A imprensa vem divulgando como quase certa a
contratação, pelo Botafogo, de ex-jogador do Milan, da Itália, que teria
recusado milionário salário de R$ 60 milhões, oferecido por time asiático, para
vir jogar no Rio de Janeiro. Desde logo, o Botafogo merece receber os pêsames
caso essa contratação seja realmente efetivada, porque se trata de atleta com
mais de 36 anos rodados, embora de bom futebol, mas pairam sérias dúvidas
quanto ao custo-benefício que certamente não há de compensar, devido ao
altíssimo investimento por um jogador em fim de linha e com muito pouco potencial
para suportar as exigências naturais sobre ele, ainda mais com salário
diferenciado dos demais, à luz de tantos casos com atletas de idade avançada e
de situação idêntica, que não têm condição de demonstrar a mesma motivação da
juventude e o seu poder de esforço atlético já atingiu o limite de tolerância
do alto nível suportável para corresponder à dureza e à velocidade do futebol
moderno e competitivo. Ele terá ainda a necessidade de se adaptar à região e ao
profissionalismo por ele desconhecidos, inclusive com grandes possibilidades
nem de se entrosar de imediato com a forma de jogar e com outros fatores
regionais, que são totalmente diferentes de onde esteve jogando. Essa tresloucada
transação somente poderia ser considerada compensatória para o Fogão se não
houver qualquer compromisso financeiro por parte do Clube, que, na atualidade,
está com atraso na folha de pagamento dos seus atletas, há pelo menos dois
meses. Seria tremenda incoerência empresarial, para não dizer
irresponsabilidade, o clube se empenhar com negócio incerto envolvendo cifras
altíssimas, sem ter o devido respaldo financeiro para bancá-lo e ainda mais
devendo a folha de meses, que seria ainda mais sobrecarregada com o astronômico
salário de atleta de escol, como o que está sendo anunciado. De qualquer forma,
essa contratação viria na contramão da modernidade futebolística, em verdadeiro
prejuízo aos interesses do clube e dos seus torcedores, que andam desanimados
diante dos últimos resultados e do gerenciamento dos negócios do Botafogo. Ante
a comprovação, já não há mais dúvida de que bom e seguro investimento deve ser
feito em atletas jovens e com talento e esses atributos o futebol brasileiro é
pródigo em possuir. É pena que os dirigentes alvinegros estejam pensando com o
apoio do retrovisor, quando seria muito mais eficiente se a sua visão fosse focalizada
para o horizonte do futebol e com os pés fincados no chão, tendo por base a
realidade e as possibilidades empresariais do clube, sem desviar a meta da
possibilidade de reais conquistas, que certamente não serão alcançadas com a
mentalidade voltada para a velharia. Por certo, o apagão gerencial vem
contribuindo para que a Estrela Solitária não reluza há bastante tempo, deixando
o passado de glória mais distante e seus apaixonados torcedores sem esperança
de vitórias e de títulos, por causa da marca da insuportável e terrível incompetência...
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de junho de 2012
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