quarta-feira, 13 de junho de 2012

Purificação política

Em comparecimento à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as relações de bicheiro com políticos e empresários, o governador do Estado de Goiás negou, de forma peremptória, envolvimento pessoal com o contraventor, tendo rejeitado quaisquer suspeitas de que o pessoal que explorava o jogo ilegal no estado tivesse influência na sua gestão. O governador foi enfático em afirmar que "Não há nenhum ato do seu governo em beneficio ou na direção do que suscitam os diálogos divulgados na imprensa sobre a Operação Monte Carlo" e "Eu rechaço veementemente a possibilidade de corrupção no meu governo", não havendo fato concreto nas interceptações telefônicas apontando o envolvimento de servidores em irregularidades. É importante ressaltar o fato de que, em respeito ao povo brasileiro, por se tratar de ocupante de cargo público eleitoral, o referido político teve a coragem de comparecer voluntariamente ao Congresso Nacional, para dar explicações àquela comissão e à sociedade sobre os fatos denunciados, que colocam seu governo no olho do furação das apurações realizadas pela Polícia Federal. É bem verdade que não se pode concluir, desde logo, que as alegações ali produzidas são plenamente convincentes, mas ficou a impressão, diante dos esclarecimentos e documentos apresentados, de que a corrupção no governo do citado estado pode não ser tão expressiva quanto se poderia imaginar, à luz da gravidade dos fatos apontados. De qualquer modo, devem ser motivos de louvores a presença do governador à CPI e a sua disposição de responder às indagações formuladas pelos parlamentares, diferentemente do que aconteceu no caso dos corruptos defenestrados do governo federal, que não tiveram a dignidade de comparecer ao Poder Legislativo, para se defenderem quanto às acusações da prática de irregularidades com dinheiros públicos. Aliás, esse fato mostra, de forma cristalina, que a democracia brasileira seria substancialmente fortalecida se a representatividade política, que emana do povo, consoante mandamento constitucional, não importando o nível do cargo em questão, fosse obrigada a comparecer ao parlamento, para prestar as devidas explicações à sociedade que paga os seus vencimentos, sempre que for acusada de envolvimento na prática de atos irregulares ou má gestão com recursos públicos. Já não há mais dúvida de que a falta de transparência na administração pública funciona de forma nefasta para o subdesenvolvimento de um país, principalmente por fomentar e incentivar a corrupção, que disseminou de forma banalizada e incontrolável no Brasil. A sociedade anseia por que os homens públicos se conscientizem de que uma nação somente tem condição de progredir e adquirir verdadeiro desenvolvimento se a democracia for exercida em sua plenitude, mas, para isso, há urgente necessidade da purificação, do aperfeiçoamento e da modernização dos sistemas políticos, em absoluto respeito aos princípios da transparência, da legalidade e da moralidade. Acorda, Brasil!  


ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de junho de 2012


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