Em virtude de se envolver em dois acidentes de
trânsito, ocorridos no mesmo dia, o secretário de Comércio dos EUA anunciou sua
renúncia ao cargo. Na ocasião, ele disse "Eu já informei ao presidente que eu renunciei ao cargo de secretário do
Comércio" e "O trabalho que
eu fazia para ajudar os empreendedores e homens de negócios da América a
reerguer nossa economia e criar empregos é mais importante agora do que nunca,
e eu cheguei à conclusão de que preciso sair para evitar distrações a essa
missão crítica". Na verdade, o ex-secretário estava sendo investigado
por possível fuga do local sem prestar socorro após ter batido seu carro contra
dois veículos em episódios distintos em um intervalo de cinco minutos. A
polícia declarou que não foram encontrados indícios de consumo de álcool ou
drogas. No entanto, mais tarde, o Departamento de Comércio afirmou que o
servidor teria sido acometido de uma convulsão e, por isso, ele foi
hospitalizado. É impressionante verificar que, nos EUA, um acidente de aparente
simplicidade, causado de forma involuntária, porque motivada por doença, sem qualquer
reflexo no erário, cresce de tamanha significância e suscita que o servidor,
por iniciativa própria, entrega o importante cargo que ocupava. Acontece que a aferrada observância
aos princípios ético e moral do político americano já consta do seu DNA e,
qualquer deslize que ele pratique, mesmo sem gravidade, o ato é automaticamente
acusado na sua consciência, que o orienta a forma correta de decisão sempre em coerência
com os interesses da nacionalidade. É evidente que lá não existe politicagem
nem o indecente fisiologismo “toma lá dá cá”, origem do arraigado “amor” ao
cargo, a ponto de somente alguém largá-lo no extremo da crise e assim mesmo à
bala. Também é verdade que, no país de tio Sam, a população tem capacidade suficiente
para avaliar, nas eleições, o comportamento das pessoas públicas, que são
colocadas nos cargos por qualificação profissional, mérito, eficiência e
principalmente para servir ao interesse público, agindo apenas em função das
necessidades do país e do povo, que, de forma democrática, os elegem em razão
do sentimento cívico, sem vinculação com a distribuição de humilhantes bolsas
esmolas oficiais. O certo mesmo é que há democracia e democracia, sendo a de
primeiro mundo e a de republiqueta. No primeiro mundo, os políticos têm
consciência cívica e patriótica, enquanto nos outros mundos não se age senão em
razão dos interesses pessoais e partidários, sempre com o objetivo da manutenção
no poder à custa de recursos públicos. A atitude exemplar do político americano
até que poderia inspirar os novos políticos brasileiros a terem consciência
civilizada, honestidade com a gestão dos recursos públicos e respeito aos
princípios ético, moral e legal, somente assim o país teria condição de atingir
a democracia do primeiro mundo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de junho de 2012
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