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Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal aprovou projeto de lei que
reserva 50% das vagas em universidades federais para alunos que fizeram todo o
ensino médio em escolas públicas. O projeto combina cota racial e social, de
modo que vagas reservadas sejam preenchidas de acordo com a proporção de
negros, pardos e índios, na população de cada unidade da federação onde se
encontra instalada a instituição de ensino. As cotas raciais demonstram com
clareza que o governo não tem planos para o ensino no país, por preferir
estabelecer critério nitidamente discriminatório com relação às outras raças,
ao invés de investir maciçamente na educação, para que seja possível propiciar,
de forma isonômica, ensino de qualidade aos brasileiros. Diante da falta de
interesse em resolver em definitivo esse grave problema, o governo simplesmente
inventa medida paliativa, como forma de agradar segmentos sociais carentes, mas
não deveria deixar de enxergar que essas cotas, baseadas e em benefício de
algumas raças, menospreza de forma cristalina outras raças, constituindo notório
e abominável procedimento criminoso, por afrontar princípios constitucionais e disseminar
atitudes racistas condenadas, por ser forma de incentivo à discriminação racial
no Brasil, contrariando o princípio insculpido
no art. 5º da Carta Magna, que estabelece: “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:...”.
Os incisos XLI e XLII desse dispositivo são bastante
claros quanto à necessidade de penalidade àquele que cometer crime de
discriminação, que é o caso dessas cotas raciais, onde constam,
respectivamente: “a lei punirá qualquer
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;” e “a prática do racismo
constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;”. O governo, que defende a democracia fora do país, não
poderia ser hipócrita com a criação de políticas protecionistas numa área tão
importante como a educação, que exige lucidez e valorização do ser humano, por
dizer respeito à sua formação intelectual e acadêmica. Não obstante, as cotas
sociais são merecedoras de encômios, por constituírem medida que beneficia
igualitariamente os menos favorecidos, em termos econômicos, diferenciando do
sistema de raças, por haver distinção de direcionamento, por motivos de cor,
como se existissem cidadãos de inteligência inferior e de desqualificação
intelectual, quando se sabe que não é nada disso. Ser de cor diferente não justifica qualquer
medida oficial de discriminação, principalmente porque, contrariamente, os
encargos e os benefícios públicos são devidos e alcançam igualmente e sem
distinção as raças branca, preta, amarela etc. Constitui verdadeiro absurdo,
falta de critério e verdadeira injustiça a estipulação de 50% para vagas
reservadas às cotas, considerando que a maioria dos brasileiros não se enquadra
na faixa beneficiada por essa medida. Urge que os
governantes se conscientizem de que a melhoria da qualidade do ensino público,
mediante maciços investimentos e adequado aperfeiçoamento dos métodos de
instrução, certamente contribuirá para que a educação possa ser propiciada aos
brasileiros, em todos os níveis de ensino e livre da recriminável e repulsiva
distribuição de contas raciais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de junho de 2012
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