quinta-feira, 10 de abril de 2025

Falta de Decoro?

Em mensagem se referindo ao presidente da Câmara dos Deputados, um jornal publicou que o Brasil é “A República do rabo preso: a corrupção no DNA da política brasileira.”.  

É evidente que não se pode, desde logo, tendo em conta as denúncias de irregularidades cuja autoria se atribui ao parlamentar paraibano e à sua família, julgar nem se fazer juízo de valor sobre a sua reputação, sendo necessário se esperar a conclusão das investigações e o julgamento dos casos pela Justiça.

Não obstante, é absolutamente concebível que a simples suspeita da prática de irregularidade exige que o parlamentar se afastasse do relevante cargo de presidente da Câmara dos Deputados, como forma de se pretender honrar a imaculabilidade da instituição, que não tem como continuar sendo dirigida por pessoa suspeita de desvio de recursos públicos, porque isso contraria os saudáveis princípios da administração pública.

Na verdade, o bom senso aconselha que o deputado se afaste do cargo de presidente da Câmara, para se dedicar exclusivamente à sua defesa, embora os princípios da seriedade, da honradez e da sensatez recomendem que ele deva se afastar também do cargo de deputado federal, diante da incompatibilidade com os princípios e o decoro impostos ao exercício de cargos públicos.

Infelizmente, em se tratando do país que se consolida como o reino da esculhambação, da impunidade e da desordem, na administração pública, certamente que ele vai continuar exercendo tranquilamente os dois cargos, como se nada de tão grave, em termos de moralidade, sequer tivesse acontecido, obviamente porque a prática de irregularidades graves tem o beneplácito de seus pares, como perversa forma de corporativismo que impera no seio do segmento de servidores que teria a obrigação constitucional de ser exemplo de dignidade, honradez e moralidade para o país.

Enfim, embora extremamente vexatória e vergonhosa a falta da cultura do decoro, da dignidade e da moralidade, entre outros saudáveis princípios da administração pública, certamente que os parlamentares vão fingir que o presidente da Câmara dos Deputados está acima de quaisquer suspeitas, infelizmente.

            Brasília, em 10 de abril de 2025 

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