sábado, 28 de abril de 2018

Anseio por moralidade e ética


O momento político tem sido alimentado pelos levantamentos das intenções de voto e pré-lançamentos de candidatos ao Palácio do Planalto, mas essa natural agitação não significa absolutamente nada, porque as chamas da campanha eleitoral vão se acender a partir dos registros dos candidatos ao cargo principal do país, que já tem nomes na liderança.
Não obstante, os principais ingredientes da disputa propriamente dita ainda não foram colocados à mesa eleitoral e eles são de suma importância para ajudar à  definição do  quadro sucessório, a exemplo do tempo de exposição na televisão, da composição das alianças partidárias locais e nacionais, sobretudo pela representatividade político-moral, da consistência do programa de governo, da eficiência e da qualidade do programa eleitoral, do equilíbrio e da sensibilidade dos candidatos para a discussão das questões em debate, enfim, da empatia do candidato com o eleitorado, principalmente quanto à sinceridade que precisa ser transmitida para o eleitor, que tem pouca crença nos homens públicos.
Isso contribui para se avaliar que os pré-candidatos que estão agora na dianteira poderão não conservá-la no momento da fervura da campanha, quando certamente aqueles fatores vão ter enorme influência na decisão dos eleitores, podendo beneficiar os candidatos que tiverem competência para aglutinar ao seu redor as melhores propostas de governo, notadamente se tiver condição de provar que a sua administração será completamente diferente daquelas acontecidas nos últimos tempos, que foram envoltas de incompetência, imoralidade, precariedade, graves desacertos gerenciais, que levaram ao desastroso rombo das contas públicas, patenteando a comprovação do caos na administração pública.
Os candidatos que precisam angariar a simpatia do eleitorado devem mostrar que têm real competência para se distanciar da paupérrima mentalidade política consistente na irracional coalizão republicana vigente no país, que se funda no famigerado e abominável sistema do “toma lá dá cá”, que tem como princípio o irresponsável loteamento dos ministérios e das empresas estatais, onde fica permitido que os partidos estabelecem suas políticas públicas que melhor satisfazem e atendem aos seus objetivos partidários, em completa degeneração do conceito republicano de que os órgãos e as entidades públicos devem praticar políticas de interesse e integração nacionais, evidentemente sob a orientação do mandatário do país, não importando quem seja o titular dos ministérios.
Por enquanto, como ainda não é o momento legalmente permitido, nada foi posto na mesa das discussões e ninguém pode ter a certeza de ter saído na dianteira da corrida eleitoral, salvo um ou dois pré-candidatos que já anteciparam suas campanhas, em clara afronta à legislação de regência, dando a impressão de que eles já estão no clima eleitoral, a exemplo das caravanas lideradas pelo principal político tupiniquim, que já participou de três caravanas, sob o pretexto de conhecer os problemas brasileiros, quando, na verdade, nada foi diferente de comícios e demais ingredientes próprios de campanha eleitoral disfarçada, em desrespeito às normas eleitorais.
          Conviria que o eleitor se conscientizasse sobre o verdadeiro sentimento do inconsequente populismo, que preponderou em gestões recentes, cujo resultado somente impressiona pelo poder de marketing, que foi seu principal símbolo e a sua bandeira que tremulou em verdadeira derrocada socioeconômica, quando o Brasil foi conduzido à indiscutível ruína, como mostraram os fatos, em que o governo foi defenestrado, deixando triste legado na economia, a começar pelos rombos nas contas públicas.
Nesses períodos, a economia atingiu a pior recessão dos últimos tempos, cuja crise contribuiu para degenerar os principais indicadores, em que a inflação se aproximou de dois dígitos; os juros beiraram os 15%, o desemprego foi à casa dos 13 milhões de trabalhadores; a dívida pública beirou os três trilhões de reais; o parque produtivo passou por acelerada desindustrialização; houve abrupta queda da arrecadação; além da completa ausência de investimentos em obras públicas; nada de obras de impacto, como forma de desenvolvimento; da perda do grau de investimentos, pelas agências de classificação de risco, com a consequente retirada do capital estrangeiro; da péssima prestação dos serviços públicos; entre muitas mazelas que servem apenas de triste espelho para os próximos candidatos, no sentido de não seguirem os caminhas trilhados pelos governos populistas, que tinham como exclusivo objetivo a absoluta dominação das classes política e social e a perenidade no poder, que foi atropelado pela incompetência administrativa.
Felizmente, as políticas populistas resultaram em fiasco e mostraram apenas o gigantesco insucesso de seus resultados, sabendo-se que o país com a grandeza e as características do Brasil precisa ser governado com a necessária competência administrativa, levando-se em conta não somente componentes sociais, que precisam sim ser desenvolvidos, mas não sem os indispensáveis cuidados com os elementos conjunturais da economia, que precisam ser priorizados, sob pena de se jogar para o espaço os esforços em busca da recuperação do tempo perdido com as políticas populistas e de se perder oportunidades de desenvolvimento.
Enfim, por enquanto, pode-se concluir que a próxima disputa presidencial é decerto a maior incógnita eleitoral dos últimos tempos, diante da abissal distância existente entre o que o eleitor almeja, em termos de novidade na política, e o que os partidos pretendem apresentar, que são políticos calejados na vida pública, muitos dos quais possuidores de histórico questionável.
Diante das investigações dos fatos clamorosos referentes às suspeitas de corrupção ocorridas nas últimas gestões, há forte e latente anseio da sociedade por justiça, moralidade e ética na política, como forma de renovação da classe política, eis que é visível o seu desgaste perante os brasileiros honrados, que não suportam mais a banalidade com a prática de atos irregulares com recursos públicos e a impunidade, como se tudo isso fosse regra estratificada em sociedade sem dignidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de abril de 2018

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