quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mentalidade retrógrada

A imprensa vem divulgando como quase certa a contratação, pelo Botafogo, de ex-jogador do Milan, da Itália, que teria recusado milionário salário de R$ 60 milhões, oferecido por time asiático, para vir jogar no Rio de Janeiro. Desde logo, o Botafogo merece receber os pêsames caso essa contratação seja realmente efetivada, porque se trata de atleta com mais de 36 anos rodados, embora de bom futebol, mas pairam sérias dúvidas quanto ao custo-benefício que certamente não há de compensar, devido ao altíssimo investimento por um jogador em fim de linha e com muito pouco potencial para suportar as exigências naturais sobre ele, ainda mais com salário diferenciado dos demais, à luz de tantos casos com atletas de idade avançada e de situação idêntica, que não têm condição de demonstrar a mesma motivação da juventude e o seu poder de esforço atlético já atingiu o limite de tolerância do alto nível suportável para corresponder à dureza e à velocidade do futebol moderno e competitivo. Ele terá ainda a necessidade de se adaptar à região e ao profissionalismo por ele desconhecidos, inclusive com grandes possibilidades nem de se entrosar de imediato com a forma de jogar e com outros fatores regionais, que são totalmente diferentes de onde esteve jogando. Essa tresloucada transação somente poderia ser considerada compensatória para o Fogão se não houver qualquer compromisso financeiro por parte do Clube, que, na atualidade, está com atraso na folha de pagamento dos seus atletas, há pelo menos dois meses. Seria tremenda incoerência empresarial, para não dizer irresponsabilidade, o clube se empenhar com negócio incerto envolvendo cifras altíssimas, sem ter o devido respaldo financeiro para bancá-lo e ainda mais devendo a folha de meses, que seria ainda mais sobrecarregada com o astronômico salário de atleta de escol, como o que está sendo anunciado. De qualquer forma, essa contratação viria na contramão da modernidade futebolística, em verdadeiro prejuízo aos interesses do clube e dos seus torcedores, que andam desanimados diante dos últimos resultados e do gerenciamento dos negócios do Botafogo. Ante a comprovação, já não há mais dúvida de que bom e seguro investimento deve ser feito em atletas jovens e com talento e esses atributos o futebol brasileiro é pródigo em possuir. É pena que os dirigentes alvinegros estejam pensando com o apoio do retrovisor, quando seria muito mais eficiente se a sua visão fosse focalizada para o horizonte do futebol e com os pés fincados no chão, tendo por base a realidade e as possibilidades empresariais do clube, sem desviar a meta da possibilidade de reais conquistas, que certamente não serão alcançadas com a mentalidade voltada para a velharia. Por certo, o apagão gerencial vem contribuindo para que a Estrela Solitária não reluza há bastante tempo, deixando o passado de glória mais distante e seus apaixonados torcedores sem esperança de vitórias e de títulos, por causa da marca da insuportável e terrível incompetência...


ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 21 de junho de 2012

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