É
evidente que não se pode, desde logo, tendo em conta as denúncias de
irregularidades cuja autoria se atribui ao parlamentar paraibano e à sua família,
julgar nem se fazer juízo de valor sobre a sua reputação, sendo necessário se
esperar a conclusão das investigações e o julgamento dos casos pela Justiça.
Não
obstante, é absolutamente concebível que a simples suspeita da prática de
irregularidade exige que o parlamentar se afastasse do relevante cargo de
presidente da Câmara dos Deputados, como forma de se pretender honrar a
imaculabilidade da instituição, que não tem como continuar sendo dirigida por
pessoa suspeita de desvio de recursos públicos, porque isso contraria os
saudáveis princípios da administração pública.
Na
verdade, o bom senso aconselha que o deputado se afaste do cargo de presidente
da Câmara, para se dedicar exclusivamente à sua defesa, embora os princípios da
seriedade, da honradez e da sensatez recomendem que ele deva se afastar também
do cargo de deputado federal, diante da incompatibilidade com os princípios e o
decoro impostos ao exercício de cargos públicos.
Infelizmente,
em se tratando do país que se consolida como o reino da esculhambação, da
impunidade e da desordem, na administração pública, certamente que ele vai
continuar exercendo tranquilamente os dois cargos, como se nada de tão grave,
em termos de moralidade, sequer tivesse acontecido, obviamente porque a prática
de irregularidades graves tem o beneplácito de seus pares, como perversa forma
de corporativismo que impera no seio do segmento de servidores que teria a
obrigação constitucional de ser exemplo de dignidade, honradez e moralidade
para o país.
Enfim,
embora extremamente vexatória e vergonhosa a falta da cultura do decoro, da
dignidade e da moralidade, entre outros saudáveis princípios da administração
pública, certamente que os parlamentares vão fingir que o presidente da Câmara
dos Deputados está acima de quaisquer suspeitas, infelizmente.
Brasília, em 10 de abril de 2025
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