O
momento político tem sido alimentado pelos levantamentos das intenções de voto
e pré-lançamentos de candidatos ao Palácio do Planalto, mas essa natural
agitação não significa absolutamente nada, porque as chamas da campanha eleitoral
vão se acender a partir dos registros dos candidatos ao cargo principal do país,
que já tem nomes na liderança.
Não
obstante, os principais ingredientes da disputa propriamente dita ainda não foram
colocados à mesa eleitoral e eles são de suma importância para ajudar à definição do quadro sucessório, a exemplo do tempo de
exposição na televisão, da composição das alianças partidárias locais e
nacionais, sobretudo pela representatividade político-moral, da consistência do
programa de governo, da eficiência e da qualidade do programa eleitoral, do
equilíbrio e da sensibilidade dos candidatos para a discussão das questões em
debate, enfim, da empatia do candidato com o eleitorado, principalmente quanto à
sinceridade que precisa ser transmitida para o eleitor, que tem pouca crença
nos homens públicos.
Isso
contribui para se avaliar que os pré-candidatos que estão agora na dianteira poderão
não conservá-la no momento da fervura da campanha, quando certamente aqueles
fatores vão ter enorme influência na decisão dos eleitores, podendo beneficiar os
candidatos que tiverem competência para aglutinar ao seu redor as melhores
propostas de governo, notadamente se tiver condição de provar que a sua
administração será completamente diferente daquelas acontecidas nos últimos
tempos, que foram envoltas de incompetência, imoralidade, precariedade, graves desacertos
gerenciais, que levaram ao desastroso rombo das contas públicas, patenteando a comprovação
do caos na administração pública.
Os
candidatos que precisam angariar a simpatia do eleitorado devem mostrar que têm
real competência para se distanciar da paupérrima mentalidade política
consistente na irracional coalizão republicana vigente no país, que se funda no
famigerado e abominável sistema do “toma lá dá cá”, que tem como princípio o irresponsável
loteamento dos ministérios e das empresas estatais, onde fica permitido que os
partidos estabelecem suas políticas públicas que melhor satisfazem e atendem
aos seus objetivos partidários, em completa degeneração do conceito republicano
de que os órgãos e as entidades públicos devem praticar políticas de interesse
e integração nacionais, evidentemente sob a orientação do mandatário do país,
não importando quem seja o titular dos ministérios.
Por
enquanto, como ainda não é o momento legalmente permitido, nada foi posto na
mesa das discussões e ninguém pode ter a certeza de ter saído na dianteira da
corrida eleitoral, salvo um ou dois pré-candidatos que já anteciparam suas
campanhas, em clara afronta à legislação de regência, dando a impressão de que
eles já estão no clima eleitoral, a exemplo das caravanas lideradas pelo
principal político tupiniquim, que já participou de três caravanas, sob o pretexto
de conhecer os problemas brasileiros, quando, na verdade, nada foi diferente de
comícios e demais ingredientes próprios de campanha eleitoral disfarçada, em
desrespeito às normas eleitorais.
Conviria que o eleitor se conscientizasse
sobre o verdadeiro sentimento do inconsequente populismo, que preponderou em
gestões recentes, cujo resultado somente impressiona pelo poder de marketing,
que foi seu principal símbolo e a sua bandeira que tremulou em verdadeira derrocada
socioeconômica, quando o Brasil foi conduzido à indiscutível ruína, como mostraram
os fatos, em que o governo foi defenestrado, deixando triste legado na
economia, a começar pelos rombos nas contas públicas.
Nesses
períodos, a economia atingiu a pior recessão dos últimos tempos, cuja crise
contribuiu para degenerar os principais indicadores, em que a inflação se aproximou
de dois dígitos; os juros beiraram os 15%, o desemprego foi à casa dos 13
milhões de trabalhadores; a dívida pública beirou os três trilhões de reais; o
parque produtivo passou por acelerada desindustrialização; houve abrupta queda
da arrecadação; além da completa ausência de investimentos em obras públicas; nada
de obras de impacto, como forma de desenvolvimento; da perda do grau de
investimentos, pelas agências de classificação de risco, com a consequente retirada
do capital estrangeiro; da péssima prestação dos serviços públicos; entre muitas
mazelas que servem apenas de triste espelho para os próximos candidatos, no
sentido de não seguirem os caminhas trilhados pelos governos populistas, que
tinham como exclusivo objetivo a absoluta dominação das classes política e
social e a perenidade no poder, que foi atropelado pela incompetência administrativa.
Felizmente,
as políticas populistas resultaram em fiasco e mostraram apenas o gigantesco
insucesso de seus resultados, sabendo-se que o país com a grandeza e as características
do Brasil precisa ser governado com a necessária competência administrativa,
levando-se em conta não somente componentes sociais, que precisam sim ser desenvolvidos,
mas não sem os indispensáveis cuidados com os elementos conjunturais da
economia, que precisam ser priorizados, sob pena de se jogar para o espaço os
esforços em busca da recuperação do tempo perdido com as políticas populistas e
de se perder oportunidades de desenvolvimento.
Enfim,
por enquanto, pode-se concluir que a próxima disputa presidencial é decerto a
maior incógnita eleitoral dos últimos tempos, diante da abissal distância existente
entre o que o eleitor almeja, em termos de novidade na política, e o que os partidos
pretendem apresentar, que são políticos calejados na vida pública, muitos dos
quais possuidores de histórico questionável.
Diante
das investigações dos fatos clamorosos referentes às suspeitas de corrupção ocorridas
nas últimas gestões, há forte e latente anseio da sociedade por justiça,
moralidade e ética na política, como forma de renovação da classe política, eis
que é visível o seu desgaste perante os brasileiros honrados, que não suportam
mais a banalidade com a prática de atos irregulares com recursos públicos e a
impunidade, como se tudo isso fosse regra estratificada em sociedade sem
dignidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 28 de abril de 2018
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