Segundo
notícia publicada no site da revista VEJA, existe hipótese cogitada de que a
reação do ex-presidente da República petista à decretação expedida pelo juiz
responsável pela Operação Lava-Jato, para a sua prisão, é a de que ele não se
entregue e aguarde a Polícia Federal na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo.
Aliados
do ex-presidente disseram que ele estaria cogitando aguardar a dimensão das
manifestações em frente ao sindicato, durante a manhã e o começo da tarde de
hoje, para decidir se cumpre, ou não, a determinação em comento de se
apresentar à Superintendência da Polícia Federal, no Paraná, no horário
estabelecido de até às 17h.
Um
deputado federal pelo PT/SP disse à VEJA que “Ele ainda não decidiu”, tendo afirmado que o político “está tranquilo”.
Uma
deputada estadual pelo PC do B/RS afirmou que a possibilidade do petista não se
entregar ainda depende de “uma decisão
exclusivamente de Lula”.
Outro
parlamentar petista disse que se o protesto “empolgar”, ganha força a alternativa de obrigar os policiais ao
obstáculo de terem que atravessar a eventual multidão para cumprir o mandado
judicial, mas, caso contrário, ele ficaria mais suscetível à possibilidade de
viajar a Curitiba e comparecer à sede da Polícia Federal.
Por
enquanto, parece que a decisão de se entregar ou não está em banho-maria, uma
que o ato perdeu força nas últimas horas, quando boa parte dos militantes que
estavam no sindicato, desde o começo da noite, foram aos poucos indo embora,
conforme os discursos em cima do carro de som também cessaram.
A
expectativa dos aliados do político é que o protesto retome o vigor inicial com
a chegada das primeiras caravanas de movimentos sociais oriundos de outros
estados, fato este que se criaria motivação para a decisão definitiva.
Essa
forma de tratar questão delicada e grave não chega a ser novidade, em se
tratando de integrantes desse partido, que tem sido movido à base da pressão,
do movimento social, do grito e, em muitos casos, da violência, como agora, que
já há notícia de que os baderneiros do MST já ocuparam mais de vinte rodovias
do país, em protesto contra a prisão do ex-presidente.
Por
seu turno, as próprias informações de aliados confirmam a ideia absurda de que,
conforme o apoio recebido da militância e simpatizantes, o político poderá
deixar de se entregar voluntariamente à polícia, preferindo se esconder atrás
das saias de uma minoria fanatizada, que não faz ideia e não tem consciência sobre
o momento dramático e grave da história política do pais, fato este que somente
contribui para acirrar os ânimos e complicar ainda mais a situação.
É
preocupante se a decisão do político for mesmo de desrespeito à lei, que
demonstra, de forma indiscutível, que essa maneira nada civilizada de agir tem
o nome de tentativa de vitimização, como forma de transformá-la em dividendos
políticos, mas ele não pode ignorar que as consequências podem ser desastrosas
para o seu futuro político, inclusive na avaliação do mundo civilizado e
evoluído, em termos políticos e democráticos.
É
normal, quando há ordem judicial para se prender autoridades públicas, ter o
cuidado da prévia negociação, tendo por finalidade a salutar preservação da
imagem das próprias autoridades.
Não
obstante, se não forem observadas as condições oferecidas à autoridade, ela
passa a ser tratada como preso comum e a sua captura pela polícia, no caso,
federal, será feita sob procedimento adotado em relação a preso comum, sem
qualquer privilégio, ou seja, aos costumes.
No
caso do político, se ele estiver no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na hora
limite estabelecida e não se entregar de bem, a voz de prisão será dada ali
mesmo e, se houver resistência do ex-presidente ou de manifestantes, poderá haver
confronto entre as partes e isso, como previsível, poderia ser evitado, para o
bem de todos, em nome dos princípios civilizatórios.
Trata-se
de decisão lamentável para quem foi presidente do país, que deveria ter a
sensatez de compreender que decisão judicial, por mais absurda que seja,
somente se resolve por meio de recurso contra ela, na via adequada, em
demonstração de civilidade que se impõe no âmbito do Estado Democrático de
Direito.
Certamente
que, se assim for o desfecho desse triste episódio que envolve ex-presidente da
República, a imagem dele ficará ainda mais manchada, por resistir à ordem
judicial, dando a entender que ele está acima das leis do país e não se submete
a elas e isso não é bom para o currículo de quem é considerado o maior político
da atualidade brasileira.
Os
brasileiros esperam que o bom senso e a razoabilidade possam prevalecer no caso
em tela, enquanto há tempo, para que essa decisão insensata e incivilizada seja
transformada em ato de sensibilidade e maturidade políticas, no sentido de
normal acatamento à decretação da prisão, evitando-se possível confronto entre
a militância e os policiais incumbidos de cumprir o mandado judicial e isso
poderá ter resultado imprevisível e trágico, que pode ser evitado por meio do
entendimento e da racionalidade entre as partes. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 6 de abril de 2018
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