O PT encomendou ao Instituto Vox Populi pesquisa
com quatro cenários distintos para o segundo turno da corrida ao Palácio do Planalto,
cujo resultado indica que, em todos os casos, o seu líder-mor venceria seus
adversários, com relativa folga.
A pesquisa foi realizada entre os dias 13 a 15 de fluente
mês e, conforme aquele instituto, foram consultados 2.000 eleitores, com aplicação
em 118 municípios, sabendo-se que o Brasil tem mais de 140 milhões de eleitores
e de 5.750 municípios.
À toda evidência, para bom entendedor. os referidos
fatos não servem para revelar absolutamente nada, à vista da imponderabilidade,
em termos comparativos da insignificância do ínfimo universo da pesquisa, em
comparação ao restante dos municípios e da população brasileiros, não
permitindo senão avaliação com base em parcela expressivamente insignificante e
ridícula, em relação ao total, a globalidade dos eleitores.
Não obstante, percebe-se que o aludido instituto
diz que a leitura do resultado aponta no sentido de que o político “não perdeu votos, mas sim cresceu em alguns
cenários. E que a percepção de injustiça na prisão do ex-presidente é grande”.
Agora, o mais espantoso é que o Vox Populi chega à
conclusão sobre quatro cenários, em que o político concorre, no segundo turno,
com cada um deles e, pasmem, a vitória dele, certamente entre os 2.000
entrevistados, é consagradora, evidentemente sempre com índices acima de 50%,
enquanto os principais adversários ficariam comendo poeira a distância dele, conforme
o seguinte cenário: 56% x 12% (ex-governador de São Paulo); 54% x 16%
(ex-senadora e ambientalista); 55% x 17% (deputado federal carioca
ultradireitista); e 54% x 20% (ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal),
que teria o melhor desempenho entre os candidatos mais destacados na pesquisa.
‘Vejam-se a maneira absolutamente “isenta” e “despropositada”
do presidente do Instituto Vox Populi, conquanto ele faz avaliação totalmente fora
do propósito da pesquisa, que é, ao que tudo indica, o de mostrar a preferência
de voto dos pesquisados, mas ele se atreve a ressaltar que a pesquisa revela
que “o impacto da prisão não foi
significativo nas intenções de voto de Lula. A pesquisa mostra que aumentou o
sentimento de que o ex-presidente é vítima de uma injustiça e de que recebe um
tratamento desigual por parte do Judiciário”.
Na verdade, o resultado da pesquisa em questão
mostra fatos completamente fora de sintonia com a realidade, porque a opinião
restrita e desprezível de 2.000 pessoas, sabe-se lá de onde elas são, não pode e
não tem o condão de se auferir se aumentou ou diminuiu nenhuma forma de
sentimento ou de preferência por algo de expressão maior de interesse dos
brasileiros, ou seja, a pesquisa precisa ser interpretada apenas com relação ao
minúsculo universo daquelas duas mil pessoas.
A bem da verdade, pode-se dizer tudo o que o
instituto disse tão somente com base ao sentimento de 2.000 pessoas e jamais
com relação aos brasileiros, fato este que é muito importante que se diga, para
se evitar iludir e enganar as pessoas menos esclarecidas e pouco informadas,
que estão recebendo o resultado de pesquisa que pode não refletir a verdade
real sobre o tema focalizado.
Aliás,
o indicativo de que a pesquisa foi encomendada pelo PT, pode demonstrar, para
as pessoas sensatas, um pouco de falta de independência e credibilidade, diante
do enorme interesse do partido de que o resultado da consulta seja favorável ao
seu candidato, como de fato o foi, em que pese a forma muito estranha das
conclusões e das avaliações.
É
evidente que não se pode suspeitar absolutamente de nada, justamente por falta
de elementos de provas, mas há que se considerar a insignificante quantidade e
a ausência das localidade onde os levantamentos foram realizados, não bastando que
diga que foram ouvidas 2.000 pessoas, em 118 municípios, sem explicar as
localidades e as regiões e as respectivas quantidades em cada uma delas, tendo
em vista que já se formou o consenso de que o líder da preferência de votos tem
mais simpatia em determinada região do país e da mesma forma isso pode ter influência,
levando-se em conta os níveis culturais e os graus de informação e estudos,
conquanto nada disso foi informado.
O
fato é que, nas circunstâncias, o que importa mesmo não é o fator transparência
sobre os levantamentos, mas sim o seu resultado, desde que ele seja favorável
aos interesses de quem encomendou a pesquisa, como forma de gerar expectativa positiva
no âmbito da opinião pública.
Agora,
não há a menor dúvida de que esse tira-teima nem precisaria ser provocado, para
se mostrar a verdade sobre os fatos, tendo em conta que o principal alvo
colocado em evidência é político descartável pela Lei da Ficha Limpa, em razão
de ter sido condenado à prisão, pela prática dos crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro e até se encontra trancafiado, em cumprimento da pena de
doze anos e um mês.
