Reportagem publicada na mídia noticia que, nos termos da delação
premiada firmada com a Polícia Federal, no Paraná, o ex-ministro da Fazenda de
governo petista teria detalhado como se deu o esquema de corrupção na
Petrobras, e de que forma o principal líder da esquerda brasileira e a sua
sucessora na Presidência da República teriam participado das tratativas.
O ex-ministro já foi condenado pelo juiz da Operação Lava-Jato, à prisão de mais
de 12 anos, por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, no caso de contratos
com a Odebrecht, na construção das sondas da Sete Brasil e do Estaleiro Enseada
do Paraguaçu.
Segundo
informações do jornal O Globo, o
ex-ministro chega a afirmar, nos depoimentos de delação premiada, que o líder
petista teria recebido dinheiro vivo, fato este que é negado pela defesa dele.
Por
seu turno, a ex-presidente petista também disse que o ex-ministro produz “peças de ficção” para “agradar aos investigadores”, com vistas à
obtenção da liberdade.
Para
começar a valer, a delação premiada em apreço ainda precisa ser homologada pela
Justiça, embora ela tenha a feição de enorme importância para possíveis novas
investigações e consequente revelação sobre a verdade dos fatos suspeitos de
irregularidades, e talvez, por isso, ela tenha sido bastante disputada entre a
Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
Em
depoimento ao juiz da Lava-Jato, o ex-ministro já havia afirmado que o petista-mor
teria avalizado "pacto de sangue"
junto à empreiteira Odebrecht, que se comprometeu a pagar o valor de R$ 300 milhões
em propinas ao PT, entre o final do governo dele e os primeiros anos do governo
de sua sucessora na Presidência da República.
O
ex-ministro disse, ainda, conforme reportagem da Folhapress, que o acordo teria
sido fechado por ocasião de contato entre o proprietário da Odebrecht e o
político-mor.
Nessa
altura da competição, em que o jogo não tem sido nada favorável para o
ex-ministro, que se encontra preso e respondendo à denúncia por outros crimes,
fica bastante difícil para ele apenas produzir “peças de ficção” para “agradar
aos investigadores”, com vistas à obtenção da liberdade, considerando que delação
sem a devida comprovação não vai adiantar absolutamente nada, tendo em vista
que os fatos objeto da colaboração precisam ser comprovados por meio de documentos
juridicamente válidos, sob pena de não haver qualquer beneficio e ainda puder
incorrer em crimes por danos morais, falsidade ideológica, entre outros, que
podem agravar a sua situação, se ele não disse a verdade.
Acreditar-se
ou não, previamente, no que o ex-ministro possa alegar junto à Polícia Federal é
apenas questão de tempo, tendo em vista que ele deve ter plenas convicções de
que a simples menção a fatos, sem a devida prova consistente e segura, não vai
resolver a aflitiva situação dele de ter a certeza que seu destino é ver o sol
nascer e se pôr no desenho sempre quadrado.
Diante
disse, não se iludam por imaginar que a delação premiada é apenas peça de
ficção, porque o ex-ministro não passaria de ingênuo se alegasse fatos graves que
tem conhecimento se não tivesse como contrapartida a tão sonhada liberdade, que
somente poderá se efetivar se as contribuições para o prosseguimento das
investigações e o levantamento de provas sobre casos já do conhecimento da Polícia
Federal estiverem devidamente comprovadas, em documentos, demonstrativos,
planilhas etc.
Seria
perda de tempo por parte da Polícia Federal se chegasse à conclusão de que o
resultado da delação não passaria de meras peças de ficção, ficando evidenciado
que isso nada mais é do engodo para a importância do seu trabalho de investigação,
que tem a maior relevância para o levantamento da verdade, que somente se
materializa quando a colaboração tem consistência e pode ser comprovada mediante
documentos pertinentes.
Para
que a delação premiada seja exitosa, no caso, é preciso que o ex-ministro tenha
produzido não apenas peças de ficção – porque jamais ela teria sido firmada e
ele beneficiado com a liberdade -, mas sim documentos capazes de ajudar ao levantamento
da comprovação dos fatos irregulares por ele alegados, como forma de relevante
serviço à verdade e às causas de moralização do Brasil, por meio das rigorosas
investigações que estão contribuindo para a adoção das medidas judiciais de
combate à corrupção e à impunidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 27 de abril de 2018
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