento do velho hospital,
que foi à falência e deixou de ter vitalidade, nenhuma ação foi tomada em prol
da melhoria do atendimento da saúde pública em Uiraúna, que certamente deve ser
um dos piores do Brasil, em termos de satisfação à população.
É
preciso que esses fatos sejam devidamente mostrados à sociedade, para que a população de
Uiraúna identifique os seus reais algozes, ou seja, os políticos ou não que
contribuíram para que o atendimento à saúde pública seja vista como um dos mais
desumanos do Brasil, exatamente em razão da gigantesca insensibilidade por
parte de quem tinha e ainda tem a incumbência legal, diga-se assim, de zelar e
cuidar da saúde pública em Uiraúna.
Não
tem outra denominação diferente de deplorável o estado atual da saúde pública de
Uiraúna, em relação ao mínimo desejável para o conforto da população que merece
tratamento humano e digno, com o imprescindível hospital que lhe assegure
serviços médico-hospitalares ao menos nas mesmas condições propiciadas aos
brasileiros, na forma preconizada na Constituição Federal.
Brasília,
em 31 de janeiro de 2020
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