De acordo com notícia publicada na mídia,
somente os
pré-candidatos ao Palácio do Planalto, nas próximas eleições, somam 160
investigações em tribunais, compreendendo motivos os mais diversos e vão desde
infrações de trânsito a condenações políticas, como é o caso do principal
político brasileiro, que até já se encontra preso e está liderando as pesquisas
eleitorais.
O jornal Folha de S. Paulo promoveu
apuração e publicou reportagem pertinente ao tema, mostrando que a Operação
Lava-Jato, derivações e outras investigações de desvio da ética e da moralidade
atingem, ao menos, oito presidenciáveis, cujos fatos a eles atribuídos são dissonantes
do relevante exercício do cargo presidencial, porque, ao titular, compete, na forma
constitucional, dar exemplo de imaculabilidade.
O
caso mais emblemático é o do pré-candidato do PT, que se encontra trancafiado,
tendo sido condenado por órgão colegiado da Justiça e isso, na forma da Lei da
Ficha Limpa, já é suficiente para inviabilizar a participação dele na corrida presidencial,
mas o seu partido afirma que fará o registro dele na disputa eleitoral, talvez
por ser o líder das intenções de voto, no percentual de 31%, segundo a última consulta
realizada nesse sentido.
Impressiona
o fato de que os dois principais políticos cogitáveis para substituir o
pré-candidato petista preso, no caso da sua inviabilização, também se encontram
implicados com a Justiça, por estarem sendo investigados sob as suspeitas do
recebimento de dinheiro pelo caixa dois e de propina na reforma da Arena Fonte
Nova, em cada caso.
Segundo
os dados levantados pelo jornal, os demais possíveis candidatos investigados são
filiados a diversos partidos, como PSDB, PSC, PSL, PDT, PSB, PSOL, entre
outros, envolvendo questões administrativas e pessoais, porém todos os casos, a
bem da verdade, não condizem com a dignidade que se exige dos homens públicos,
que precisam se apresentar ao eleitorado de cara e mãos limpas e muito bem
lavadas e enxaguadas com as águas cristalinas da moralidade.
O
jornal ressalta que esse número de investigações e processo pode ser ainda bem maior,
tendo em vista que o levantamento até agora apurado deixou de incluir ações
classificadas como em segredo de Justiça, que são casos trabalhistas e ações
movidas na Justiça de primeira instância de estados que não são os de origem ou
de atuação política, além das dificuldades encontradas na obtenção de informações
em determinados tribunais, que impendem o acesso público e a transparência
sobre as questões em tramitação.
Essa
lamentável realidade somente evidencia a falta de caráter e de vergonha na
cara, não especificamente apenas de homens públicos, mas sim e principalmente do
povo, que, por força da lei, os escolhe como o seu lídimo representante nos
poderes Legislativo e Executivo.
Se
o Brasil precisa de urgente moralização e isso se impõe com urgência, a
sociedade tem que ser a primeira a ser moralizada, dignificada, com o esforço
de escolher seus representantes por meio de parâmetros que possam satisfazer
aos salutares requisitos, em princípio, no mínimo, da idoneidade e da conduta
moral compatíveis com a decência na administração pública, quando, a partir de
então, terá condições de exigir dignidade na representatividade política.
O
que impressiona e causa maior espanto e tristeza, em especial para as pessoas
honradas e dignas, é que os fatos noticiados pela reportagem dizem pertinência a
investigações sobre pelo menos 160 casos de possíveis irregularidades
envolvendo especificamente candidatos à Presidência da República, o maior nível
dos cargos da República, que está sendo buscado por políticos que, em
princípio, além de ser exemplos de moralidade, jamais deveriam ter seus nomes
colocados sob sequer suspeição de irregularidade, quanto mais sendo vasculhados
por possível prática de atos ilícitos e contrários aos princípios republicano e
democrático, em se tratando da preservação da dignidade na vida pública, que,
em hipótese alguma poderia passar por vil processo de investigação, mesmo que
isso possa levar à confirmação da imaculabilidade.
Os
brasileiros precisam exigir, com o máximo de urgência, a criação de instrumento
jurídico que possa estabelecer que o homem público deva ficar imediatamente
impedido de vinculação político-partidária enquanto estiver implicado com
suspeitas, denúncias ou quaisquer atos inquinados de irregulares, sob
investigação, que digam respeito às atividades na vida pública, somente podendo
voltar a esse mister quando comprovar o seu desvencilhamento dos referidos
fatos, quando então poderá readquirir as legítimas e indispensáveis condições
de representante da sociedade.
Somente
nessas condições será possível se pensar no saneamento ético e moral das
atividades político-partidárias, eis que, na atualidade, a banalização do
desleixo ético e moral, que permeia as atividades públicas, é forma placitada
normalmente pela sociedade, que não tem o mínimo interesse em acompanhar e
fiscalizar as atividades de seus representantes na vida pública, que pensam que
são os donos da razão e da verdade, obviamente dando a entender que isso
implica ignorar a sua responsabilidade cívica e patriótica quanto à fidelidade
aos princípios do decoro, da ética, da moralidade, enfim da dignidade que
precisam ser defendidos e preservados em nome do povo sempre imaculado, nos
seus princípios cívicos.
Em última análise, os valores ético e moral do povo se medem
exatamente pelo caráter ou pela falta dele ínsita nos seus representantes
políticos, que são eleitos com base na avaliação ou mais precisamente na falta
dela, eis que nunca são sopesados os históricos ou as vidas pregressas dos
candidatos, porque elas são muito importantes em termos da decência e do valor
moral que são princípios que precisam ser devidamente observados no exercício dos
cargos públicos eletivos.
A
lamentável situação mostrada pela reportagem em comento representa dura e cruel
realidade e evidencia que o sistema político-partidário, na forma como é na
atualidade, não se sustenta e não se presta como nada confiável, uma vez que expressiva
parcela dos eleitores é formada por analfabetos políticos, que se prestam a
respaldar a ganância e a maledicência de oportunistas e inescrupulosos homens
públicos, que abusam da consentida ausência da ética e da moralidade em boa
parte da administração pública, fato revelador de extrema promiscuidade que prepondera
normalmente no submundo de muitos políticos tupiniquins.
Enfim, diante
dos fatos deploráveis, é perfeitamente factível que os brasileiros estão e vão continuar
sendo representados, em termos políticos, por pessoas indignas e sem condições
morais à altura da sua honradez, embora isso somente possa ser saneado pela
própria sociedade, que tem o poder constitucional, por meio do sufrágio
universal, de eleger seus delegados para o exercício dos cargos dos poderes
próprios da República. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 22 de abril de 2018
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