É
extremamente impensável para o país com a grandeza do Brasil ser obrigado a
passar por processo deprimente de parcela de seu povo de insistir em não
compreender que a representatividade político-partidária exige que os homens
públicos comprovem, no mínimo, os saudáveis princípios da ética, do decoro, da
moralidade, da dignidade, entre outros conceitos que são indispensáveis ao
desempenho das atividades públicas, como forma de preservação e integração da
credibilidade moral compatível com a grandeza republicana, amplamente defendida
nas nações sérias, civilizadas e evoluídas, em termos políticos, morais e
democráticos, onde o próprio povo tem a dignidade de não aceitar que nenhuma
forma de deslize na vida pública seja perdoada nas urnas, por mais endeusamento
atribuído ao homem público.
Em
qualquer país sério, sempre há de prevalecer o interesse da nação, que se
fortalece com a permanente defesa dos princípios fundamentais da República e da
pátria, que jamais serão confundidos com causas pessoais e partidárias.
Nas
circunstâncias, suscitam questões de suspeição sobre inocência ou
inculpabilidade com relação aos fatos denunciados, mas a verdade é que as
demandas precisam e devem ser resolvidas na via própria e adequada da Justiça,
à luz do ordenamento jurídico do país, conquanto o mérito do único caso já
julgado operou-se em observância da devida e aplicável segurança jurídica, onde
os procedimentos adotados transcorreram absolutamente na conformidade com os
ritos jurídicos cabíveis ao caso, em que nenhuma demanda ocorreu em reclamação
sobre possível extrapolação ou abuso de autoridade ou ainda com a incidência de
erro crasso quanto ao desvio dos procedimentos regulares, salvo a adoção de
medidas cautelares ao alcance da defesa junto aos tribunais superiores, cujos
resultados não alteraram o rumo dos fatos julgados, que terminaram mesmo com a
condenação do principal político.
Acontece
que ele não conseguiu provar, por meios juridicamente aceitáveis, a sua tão
decantada inocência, eis que a materialidade dos crimes julgados se encontra
robustamente comprovada nos autos e sobre isso convém que a população que o
defende precisa ter a dignidade e a honradez de exigir que ele tenha a
humildade de, pessoalmente, se defender das graves denúncias, contestando com
provas os fatos denunciados, evitando apelo ao povo já sacrificado que o
defenda, conquanto nem ele, com dezenas de famosos e renomados advogados, teve
sucesso em se livrar da prisão.
Em
que pese a gritaria com alegação de injustiça, vitimização e condenação sem
prova, parece haver descomunal incoerência entre o argumentado e a realidade
processual, conquanto, até mesmo nas republiquetas, há o princípio de que o
magistrado que julga e condena sem a existência de provas materiais nos autos,
ou seja, sem a devida materialidade da autoria do crime invocado, incorre em
crime grave, sendo passível de enquadramento na prática de prevaricação, que
pode implicar em sanções desde advertência até o afastamento do cargo, conforme
a gravidade da falha verificada no caso.
Agora,
o caso parece ser patético, em se alegar, a partir do principal interessado, que
um inocente foi julgado sem provas e condenado à prisão, mas nenhuma pena foi
movida por parte dele para mostrar onde está a ausência da materialidade da
autoria dos crimes por ele praticados ou o ato abusivo da autoridade policial,
ministerial ou judicial, o que poderia levar à imediata anulação do processo
pertinente e, por via de consequência, teria evitado, há muito tempo, a prisão
dele.
É
inacreditável que, em pleno século XXI, muitos brasileiros ainda sejam levados
a acreditar e encampar questão absurda como essa de se imaginar que alguém
inocente possa ter sido julgado de forma injusta, por falta de provas materiais
nos autos, e simplesmente nada ter sido feito para se anular o processo, na
forma da lei, e ainda deixar de exigir a punição do magistrado que teria
praticado grave falha no relevante exercício da função pública, que tem por
precípuo dever constitucional o de apenas fazer justiça.
Não
deixa de ser preocupante para o interesse do país que a falta de informação
jurídica sobre questão importante possa levar à gritante distorção sobre os
fatos, levando-se a acreditar que um inocente esteja na cadeia injustamente e
tudo ficar por isso mesmo, com a validade da sentença sem base legal, visto que
não existem provas, quando é sabido que a história pode ter viés político,
envolvendo a imponderabilidade material da Lei da Ficha Limpa, que é terminantemente
mordaz, ao estabelecer que é inelegível aquele que for condenado por órgão
colegiado, que é o caso da segunda instância.
Isso
significa dizer que o político, mesmo livre, encontra-se fora da corrida
presidencial, eis que o objetiva da referida lei é exatamente impedir que
político “ficha suja” possa ascender a cargo público eletivo, em consonância
com o princípio segundo o qual o povo precisa ser representado por quem simbolize
o que é mais sagrado na administração pública: a dignidade e a moralidade, como
princípios essenciais.
Em
termos de moralidade e civilidade, não é, em absoluto, por meio de pesquisa,
carente de expressão e credibilidade, que haverá convencimento sobre a
revalidação de político, que precisa se conscientizar de que as atividades
político-partidárias pressupõem a essencialidade da imaculabilidade comprovada
pelo próprio homem público, por meio da devida prestação de contas sobre seus
atos na vida pública, como forma da garantia das indispensáveis credibilidade e
fidelidade aos princípios democrático e republicano. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 20 de abril de 2018
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