A
revista VEJA divulgou pesquisa realizada pelo Ideia Big Data, com revelação de
que a maior parte dos eleitores do líder petista está concentrada nas classes
C, D e E e reside em bairros populares.
O
levantamento destaca que, mesmo entre os eleitores do político, a sua imagem
mudou, tendo passado de “presidente que
não sabia de nada” para “rouba, mas
fez algo por mim”.
Um
morador do Recife disse à revista que, “Se
muitos políticos roubam, por que estão querendo prender justo o que defendeu os
pobres?”.
Em
um Facebook, foi vista conversa mais ou menos parecida, nestes termos: “Então bora lá... Digam um nome de um ex-presidente que não tenha roubado, apenas um. Se
ele roubou isso nós sabemos, mas de todos os ladrões LULA foi o único que fez
alguma coisa pelo nosso país... Só não vê quem não quer...”.
Logo em seguida, vem uma interlocutora e diz: “Verdade. Concordo com você, prima”, ou
seja, há o entendimento segundo o qual o homem público pode roubar impunemente,
desde que faça “alguma coisa pelo nosso
país”.
Diante
desses fatos, percebe-se que ainda existe neste país gente de mentalidade
medíocre, que pensa na contramão da premente necessidade da moralização da
gestão pública, sabendo-se que o mundo se encontra em pleno século XXI, onde já
houve experimentos e avanços extraordinários nos campos da ciência e da
tecnologia, permitindo que o homem conseguisse evoluir de forma significativa
em todas as áreas do conhecimento humano, mas, infelizmente, tem gente com
mentalidade ainda da idade do paleolítico, em termos de avaliação sobre as
atividades político-administrativas, conforme mostram os textos acima.
É
verdade que não se discute questão de gosto, religião, política, futebol, amor,
enfim, pensamentos e ideologias, sendo preciso apenas respeitá-los,
reciprocamente, porque isso faz parte da humanidade, no âmbito de suas
idiossincrasias.
Agora
é muito difícil se acreditar, de sã consciência, que se considere normal que o homem
público possa ser desonesto, sob a singeleza do reconhecimento de que ele tem o
direito de roubar, como fez e faz os demais pares, em demonstração de clássica
depravação moral absolutamente reprovável nos países sérios e civilizados, cujo
povo já alcançou superior nível de conscientização sobre o espírito de
moralidade.
Essa
conclusão destorcida do que seja moralidade, na atualidade, se torna monstruosa
porque tal entendimento não condiz com a dignidade de bem representar o povo,
na sua santa ingenuidade, que, muitas vezes, deixa de ter o serviço público de
qualidade, de obrigação do Estado, porque o dinheiro público foi desviado
justamente por quem tinha o dever moral de zelar por sua regular aplicação, mas
não o foi, sob o pretexto errôneo de que o homem público pode roubar
normalmente porque ele “fez alguma coisa
pelo nosso país.”, ou algo nesse sentido.
Há
justas razões para se ficar profundamente triste e envergonhado em se deparar
com mensagens em defesa de homens públicos pelo que eles tenham feito de
irregular, sendo normalmente perdoados pela opinião pública pelo fato de terem mérito
decorrente do seu trabalho em benefício do povo, como se isso pudesse ser forma
de compensação, em termos de gratidão.
Não
há a mínima condição de se perdoar os homens públicos que praticaram deslizes e
atos de irregularidade na administração pública, em especial quando há o
envolvimento de recursos públicos, que são do povo e precisam ser gastos com
regularidade e efetividade, pois pensamento diferente disso implica a demonstração
de grave desvio de avaliação sobre a necessidade da integridade e moralidade no
trato da coisa pública, na gestão do patrimônio do povo, não se justificando
qualquer suspeita sobre a honestidade dos homens públicos, por mais importantes
que eles sejam, porque o mínimo deslize, diante do princípio da moralidade
pública, passa a ser pecado capital imperdoável.
Esse
degradante e deprimente princípio de que ele rouba, mas faz, não tem mais
aceitação nem mesmo nas piores republiquetas, onde a modernidade obriga a
perseguição pela necessidade da honestidade na vida dos homens, inclusive na
administração pública, como forma de acompanhamento da evolução e das
conquistas da humanidade.
