Os membros da Executiva Nacional do PSDB
permanecem ao lado do senador tucano mineiro, mesmo após o parlamentar se
tornar réu no Supremo Tribunal Federal, pela suspeita das práticas dos crimes
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo enquete feita pelo jornal Folha
de S. Paulo, 12 dos 41 membros da cúpula do partido contatados afirmaram
não ver motivos para a expulsão do parlamentar.
Os
tucanos também decidiram que o próprio senador deve decidir, junto ao diretório
estadual mineiro, sobre sua eventual candidatura, nas próximas eleições.
O
líder do PSDB na Câmara dos Deputados disse, na maior serenidade e sem corar as
faces, que, “Se os partidos forem
expulsar todo mundo aqui (na Câmara) que
é réu, não sobra muita gente” e que o senador mineiro deve ter chance de se
defender perante a Justiça.
Na
reunião da citada executiva, somente o prefeito de Manaus (AM) se dispôs a opinar
contra o senador mineiro, dizendo que “Se
o PSDB tivesse uma comissão de ética que funcionasse e não fosse uma reunião de
compadres, eu acho que deveria, sim. Na verdade, ele deveria tomar a atitude de
sair, mas não sendo o caso, a comissão de ética tinha que tomar essa atitude.”,
que, à toda evidência, não condiz com os princípios do decoro parlamentar e da
moralidade política.
Vejam-se a falta de dignidade exposta pelo líder do
partido, que entende que seria desastrosa a expulsão de filiado corrupto do
PSDB, diante da possibilidade de ficarem poucos filiados, o que se confirma a
tradição histórica de que dificilmente a quadrilha tem coragem de expulsar um
de seus membros, em razão do temor de que ele possa envolver na podridão o
resto da organização criminosa.
Trata-se
apenas da melancólica confirmação da fragilidade moral dos partidos políticos,
que estão ancorando nos seus quadros, de forma injustificável, políticos sem a
menor qualificação de dignidade para representar coisa alguma, muito menos o
povo honrado, que não suporta mais nem ouvir se falar nos nomes deles, diante
da completa perda de confiança como pessoas respeitáveis e dignas.
A decisão
em comento guarda absoluta coerência com a estrutura moral e representativa do
PSDB, ao declinar da expulsão de seus quadros do senador que já foi,
recentemente, o expoente da sua legenda, considerando que se o expurgo dele acontecesse,
havia necessidade da expulsão de muitos políticos importantes da agremiação,
inclusive do pré-candidato à Presidência da República, que vem sendo
investigado sob suspeita de seu envolvimento com atos irregulares.
É de se
lamentar que o PSDB tenha chegado a essa injustificável decisão, de manter em
seus quadros político que conseguiu destruir a imagem e a reputação não somente
dele, mas especialmente da sigla, por permitir a permanência como filiado de
pessoa que é símbolo de desmoralização, que não conseguiu resistir às tentações
do ganho fácil e da propina, e, por pior, por fazer uso do relevante cargo de
senador da República, que lhe fora delegado por confiança emanada do povo
mineiro honrado, que se tornou representado por cidadão sem a menor
qualificação ética e moral, diante do recebimento de dinheiro sujo, fruto de
negociata envolvendo o tráfico de influência, conforme ficou bastante
demonstrado no vídeo gravado pelo empresário da JBS, que foi reiteradamente
divulgado na imprensa do país, não deixando a menor dúvida quanto à falta de
caráter de homem público que tem o dever constitucional e cívico de ser modelo
de decoro, moralidade e dignidade no exercício de cargo público eletivo.
A decisão
do PSDB demonstra, de forma cabal e irrefutável, que seus candidatos não
merecem o voto dos brasileiros, diante da indiscutível certeza de que o partido
é cediço e cúmplice com atos de corrupção praticados por filiados, embora o seu
estatuto contemple disposição normatiza no sentido de que o filiado que se
desviar das condutas ética e moral será expulso da agremiação, mas essa regra
de justa moralização se tornou, há muito tempo, letra morta, tendo ajudado a
matar a credibilidade que o partido político precisa inspirar aos eleitores.
Na verdade,
os brasileiros não podem apoiar, nas urnas, candidatos registrados por
agremiação que se mostra completamente irresponsável na exigência de seus
filiados dos requisitos de honestidade, ética, moralidade, dignidade, entre
outros, permitindo que pessoas sem caráter possam transitar livremente como seu
filiado, inclusive ficando ao seu livre-arbítrio decidir se pretende seguir
como representante do povo, que não pode aceitar que candidato sem compromisso
moral continue na vida pública, antes de comprovar a sua inculpabilidade quanto
aos casos sob suspeitas de irregularidade, cuja autoria lhe é atribuída.
Nessa
medida adotada pelo PSDB, de consentir a filiação nos seus quadros de pessoa
que não preenche os requisitos de idoneidade e conduta moral, no exercício de
cargo público eletivo, não se pode deixar de atribuir expressiva parcela de
culpa à frágil e precária legislação eleitoral, que, diante de sua caducidade,
não prevê punição dura e rigorosa aos partidos políticos, no sentido de que
ficam passíveis de suspensão ou até mesmo de extinção, conforme a gravidade do
caso, quando eles deixarem de punir, com suspensão ou exclusão de seus quadros,
pessoas sem a necessária qualificação ética e moral, a exemplo do caso em que a
maioria da cúpula do PSDB entendeu que um corrupto pode continuar normalmente
sendo seu filiado, como se seu ato espúrio não fosse repudiável pela sociedade.
É
evidente que as pessoas honradas esperam que os partidos políticos tenham a
dignidade, a decência e o respeito aos eleitores, no sentido de que, nos casos
de envolvimento de filiados em casos suspeitos de irregularidade, eles sejam,
por cautela, como assente em salutares princípios de civilidade e
razoabilidade, automaticamente suspensos de atividades que exijam a
obrigatoriedade de filiação partidária, voltando à normalidade como filiado
imediatamente após a comprovação da sua inculpabilidade nesse caso. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 29 de abril de 2018
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