quinta-feira, 21 de junho de 2012

Questão de ética e moral

O mais recente pitoresco fato da política brasileira ocorreu com a renúncia da candidata à vice-prefeita, na chapa do petista ao cargo de prefeito da cidade de São Paulo, sob a alegação de que ela teria seguido a indignação do povo diante da aliança formalizada entre PT e PP. Na sua versão, ela disse que sabia das conversas entre os citados partidos, mas foi surpreendida com a presença do ex-presidente da República na feijoada que selou o acordo, ressaltando que "Aquele gesto foi ruim. O preço foi alto por uma coisa muito pequena. A mídia é importante, mas não determina o processo eleitoral se não vier somado a outras condições", que o ex-mandatário teria passado dos limites ao tirar foto com o deputado paulista do PP, seu adversário político, e que a aliança poderia ter sido efetivada de forma institucional e não expressa na figura do deputado. Esse episódio mostra com clarividência a pobreza intelectual da política moderna, em que os protagonistas não têm qualquer respeito às regras de conduta ética e moral, a exemplo do caso da aludida candidata renunciante, que foi expulsa do PT e agora teve a falta de caráter de aceitar se aliar a esse partido - que antes o qualificou de corruptos e de quadrilhas -, ainda mais para compor a chapa à Prefeitura de São Paulo. A sua atitude de renunciar foi um ato absolutamente incoerente, tendo criado clima de perplexidade na opinião das pessoas, porque a sua aceitação à convivência com políticos sem ética, sem caráter, sem escrúpulos, sem comprometimento senão com seus interesses político-partidários e com o fisiologismo explícito não condizia com a sua aparente conduta de caráter e de reputação moral que sempre demonstrou na vida pública. O fato em si, analisado isoladamente, passa a ser histórico, em especial porque alguém teve a coragem de peitar o “todo poderoso”, embora continue convivendo com os sujos da aliança que discordou, inclusive prometendo apoio e fazer campanha para o candidato. Se isso não for incoerência, não se sabe mais o que seja autenticidade moral e ética das pessoas. Não se pode dizer que a renunciante demonstrou possuir princípios de caráter e personalidade, porquanto alegou não querer continuar na chapa porque houve a exposição pública de uma foto selando a aliança, dando a entender que se o acordo fosse às escondidas não teria problema algum, porque a reputação da sujeira estaria protegida e não atingiria a sua ilibada reputação. Ninguém jamais saberá o que se passa na cabeça de político, a ponto de uma simples foto suscitar repulsa, quando se sabe que os podridões, os arranjos sebosos, sempre acontecem nos bastidores, onde vale fazer aliança com o demo, em busca de apoio político, de manutenção no poder e de conquistas que satisfaçam seus projetos escusos e contrários aos interesses públicos. A sociedade anseia pela urgente pureza dessa safra de políticos inescrupulosos, fisiologistas, hipócritas, dissimulados, sem princípio ético e moral e sem compromissos com as causas da nacionalidade e do bem comum. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de junho de 2012

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