A
referida conversa se revela bastante surpreendente, por envolver pessoas com
nível cultural possivelmente bem superior ao dos eleitores de que trata a
pesquisa, porque estes residem em bairros populares da periferia de cidade
grande, que têm, em princípio, padrão de vida bem inferior, mas, infelizmente,
a avaliação deles não deixa a menor dúvida de que eles estão simplesmente
sintonizados no mesmo canal de involução e de incivilidade, por simpatizarem pelo
maior político brasileiro, mesmo sabendo, como afirmam, que ele tenha se
beneficiado de dinheiro público, como se isso fosse normal, certamente pelo
fato de ele ter feito muito para a pobreza e isso, para eles, é suficiente para
se justificar a preferência pela defesa dele.
Ademais,
em respeito aos princípios da razoabilidade e da integridade humana, não é
crível que um erro possa justificar outro ainda mais grave cometido por pessoa
diferente, sob o infeliz argumento de que alguém tenha incidido em falha com
respaldo em deslize de outrem, dando a entender que, se ele faz, qualquer um
tem direito de também fazer e ambos se acham que essa terrível e absurda ideia
é normal, mas, na verdade, todos praticam crimes repudiáveis e condenáveis pela
legislação penal.
É
preciso se atentar ainda, por questão de princípios, que os homens públicos
mais relevantes têm dever, de origem moral, de dar bons e saudáveis exemplos de
dignidade e de reputação inquestionável quanto às atividades político-administrativas,
para que eles possam ser lembrados por seu legado de respeito e fidelidade aos
princípios republicanos e ao regramento jurídico do país.
Em
termos de honestidade e moralidade, como culto aos princípios republicanos,
essa forma errática de entendimento não pode se harmonizar, em hipótese alguma,
com nação que tem ingentes anseios de mudança da mentalidade de sua população
para se alcançar o nível de modernidade política dos países sérios, civilizados
e evoluídos, em termos políticos, democráticos e de moralidade.
Os
brasileiros precisam se conscientizar de que os homens públicos, na qualidade
de representantes do povo, têm a exclusiva obrigação de governar, exercer as
atividades e as funções públicas sob a rigorosa obrigação de observar os
salutares princípios da ética, do decoro, da moralidade, da dignidade, da
honestidade, da probidade, entre outros conceitos que tenham por exclusiva
finalidade a plena satisfação do interesse público, evidentemente com embargo
da defesa de causas pessoais, incluído aí o desvio de finalidade de recursos
públicos para onde não esteja previsto legalmente, porque essa forma de
procedimento caracteriza grave crime de improbidade administrativa, sujeitando
os agentes púbicos a responderem pelos prejuízos causados ao erário, além de
ficarem impedidos de exercer cargos público, por até oito anos, na forma da lei.
Impende
ainda lembrar que qualquer melhoria que os homens públicos possam promover ou produzir,
de forma extraordinária, fruto do seu esforço, em benefício da população, eles
apenas estão cumprindo muito bem e de forma eficiente os seus deveres funcionais,
como verdadeiros representantes do povo, como o fez com todos os méritos e
reconhecimentos o maior político brasileiro, no seu governo, que não significa,
em absoluto, a obrigação de se lhe atribuir qualquer forma de recompensa,
porque eles apenas cumpriram com sucesso seus deveres constitucional e legal de
representar condignamente o povo, com as devidas dignidade e honestidade, sem
levar, como é normal, qualquer vantagem.
Não
obstante, nas entrelinhas, muitas pessoas não percebem que todos os programas de
governo são obrigação do Estado e não do governante pessoalmente, cujas implementações
são custeadas com dinheiro público, mas alguns projetos são priorizados e turbinados
com a finalidade exclusiva e marcante para contribuir para se alcançar a
dominação absoluta das classes política e social e principalmente a permanência
no poder e tudo isso foi confirmado recentemente, nas últimas eleições
presidenciais, cujo projeto tenha se tornado fracassado diante dos gigantescos rombos
nas contas públicas e nas supertrapalhadas administrativas que são
incompatíveis com gestão competente e eficiente, para os padrões de
administração pública desejável ao desenvolvimento socioeconômico.
