Em comparecimento à Comissão Parlamentar de Inquérito
que investiga as relações de bicheiro com políticos e empresários, o governador
do Estado de Goiás negou, de forma peremptória, envolvimento pessoal com o
contraventor, tendo rejeitado quaisquer suspeitas de que o pessoal que
explorava o jogo ilegal no estado tivesse influência na sua gestão. O
governador foi enfático em afirmar que "Não há nenhum ato do seu governo em beneficio ou na direção do que
suscitam os diálogos divulgados na imprensa sobre a Operação Monte Carlo"
e "Eu rechaço veementemente a
possibilidade de corrupção no meu governo", não havendo fato concreto
nas interceptações telefônicas apontando o envolvimento de servidores em
irregularidades. É importante ressaltar o fato de que, em respeito ao povo
brasileiro, por se tratar de ocupante de cargo público eleitoral, o referido político
teve a coragem de comparecer voluntariamente ao Congresso Nacional, para dar explicações
àquela comissão e à sociedade sobre os fatos denunciados, que colocam seu
governo no olho do furação das apurações realizadas pela Polícia Federal. É bem
verdade que não se pode concluir, desde logo, que as alegações ali produzidas são
plenamente convincentes, mas ficou a impressão, diante dos esclarecimentos e
documentos apresentados, de que a corrupção no governo do citado estado pode não
ser tão expressiva quanto se poderia imaginar, à luz da gravidade dos fatos
apontados. De qualquer modo, devem ser motivos de louvores a presença do
governador à CPI e a sua disposição de responder às indagações formuladas pelos
parlamentares, diferentemente do que aconteceu no caso dos corruptos
defenestrados do governo federal, que não tiveram a dignidade de comparecer ao
Poder Legislativo, para se defenderem quanto às acusações da prática de
irregularidades com dinheiros públicos. Aliás, esse fato mostra, de forma
cristalina, que a democracia brasileira seria substancialmente fortalecida se a
representatividade política, que emana do povo, consoante mandamento
constitucional, não importando o nível do cargo em questão, fosse obrigada a
comparecer ao parlamento, para prestar as devidas explicações à sociedade que
paga os seus vencimentos, sempre que for acusada de envolvimento na prática de
atos irregulares ou má gestão com recursos públicos. Já não há mais dúvida de
que a falta de transparência na administração pública funciona de forma nefasta
para o subdesenvolvimento de um país, principalmente por fomentar e incentivar
a corrupção, que disseminou de forma banalizada e incontrolável no Brasil. A
sociedade anseia por que os homens públicos se conscientizem de que uma nação
somente tem condição de progredir e adquirir verdadeiro desenvolvimento se a
democracia for exercida em sua plenitude, mas, para isso, há urgente necessidade
da purificação, do aperfeiçoamento e da modernização dos sistemas políticos, em
absoluto respeito aos princípios da transparência, da legalidade e da
moralidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de junho de 2012
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