terça-feira, 12 de junho de 2012

Basta de leviandades

O ex-ministro da Justiça e advogado de um dos mensaleiros declarou que a imprensa "tomou partido" contra os réus do processo do mensalão e ainda tenta influenciar o resultado do seu julgamento no Supremo Tribunal Federal, com "publicidade opressiva" da situação. Ele disse ainda que “A imprensa elevou a um ponto muito forte o mensalão que vai ser julgado, deixando de lado os outros mensalões.", “Ver com preocupação a capacidade da imprensa de influenciar os juízes”, "A vigilância da imprensa é fundamental, mas algumas vezes ela erra.” e "Os ministros são homens experimentados, preparados, probos e capazes de fazer um julgamento técnico que se aproxime o mais possível da justiça". Essas afirmações são próprias e coerentes com os manuais de procedimentos petistas que, nos casos de irregularidades por eles protagonizados, sempre põem a culpa dos seus erros sobre terceiros, nunca tendo a dignidade de assumir as suas atitudes vergonhosas e reprováveis. Não chega a ser nenhuma novidade essa tentativa de desviar o foco da situação para outros horizontes alheios aos fatos, como forma bisonha utilizada para dispersão da gravidade do problema em discussão. Na verdade, esse cidadão não tem credibilidade, muito menos moral nem ética para tratar de assuntos sérios, máxime em razão de ter abraçado causas de facínoras acusados de cometerem, comprovadamente, graves lesões aos cofres públicos, mediante procedimentos delituosos e fraudulentos, obtendo enriquecimento à custa dos bestas dos contribuintes. Parte desse dinheiro sujo serve agora de moeda para o régio pagamento a esse famoso causídico defender os interesses de criminosos do jogo do bicho e beneficiário do mensalão. Não deixa de ser contraditório e até tragicômico alguém que jurou, junto à sua ordem de classe, exercer a advocacia com dignidade, observando a ética, a justiça social e a devida aplicação das leis, seja leviano em defender ladrões de dinheiros públicos e ainda ser pago com esses recursos de origem duvidosa. Na realidade, a imprensa brasileira tem a obrigação de denunciar com veemência as falcatruas desse governo, que é composto, conforme demonstram as denúncias de corrupção, por servidores que não têm outros objetivos senão a defesa dos interesses seus e das suas agremiações políticas. Não há dúvida de que, nesse lamentável episódio do mensalão, quem tomou partido contra os envolvidos não foi somente a imprensa, mas principalmente a população brasileira que tem dignidade, honradez e não concorda com os esquemas de roubalheiras implantados no país, cujos envolvidos não têm escrúpulo e nem compromisso com a moralidade e a legitimidade dos seus atos. No caso de infração às condutas morais e legais, a exemplo do mensalão, só resta a aplicação da medida corretiva da penalização. A sociedade civilizada e proba, repudiando as condutas espúrias e nefastas com dinheiros públicos, confia que o Supremo Tribunal Federal cumpra fielmente a sua competência constitucional e julgue, com absoluta isenção, imparcialidade e juridicidade, os réus envolvidos no processo do mensalão, tendo por base os elementos constantes dos autos pertinentes. Acorda, Brasil!


ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 

Brasília, em 11 de junho de 2012

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