No meu caso em especial, é sempre motivo de muita
alegria e incontido contentamento visitar a região nordestina, principalmente a
cidade de Uiraúna, minha terra natal e onde tive o prazer e a oportunidade de
tomar as primeiras lições e assimilar bons ensinamentos, tão importantes na
minha vida. Evidentemente que, à época, as condições de vida não eram as
melhores nem as mais apropriadas para quem pretendia alçar posições ambiciosas,
à vista do ambiente de tremendas dificuldades e adversidades, que se
apresentavam quase sem solução, diante da real escassez de alternativas somente
possibilitadas mercê do altruísmo e da persistência de quem vislumbrava a única
chance de conquistar um lugar ao sol, vindo para a capital federal. Na verdade,
essa provação, embora somente perceptível mais tarde, foi sumamente importante
como aprendizagem e principal fundamento para forjar a minha personalidade,
contribuindo com têmpera na perseverança por objetivos positivos. Por tudo isso,
voltar à terrinha suscita expectativas e causa natural excitação, não sobre a
necessidade de constatar possível progresso do lugar, porque isso faz parte de
um processo mais do que normal, ante o tempo transcorrido desde a minha
primeira despedida daquela cidade, nos idos de 1966, mas para passear nos lugares
que marcaram, de forma indelével, a minha infância, de muito sacrifício e de
infindáveis lutas por melhores condições de vida. Diante desse quadro, somente
um idealista corajoso poderia ser contemplado com a vitória, depois de superar grandiosos
obstáculos. Nessa visita ao Nordeste, foi impossível se evitar a constatação da
deplorável crise por que passam os conterrâneos, com a perenidade da estiagem,
causando falta de água e escassez de alimentos, que tiveram expressivo aumento
de preço. Essa situação é bastante preocupante, tanto para as pessoas como para
os animais, principalmente porque a assistência governamental caminha a passos
de tartaruga, ficando emperrada ante a costumeira burocracia oficial, que não
tem a sensibilidade de entender as agruras do sofrido sertanejo, sempre obrigado
a suportar, sem ter a quem reclamar, a incompetência dos governos estadual e
federal, totalmente descompromissados com as verdadeiras condições de vida do
homem do interior. No momento, com a agradável companhia de Aldenir, Aurenir e
Amariz, fiquei por demais feliz e alegre ao visitar meus familiares mais
próximos e ainda de ter ido aos Sítios Santa Umbelina e Canadá, sendo que neste
lugar foi onde nasci e vivi uma infância inesquecível. Chegando ali, fiquei extasiado
com a sempre maravilhosa visão do saudoso casarão, diante da sua suntuosidade, que
foi erigido num alto privilegiado, permitindo se vislumbrar encantadoras
paisagens, como o açude de águas puras e suficientes para saciar a sede de
muitas pessoas e o sítio de plantações frutíferas, que fica no lado oposto ao
balde e é irrigado com a água do açude. No geral, a visita transcorreu às mil
maravilhas, conforme as expectativas e serviu para resgatar um pouco de um
passado distante, mas que se encontra sempre presente no meu coração
eternamente canadense.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de junho de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário