Logo
depois de ter sido proferido o voto decisivo de uma ministra do Supremo
Tribunal Federal, o maior líder petista teria comentado, resignado, com poucas pessoas
que acompanhavam com ele o julgamento de seu pedido de habeas corpus, que “não iam dar o golpe para me deixarem ser
candidato”.
Conforme
notícia publicada na revista IstoÉ, a aludida expressão foi interpretada pela
cúpula petista como admissão de que ele está fora da disputa eleitoral, em que
pese seu partido insistir, publicamente, em manter o discurso sobre a
manutenção da candidatura dele à Presidência da República, mesmo que ele seja
preso.
Um
deputado estadual do PT/SP disse que “Isso
foi para tentar tirar o Lula da eleição, mas podemos registrar a candidatura
dele, mesmo preso. Acredito que Lula vai ficar pouco tempo na prisão”.
Enquanto
isso, com o objetivo de se evitar que o desânimo com a derrota no Supremo contribuísse
para abater e contaminar a militância e o eleitorado do petista, as redes
sociais favoráveis ao político publicavam a “hashtag #LulaValeALuta”.
Embora
o visível abatimento tenha tomado conta das lideranças e militâncias petistas,
com a transformação das batucadas e manifestações em apoio ao político em
silêncio sepulcral, em demonstração da inarredável derrota no Supremo.
A
direção nacional do PT pretende traçar, sem perda de tempo, as estratégias que
deverão ser seguidas pelo partido daqui para a frente, por meio de manifestação
e de ideia denunciando, em coerência com suas técnicas políticas e
maquiavélicas, supostas arbitrariedades no processo que condenou o político,
inclusive mostrando que se trata de julgamento político.
Processo
político ou não, conforme o ângulo pelo qual ele for visto e interpretado, na
atualidade, o que se precisa mesmo, em termos político-eleitorais, como
importância para os destinos do país e dos brasileiros, é não deixar suspensa a
nuvem negra da incerteza ou da dúvida sobre o acerto ou não acerca das decisões
judiciais, principalmente diante da insistência do maior político brasileiro de
que é inocente e que teria sido julgado e condenado à prisão com base em
mentiras, que não foram provadas pela defesa, o que seria natural, levando-se
em conta que bastava contestar os fatos denunciados, com as provas legalmente
válidas e irrefutáveis.
Ao
contrário disso, a sentença condenatória do político se mantém firme e pujante,
com validade reconhecida, por enquanto, pelos tribunais e magistrados por onde
o seu questionamento foi levantado, que não mereceu acolhimento, nem mesmo
parcialmente.
Na
verdade, a consistência do veredicto da Justiça demonstra a necessidade de o
político ter a humildade de se esforçar ao máximo para provar a sua
inculpabilidade com relação aos fatos cuja autoria lhe é atribuída nos autos,
diante da robusteza da comprovação da sua materialidade, antes de pensar em ser candidato ao cargo
máximo da República, porque os fatos considerados pela Justiça como maculadores
dos princípios republicanos, a exemplo da prática dos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro, não condizem com a dignidade e a relevância de
mandatário do país, que jamais deveria sequer haver quaisquer suspeita sobre a
sua vida pregressa, quanto mais já tendo sido condenado à prisão e ainda sendo potencialmente
acusado de outras graves denúncias sobre a prática de crimes lesivos à
dignidade ínsita de homem público.
É
importante que o titular do trono da República comprove a satisfação dos
salutares requisitos de idoneidade e conduta acima de quaisquer suspeitas,
porque é dessa maneira que se procede nos países sérios, civilizados e
evoluídos, em termos políticos e democráticos, onde os homens públicos não
podem ter implicação com demandas judiciais, enquanto pretenderem representar o
povo, que merece a devida e completa explicação sobre seus atos na vida
pública, por meio da prestação de contas sobre eles, como forma de demonstração
da indispensável lisura ínsita dos representantes do povo.
A
insistência na candidatura de condenado à prisão, sem antes haver a indispensável
limpeza dos entraves demandados na Justiça, demonstra, no mínimo, imperdoável de
inadmissível contrassenso diante da imperiosidade do respeito aos salutares
princípios republicano e democrático, que precisam se harmonizar com os conceitos
de idoneidade e conduta ilibada ínsitos dos homens públicos, à luz do ansiado aprimoramento
das práticas político-eleitorais, em sintonia com a evolução das conquistas da
humanidade, que se consolidam com o aproveitamento do saudável princípio da
transparência na vida pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 7 de abril de 2018
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