Depois de mais de sete anos, retornei ao lugar que
tanto amo, que é o casarão do Sítio Canadá, na cidade de Uiraúna/PB, onde, há
mais de sessenta e três anos, quis o destino que eu surgisse para o mundo e que
fosse enterrado meu cordão umbilical, motivos pelos quais haver, de minha
parte, eterna predileção por esse que considero torrão sempre sagrado. É
evidente que também nutro perpétua gratidão aos meus queridos pais, por terem me
concebido num verdadeiro paraíso terrestre, aos meus avós, tias e tios, pela
carinhosa acolhida por tanto tempo na sua companhia, de quem fui merecedor de
atenção e amor. Ao aproximar-me do lindo casarão, senti forte emoção, quase
indo às lágrimas, ao vê-lo diante de mim, mas, instintivamente, também suscitou
em mim um estranho sentimento misto de alegria e de tristeza. A alegria
decorreu naturalmente por ter a certeza de estar à frente da casa que foi meu
berço e lar por toda minha infância, onde tive o privilégio de conviver com
pessoas maravilhosas e fantásticas, como no caso especial do meu avô, por seu
carisma e sua atitude sempre respeitosa diante do semelhante, além de ser
exemplo de honestidade, de trabalho assíduo, de amor e de inteira dedicação à
criação da enorme prole de doze filhos, que receberam formação moral de
qualidade e todos souberam aproveitar muito bem as lições de dignidade, de
sabedoria e amor ao próximo, que também foram transmitidas aos seus netos, que
tiveram o honroso merecimento de conviver no seio de família que cultuava
princípios arraigados de religiosidade e de respeito às melhores regras de bons
costumes e de dignidade humana. Todavia, a tristeza ficou por conta da
constatação de que o meu amado casarão havia passado, naturalmente sob os
efeitos do avanço tecnológico, quanto ao aspecto da inovação arquitetônica e
paisagista, por transformações na sua estrutura externa, especialmente com a
plantação de árvores na sua frente, empanando a beleza da sua fachada
principal; a eliminação do portão do muro; a construção de pequenas obras na
lateral esquerda, cujo piso foi adaptado para uso de garagem, e na parte
traseira, alterando o panorama original; e a demolição de dependência na
lateral direita, tudo contribuindo para transfigurar o velho sobrado,
deixando-o diferente daquele do meu precioso tempo. É pena que a ideia e a mão
do homem sejam capazes de alterar drasticamente a concepção externa do casarão
da minha bela infância, que era todo lindo, mesmo na simplicidade arquitetônica,
porque qualquer pedacinho seu, que foi modernizado, tinha guardado um pouquinho
da minha marcante passagem por ali, cuja lembrança, essa sim, jamais será
modificada, em razão de ter sido definitivamente petrificada na minha memória.
Não obstante, o reencontro, como sempre, foi memorável e muito agradável,
justamente por forçar a emersão do fundo da minha mente de fatos que faziam a
minha felicidade. Agradeço a Deus por esse momento de pura emoção e saudade.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de junho de 2012
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