domingo, 24 de junho de 2012

Paraíso remanescente

Na atualidade, há quase unanimidade dos especialistas quanto à voracidade e à impiedosa destruição da mãe natureza, que se mostra frágil e impotente para reagir e se defender da fúria e da selvageria do bicho homem, tão habituado a usar e abusar do meio ambiente, de forma voluntária, interesseira, desorganizada e insensível. Noutra vertente, a natureza também é utilizada sem a menor preocupação com a sua destruição ou o seu reflorestamento, como seria da obrigação da humanidade. Esse processo destrutivo se dá em nome dos interesses econômicos, em visível detrimento da indispensável necessidade de preservação da originalidade e da beleza natural, que já se encontram bastante degradadas e mostram, em muitos casos, sinal de visível adiantamento de ameaça à sobrevivência da espécie humana, que, de forma lamentável, não se sensibiliza acerca dessa triste e cruel realidade. Não obstante, nessa disputa inglória entre o gigantismo da devastação e a tranquilidade da natureza desamparada, ainda resta, nalgumas localidade do país, uma nesga de esperança, a exemplo da famosa praia paraibana de Coqueirinhos, que fica bem perto da capital do Estado. Ali se localizam praias quase primitivas, onde a água e o mar são de beleza deslumbrante, cuja transparência causa enorme inveja às demais praias do país já poluídas, muitas delas em razão do descaso e do descuido decorrentes da cruel ação do homem. A região ali é muito convidativa, de maneira intuitiva, à benfazeja contemplação do ambiente exótico, sossegado e quase indevassado, onde reina a mansidão das ondas do mar, protegida pelo encanto da emoldurada e viçosa mata atlântica, formando um conjunto cenográfico apaixonante e sonhador. Na referida praia, pode-se ainda deliciar a linda visão das areias puras, limpas, finas e brilhantes, fazendo extraordinária combinação com a exuberante paisagem comparável somente à beleza original do Éden, onde é possível se vislumbrar imagens de verdadeiro paraíso terrestre, com ornamento de agradável vegetação original da região e enxertada por lindos coqueirais, tornando o ambiente fascinante e celestial, muito apropriado para o normal esquecimento do controle do tempo – que até poderia abrir uma exceção à sua galopante velocidade - e do momento exato de se despedir de local tão aconchegante e prazeroso. A praia de Coqueirinhos é prova eloquente da perfeição divina e de que o homem pode perfeitamente continuar desfrutando das belezas do paraíso terrestre, mas teria que se submeter ao sacrifício de voltar a se humanizar e de tratar a natureza com racionalidade e justiça ambiental.
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de junho de 2012

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