Não há dúvida de que, no Estado Democrático de Direito, que
não se confunde com totalitarismo imposto pelo regime socialista - onde o
princípio é a abstração dos direitos humanos e dos princípios democráticos -, o
pensamento é livre e as pessoas podem usufruir o direito a se partidarizar; idolatrar
seus ídolos, mesmo que alguns não tenham o devido merecimento, em função de
atos reconhecidamente indigno; comentar e defender seus ideais; e, enfim, fazer
suas conclusões sobre os fatos do cotidiano, tudo em harmonia com a sua
consciência, porque é assim que se constrói a democracia moderna.
Não obstante, é preciso que o pensamento das pessoas seja
valorizado tendo por base verdades, correções e princípios, para se evitar equívocos
e decepções, sabendo-se, que, muitas vezes, os homens públicos prometem lutar contra
a corrupção e a falta de ética e moralidade na política, mas terminam traindo
suas convicções ideológicas, pela fraqueza ínsita da ambição ao poder absoluto e
da ganância à supremacia sobre seus pares, conforme mostram os fatos e as
realidades da vergonhosa política tupiniquim.
A
propósito, há aproximadamente um século, ainda na escuridão da modernidade
atual, grande e famoso jurista e político brasileiro, de nome Rui Barbosa,
sufocado e martirizado diante da falta de caráter e dignidade dos homens
públicos da sua época, lançou ao mundo a célebre e lapidar texto, nos seguintes
termos: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de
tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos
dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter
vergonha de ser honesto”.
Vê-se que apenas o tempo passou, mas a falta de caráter e dignidade do
homem público ainda faz parte de lamentável e maldita herança de século, dando
a impressão de que esse triste sinal de desonestidade jamais se apagará, quando
se percebe que o próprio homem se encarrega de apoiar as práticas lesivas aos
princípios republicanos, por achar normal que haja ladroagem na administração do
país, dedes que todos possam se beneficiar do dinheiro público.
Parafraseando
o inigualável jurista baiano, posso dizer que, de tanto escrever textos em
defesa dos princípios da ética e da moralidade e fazer parte de poucos escritores
que buscam, destemidos e com ardor, a competência, efetividade, economicidade e
eficiência na administração pública, sinto-me extremamente envergonhado de
ainda saber que têm pessoas despudoradas e sem escrúpulo de afirmar que
idolatra homem público mesmo sabendo que ele é desonesto e sem dignidade, sob o deprimente
argumento de que ele fez alguma coisa para o Brasil, quando é mais do que
sabido que o dever de trabalhar e produzir para o bem do interesse público
apenas diz respeito à obrigação de todos os homens públicos, que são eleitos
exatamente para serem fiéis representantes do povo.
Em
nenhum país, os homens públicos são idolatrados pelo que tenham realizado na
vida pública, porque há o sábio e correto entendimento de que eles fizeram, mesmo quando praticarem
boas obras, nada mais do que a sua obrigação de cumprir com eficiência e
competência os compromissos do Estado, conquanto as adorações desmedidas aos
políticos populistas fazem parte de cultura de povo que ainda não alcançou o
desejável desenvolvimento político e essa forma de procedimento se torna
prejudicial à nação, porque o seu desenvolvimento precisa abranger todos os
setores da nacionalidade, de modo que seja possível se pensar em reformas
conjunturais e estruturais do Estado, de vez que somente o crescimento social
seja insuficiente para alavancar todos os segmentos econômicos, indispensáveis
ao progresso socioeconômico da nação.
No
âmbito da consciência democrática, qualquer pensamento político ou ideologia, por
mais absurda que seja a sua forma, impõe-se o seu respeito, porém é imperioso
que os homens públicos de verdade, em termos de integridade, moralidade,
dignidade e outros conceitos de correção e legitimidade, sejam incumbidos
constitucional e legalmente de obrigações inarredáveis, no exercício da
delegação recebida do povo, por via das urnas, de apenas defender, com competência
e honestidade, os interesses deste, sob o único e estrito regramento da
idoneidade e da conduta retilínea, como fiel cumpridor do bem comum, sendo
execrada qualquer outra forma de representatividade política que não atenda ao
interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 10 de abril de 2018
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