domingo, 10 de junho de 2012

Visita ao casarão

Depois de mais de sete anos, retornei ao lugar que tanto amo, que é o casarão do Sítio Canadá, na cidade de Uiraúna/PB, onde, há mais de sessenta e três anos, quis o destino que eu surgisse para o mundo e que fosse enterrado meu cordão umbilical, motivos pelos quais haver, de minha parte, eterna predileção por esse que considero torrão sempre sagrado. É evidente que também nutro perpétua gratidão aos meus queridos pais, por terem me concebido num verdadeiro paraíso terrestre, aos meus avós, tias e tios, pela carinhosa acolhida por tanto tempo na sua companhia, de quem fui merecedor de atenção e amor. Ao aproximar-me do lindo casarão, senti forte emoção, quase indo às lágrimas, ao vê-lo diante de mim, mas, instintivamente, também suscitou em mim um estranho sentimento misto de alegria e de tristeza. A alegria decorreu naturalmente por ter a certeza de estar à frente da casa que foi meu berço e lar por toda minha infância, onde tive o privilégio de conviver com pessoas maravilhosas e fantásticas, como no caso especial do meu avô, por seu carisma e sua atitude sempre respeitosa diante do semelhante, além de ser exemplo de honestidade, de trabalho assíduo, de amor e de inteira dedicação à criação da enorme prole de doze filhos, que receberam formação moral de qualidade e todos souberam aproveitar muito bem as lições de dignidade, de sabedoria e amor ao próximo, que também foram transmitidas aos seus netos, que tiveram o honroso merecimento de conviver no seio de família que cultuava princípios arraigados de religiosidade e de respeito às melhores regras de bons costumes e de dignidade humana. Todavia, a tristeza ficou por conta da constatação de que o meu amado casarão havia passado, naturalmente sob os efeitos do avanço tecnológico, quanto ao aspecto da inovação arquitetônica e paisagista, por transformações na sua estrutura externa, especialmente com a plantação de árvores na sua frente, empanando a beleza da sua fachada principal; a eliminação do portão do muro; a construção de pequenas obras na lateral esquerda, cujo piso foi adaptado para uso de garagem, e na parte traseira, alterando o panorama original; e a demolição de dependência na lateral direita, tudo contribuindo para transfigurar o velho sobrado, deixando-o diferente daquele do meu precioso tempo. É pena que a ideia e a mão do homem sejam capazes de alterar drasticamente a concepção externa do casarão da minha bela infância, que era todo lindo, mesmo na simplicidade arquitetônica, porque qualquer pedacinho seu, que foi modernizado, tinha guardado um pouquinho da minha marcante passagem por ali, cuja lembrança, essa sim, jamais será modificada, em razão de ter sido definitivamente petrificada na minha memória. Não obstante, o reencontro, como sempre, foi memorável e muito agradável, justamente por forçar a emersão do fundo da minha mente de fatos que faziam a minha felicidade. Agradeço a Deus por esse momento de pura emoção e saudade.         
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de junho de 2012

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